Gaia tem de pagar dívida de 122 milhões até ao final de dezembro. Autarca acusa socialistas de gestão “catastrófica”

O Executivo de Luís Filipe Menezes parte para a construção do orçamento para 2026 com um défice de 6 milhões que garante ter herdado da anterior gestão do socialista Eduardo Vítor Rodrigues.

 

O candidato do Partido Social Democrata (PSD) à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, faz o discurso de vitória com apoiantes na sede de campanha na noite eleitoral das eleições Autárquicas 2025, em Vila Nova de Gaia, 13 de outubro de 2025. Mais de 9,3 milhões de eleitores podem votar nas eleições autárquicas em Portugal, a 12 de outubro de 2025. RUI MANUEL FARINHA/LUSARUI MANUEL FARINHA/LUSA

A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia tem de pagar ou renegociar até 31 de dezembro uma dívida de 122 milhões de euros que “herdou” do anterior Executivo socialista. A denúncia foi feita esta quinta-feira por Fernando Machado, vereador com o pelouro da gestão financeira e património, durante uma conferência de imprensa para por preto no branco “as contas ruinosas, catastróficas” da anterior gestão. E que resultam na herança de um saldo negativo de seis milhões de euros para o orçamento para 2026 que o município ainda está a desenhar.

“A dívida de compromissos que temos de pagar ou renegociar até 31 de dezembro é de 122 milhões de euros” que se reportam, acusou Fernando Machado, “a obras, subsídios, transferências; um manancial de promessas e compromissos do Executivo anterior que não tinha recursos para cumprir”. O vereador da equipa de Luís Filipe Menezes – eleito nas últimas autárquicas pela coligação PSD-CDS-IL – compromete-se, contudo, a assumir todas responsabilidades com os fornecedores e sem qualquer tipo de atraso nos pagamentos.

Contas feitas, detalhou o vereador, além dos 122 milhões de euros de dívidas – o anterior executivo apontava para 30 milhões – acrescem 125 milhões de empréstimos contratados em pagamento/utilização – superiores aos 84 milhões divulgados pelos socialistas.

Um passivo de dívida à banca que o presidente Luís Filipe Menezes considera, num post publicado no Facebook, “uma vergonha face a terem gerido milhões sem nada fazer”, e que classifica como “uma barbaridade para tão pouca obra feita“. O social-democrata não tem dúvidas de que a “Câmara de Gaia foi governada por uma verdadeira estrutura do mal”.

A reação de Menezes nas redes sociais com a divulgação de “números catastróficos” na gestão do seu antecessor socialista Eduardo Vítor Rodrigues, surgiu após as críticas do PS ao aumento do IRS, que foi aprovado na reunião do Executivo na segunda-feira, e horas antes da conferência de imprensa convocada para esta quinta-feira.

A realidade, sufragada pela direção financeira de profissionais da Câmara é toda uma outra e é um cenário de horror.

Luís Filipe Menezes,

Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia

Os vereadores socialistas entendem que o aumento do IRS não se justifica, acenando com uma “herança de boas contas” deixada pela gestão de Eduardo Vítor Rodrigues. Referiram ainda que a coligação PSD/CDS-PP/IL está “sem desculpas” para falhar promessas eleitorais. Ora, o Menezes não esteve com meias medidas e antecipou-se ao encontro com os jornalistas, na publicação nas redes sociais, com uma extensa lista de acusações à gestão socialista.

Contas escrutinadas, apontou esta quinta-feira o vereador de equipa de Menezes, há mais 27 milhões de créditos em curso contra os 77 milhões anunciados pelos socialistas, e 2,5 milhões de euros de dívidas da câmara em execução fiscal contra os 8,4 milhões divulgados.

No cômputo geral, lamentou Fernando Machado, “as contas das câmaras são ruinosas, muito difíceis de resolver. E a construção do orçamento para 2026 que já começa mal, porque Executivo anterior deixou o peso de já terem assumido 334 milhões de euros de compromissos para o próximo ano”.

“Tendo em conta a receita estimada de 328 milhões de euros, logo estamos a começar a construir um orçamento com um défice orçamental [com menos 6 milhões de euros]” no qual “a prioridade vai ser cortar” em vez de apostar em novas ideias e projetos.

A equipa de Luís Filipe Menezes pretendeu, assim, “repor a verdade” face ao conjunto dementiras, omissões e erros graves ao nível da gestão” do anterior Executivo socialista – partido que liderou a autarquia durante 12 anos –, como classificou o vereador com a pasta das Finanças.

“A realidade, sufragada pela direção financeira de profissionais da Câmara é toda uma outra e é um cenário de horror”, vincou, por sua vez, Luís Filipe Menezes, no mesmo post publicado na véspera na sua página de Facebook.

Posto isto e depois de 12 anos de gestão socialista, Fernando Machado assegurou que o município quer “iniciar um novo ciclo no exercício de prestação de contas aos gaienses que seja pautado pelo rigor, transparência e verdade naquilo são as contas públicas”.

A construção do orçamento para 2026 que já começa mal, porque Executivo anterior deixou o peso de já terem assumido 334 milhões de euros de compromissos para o próximo ano.<br />

Fernando Machado

Vereador da área das Finanças da Câmara Municipal de Gaia

Interpelado pelos jornalistas se os munícipes vão pagar mais impostos devido a esta situação financeira, o vereador garantiu que não: “Não vamos penalizar os gaienses pelos erros do passado“. Muito pelo contrário, notou. “Decidimos foi reduzir a derrama, ainda que pouco, por causa de todos estes constrangimentos que foram aqui apresentados, por esta grave crise que herdamos; fomos até ao limite das nossas possibilidades.”

Na reunião de câmara da última segunda-feira, o Executivo reduziu, sim, a derrama de 1% para 0,9%, mas para empresas com volume inferior aos mesmos 150 mil euros. Já as empresas com um volume de negócios superior a 150 mil euros vão ter um aumento de 1,25% para 1,35%.

Já os vereadores do PS na Câmara de Gaia asseguram ainda que “o município terminou o exercício de 2024 sem qualquer pagamento em atraso, mantendo esse registo durante os nove meses de 2025”.

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