Naval Group propõe ao Governo investir “dezenas de milhões” no Arsenal do Alfeite
A proposta apresentada ao Governo passa pela criação conjunta de uma empresa entre o Naval Group e o Arsenal do Alfeite. O grupo francês está na corrida ao fornecimento das futuras fragatas à Marinha.
O Naval Group apresentou ao Governo uma proposta para investir na modernização do Arsenal do Alfeite e na criação de um hub de indústria naval para prestar apoio à Marinha Portuguesa. O investimento, “estimado em dezenas de milhões de euros”, passa pela criação de uma nova empresa detida pelo grupo francês e o Arsenal do Alfeite. Um dos grupos de estaleiros na corrida ao fornecimento das novas fragatas à Marinha, o Naval Group compromete-se ainda a que 20% do valor das fragatas tenha retorno local para a economia portuguesa.
O construtor de navios e submarinos militares — detido maioritariamente pelo Estado francês e em mais de 30% pela Thales — apresentou uma proposta às autoridades portuguesas para “investir os valores necessários, estimados em dezenas de milhões de euros, para modernizar o Arsenal do Alfeite e criar um hub de indústria naval, reforçando as capacidades de indústria naval de Portugal e apoiar a longo prazo a Marinha Portuguesa”, anunciou em comunicado.
“No centro desta proposta está a criação de uma nova empresa, detida em conjunto pelo Naval Group e o Arsenal do Alfeite. Esta nova empresa irá gerir e executar todos os futuros contratos de manutenção para a Marinha Portuguesa“, informa o grupo. Mas não só. “A nova empresa estará posicionada para apoiar as atividades e clientes internacionais do Naval Group, reforçando o modelo de negócio a longo prazo do estaleiro“.
“A nova empresa irá garantir e desenvolver os empregos no Arsenal do Alfeite e muitas outras empresas portuguesas no setor de manutenção”, refere ainda. “A experiência internacional do Naval Group em programas de transferência de tecnologia — incluindo o desenvolvimento de instalações submarinas no Brasil — permitirá que a nova empresa eleve o Arsenal do Alfeite aos padrões exigidos com custos otimizados”, aponta.
O investimento proposto incide na “modernização da infraestrutura, equipamento e capacidades industriais do Arsenal do Alfeite”.
Em termos mais globais, o grupo compromete-se ainda a que “20% do valor das fragatas será reinvestido localmente na economia portuguesa”.
Corrida às fragatas
A renovação das fragatas é um dos temas que Nuno Melo já sinalizou estar na lista do Ministério da Defesa. “Estamos ativamente neste momento a pensar na aquisição de novas fragatas, modernas”, disse o ministro no início de novembro aquando da sua audição conjunta da Comissão de Defesa e da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública do Orçamento de Estado de 2026, no Parlamento.
Tendo adiantado igualmente que estavam a ser procuradas soluções para o Arsenal do Alfeite. “Queremos que seja capaz e eficaz para que seja capaz de cumprir com o que lhe é solicitado, queremos assegurar que os postos de trabalho são salvaguardados, gostávamos que face ao futuro novas capacidades do ponto de vista humano e técnico pudessem ser, e serão, no Arsenal do Alfeite”, disse.
“Um dos primeiros problemas que recebi quando tomei posse foi uma dívida muito significativa do Arsenal, o primeiro reforço de verba que tive de solicitar ao Ministro das Finanças foi para pagar aquilo que faltava no Arsenal do Alfeite. É um problema sério, mas é um problema que vai ter respostas. Nós queremos salvar o Arsenal. Não posso detalhar agora, mas muito brevemente assim que será possível”, prometeu o Governante.
Portugal, recorde-se, tem até ao final de novembro para apresentar a sua lista de investimentos/compras para aceder à sua fatia de cerca de 6 mil milhões de euros do programa europeu SAFE. E, como reforçou recentemente o ministro da Defesa, Nuno Melo, o retorno das compras de equipamento militar para a economia nacional, ou seja, as contrapartidas, será “fator decisivo” na escolha.
É nesse contexto que surge agora este anúncio do Naval Group, na mesma semana em que os italianos dos estaleiros Fincantieri trazem a Lisboa a fragata “Emilio Biachi”, no âmbito de Industry Day, com empresas portuguesas, para sensibilizar o Ministério da Defesa para as potencialidades suas fragatas, noticiou o Expresso e confirmou o ECO/eRadar junto de fontes ligadas ao processo.
A iniciativa dos italianos segue-se ao Industry Day já realizado em outubro pelo Naval Group em Lisboa — mais tarde trouxe também uma das suas fragatas a Lisboa — para explorar potenciais parcerias com a indústria portuguesa. Nesse encontro, o grupo contactou com 45 empresas em Portugal para possível integração na sua cadeia de fornecimento na Europa. “Um mês depois o Naval Group já está a cooperar com 17 dessas empresas”, diz o grupo, sem mais detalhes.
Recentemente, o grupo naval também anunciou um memorando de entendimento (MoU) com o LASIGE, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa para “explorar futuras colaborações na área da Investigação & Desenvolvimento nos domínios naval e da defesa”.
Em Portugal, desde 2019, o Naval Group tem vindo a desenvolver parcerias com 16 empresas locais do setor, em 15 projetos europeus de defesa.
É o caso do E-NACSOS — um programa financiado pelo European Defence Fund (EDF), com um total de 100 milhões e cerca de 65 milhões de fundos europeus —, ou do NEREUS (2024-2028) que visa estabelecer um sistema inteligente para as futuras plataformas navais europeias.
Com um orçamento de 64,5 milhões e financiamento europeu de 45 milhões do EDF, o projeto NEREUS, coordenado pela espanhola Navantia, tem o Naval Group como parceiro e conta com a participação das portuguesas Tekever e da Blue Insight Technologies.
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