OCC quer alteração legislativa para criar o Contabilista 3.0

A Ordem quer que seja criada uma central de dados para facilitar a troca de informações entre empresas e contabilistas. Para isso, vai apresentar uma proposta de alteração legislativa no próximo ano.

Os primeiros passos para lançar o chamado Contabilista 3.0 vão ser dados no próximo ano. O objetivo da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC) é apresentar uma proposta de alteração legislativa ao Executivo para criar e implementar uma central de dados que facilite a troca de informações entre empresas e contabilistas certificados e ajude a libertar os profissionais de tarefas rotineiras.

“O Contabilista 3.0 deve libertar-se de tudo o que é redutor na sua relação com a empresa e entidades públicas e focar-se naquilo que é verdadeiramente importante. Para tal, pretendemos desenvolver e implementar um processo centralizador de documentos, zero papel, assente numa entidade que centralize todos os documentos das empresas e uma central de consentimento em que os documentos sejam disponibilizados aos contabilistas certificados responsáveis pelas empresas”, refere a OCC no plano de atividades para 2026 agora divulgado, um projeto que já tinha sido avançado pelo EContas.

"Por forma a concretizar a figura do Contabilista 3.0, [a OCC vai] apresentar e trabalhar numa proposta de alteração legislativa com base à criação e implementação da central de dados e consentimento.”

Ordem dos Contabilistas Certificados

Plano de Atividades e Orçamento 2026

Neste mesmo documento, a Ordem explica que, “por forma a concretizar a figura do Contabilista 3.0, [vai] apresentar e trabalhar numa proposta de alteração legislativa com base à criação e implementação da central de dados e consentimento”. Alcançar o objetivo da centralização de documentos “permitirá ao contabilista certificado aceder e tratar a informação de forma automática, ficando 100% disponível para a sua inteligência prática”, o que consiste “na aplicação de conhecimento técnico, visão estratégica, capacidade de execução e com o apoio da inteligência artificial para orientar, proteger e potenciar a empresa“, acrescenta.

A OCC detalha o projeto “Contabilista 3.0” no plano de atividades para o próximo ano.

O objetivo é, como já tinha explicado Paula Franco, levar “as empresas para outro patamar”, mas também eliminar qualquer tensão que possa existir entre empresários e os contabilistas certificados que têm, com frequência, que pedir documentos em falta.

“Há uma tarefa que o contabilista faz diariamente e que não traz valor acrescentado a ninguém, que é andar atrás dos documentos. Por vezes, anda atrás dos empresários a pedir faturas de um ou dois euros. Isto é redutor para todos”, afirmou a bastonária no Podcast do ECO “E se corre bem?”, notando que são, ainda assim, dados que têm de ser tratados.

Paula Franco, bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), em entrevista ao podcast do ECO “E se corre bem?”Hugo Amaral/ECO

“Este andar atrás do empresário cria uma fricção enorme. O contabilista precisa dos documentos para os tratar, mas gastamos muitos recursos, energia e tempo com isto. Causa desgaste na relação e não traz o valor acrescentado”, referiu Paula Franco, frisando que “20% a 30% do tempo do contabilista é passado atrás de documentos”.

Para a representante dos contabilistas certificados em Portugal, é preciso usar a tecnologia a favor destes profissionais e do tecido empresarial. E será com recurso à inteligência artificial (IA) que será possível dar este passo. Uma iniciativa que “contará com a reforma do Estado, porque vai ser fundamental”, afirmou ainda a bastonária da OCC.

Este projeto deverá ser diferente daquele que foi anunciado pelo Governo, em setembro, relativamente à criação de uma “carteira digital” do empresário, que concentrará todos os documentos, bem como um portal eletrónico para gerir os licenciamentos, que irá funcionar como agregador utilizando IA. O ministro Adjunto e da Reforma do Estado, Gonçalo Saraiva Matias, afirmou que esta carteira terá uma versão de teste a funcionar em janeiro de 2026.

Na Europa, isto pode vir a ser uma realidade. A União Europeia apresentou uma proposta para se criar uma carteira do empresário digital unificada a nível europeu, que permita comunicar com outras empresas ou serviços públicos de outros Estados-membros, assim como criar e trocar documentos verificados com segurança.

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