Exclusivo Depois de trabalhar com Marinha, a AdytaPhone aponta mira à Arábia Saudita

Posicionando-se como uma "plataforma de comunicações seguras", a Adyta quer levar a sua solução de uso dual a mercados como Angola, Argentina e Arábia Saudita. 2026 é o ano da internacionalização.

Carlos Carvalho, CEO da Adyta.

Depois de trabalhar com as Forças Armadas portuguesas para garantir comunicações mais seguras, a AdytaPhone tem como “principal foco” no próximo ano a sua internacionalização. Angola, Argentina e Arábia Saudita estão na mira.

“A internacionalização será o principal foco da Adyta no próximo ano, pois estamos conscientes de que o crescimento sustentável exige escala, e a escala só se conquista com presença internacional estruturada, parcerias fortes e capacidade de adaptação a diferentes geografias”, adianta Carlos Carvalho, CEO da Adyta, ao ECO/eRadar.

“Na recente visita do Ministro da Economia e Coesão, Castro Almeida, a Riade, na Arábia Saudita, foi apresentado o memorando de entendimento que assinámos com um parceiro local, enquadrando o início da nossa atividade nesse mercado. Prevemos que o primeiro trimestre de 2026 possa trazer já as primeiras concretizações comerciais.

Carlos Carvalho

CEO da Adyta

A operar sobretudo em Portugal, a empresa “já tem em curso várias parcerias internacionais”. “Em Angola temos já a AdytaPhone em utilização numa entidade do setor financeiro e noutra do setor público e governamental, e na Argentina iniciámos distribuição da AdytaPhone em organizações do setor da saúde, num interesse que surgiu pela necessidade do setor proteger dados de saúde de pacientes na comunicação entre médicos”, adianta o CEO. “Esta é uma relação que tem em vista outros mercados da América Latina”, acrescenta.

E já estão apostados em abrir no Médio Oriente. “Na recente visita do Ministro da Economia e Coesão, Castro Almeida, a Riade, na Arábia Saudita, foi apresentado o memorando de entendimento que assinámos com um parceiro local, enquadrando o início da nossa atividade nesse mercado. Prevemos que o primeiro trimestre de 2026 possa trazer já as primeiras concretizações comerciais”, revela.

Tecnologia de uso dual

Posicionando-se como uma “plataforma de comunicações seguras (voz, mensagens, ficheiros) concebida para organizações que não podem depender de aplicações gratuitas e opacas”, a AdytaPhone distingue-se por “entregar soberania e controlo total pelo cliente, uma arquitetura europeia auditável e que está em evolução para estar preparada para cenários de pós-quantum; marco que atingirá em 2026”.

Trabalhamos com as Forças Armadas Portuguesas, incluindo a Marinha, bem como com entidades governamentais, empresas de setores estratégicos e escritórios de advogados.

Carlos Carvalho

CEO da Adyta

A aplicação — que funciona na lógica do WhatsApp, mas sem guardar na plataforma as trocas de comunicações dos utilizadores — neste momento, já é “utilizada em ambientes militares, governamentais e corporativos”, sendo uma tecnologia de uso dual, “combinando exigência militar com aplicabilidade direta ao setor civil”.

Trabalhar com o setor militar não é de agora. “Trabalhamos com as Forças Armadas Portuguesas, incluindo a Marinha, bem como com entidades governamentais, empresas de setores estratégicos e escritórios de advogados”, precisa Carlos Carvalho.

Consórcios europeus

Neste setor, já em 2023 a empresa participou no consórcio SWAT-SHOAL — um projeto financiado a 25 milhões pelo Fundo Europeu de Defesa — para o “desenvolvimento de um sistema cooperativo de veículos subaquáticos, um verdadeiro ‘enxame’ de drones que opera de forma coordenada para missões navais complexas, desde vigilância a guerra de minas”, descreve. No consórcio era “responsável por assegurar as comunicações seguras e a gestão criptográfica entre estas plataformas”.

“Este trabalho permitiu-nos desenvolver e validar tecnologia de segurança para ambientes subaquáticos, altamente desafiantes, reforçando a nossa capacidade de atuar em sistemas críticos de nova geração”, diz o CEO. “O projeto demonstrou que Portugal, e a Adyta, têm competências para contribuir para tecnologia estratégica europeia, com aplicações tanto na Defesa como em setores civis que dependem de operações marítimas seguras”, realça.

Mas este não foi o único projeto europeu no qual participaram financiado pelo Fundo Europeu de Defesa. Além do SWAT-SHOAL, a empresa esteve envolvida no projeto DISCRETION — “já em fase final, e que trata de comunicações discretas, resilientes e seguras para missões militares” — e no “PTQCI – Portuguese Quantum Communication Infrastructure, focado na criação da infraestrutura que permitirá a Portugal integrar a rede europeia de comunicações quânticas”, refere.

“Estes projetos envolvem financiamentos globais significativos e reforçam a posição da Adyta como uma das empresas portuguesas mais ativas no desenvolvimento de tecnologia crítica europeia. Este envolvimento também demonstra que Portugal tem capacidade para participar na construção das tecnologias críticas europeias do futuro”, destaca.

Temos sentido um aumento da procura, não apenas por requisitos formais, mas por uma consciência crescente de que não se pode proteger o que não se controla. O mercado começa, finalmente, a reconhecer que plataformas não soberanas representam riscos reais para Estados e empresas.

Carlos Carvalho

CEO da Adyta

Apesar de considerar que, a distinção entre uso civil e militar é hoje “menos relevante” — “o que está em causa é a proteção da informação, seja num ministério, numa sala de operações militares ou numa multinacional que gere processos estratégicos” —, Carlos Carvalho admite que tem sentido maior procura pela aplicação num momento em que os orçamentos no setor da Defesa têm vindo a ser reforçados.

“A Europa está a viver um momento de reafirmação da sua autonomia estratégica e os orçamentos de Defesa refletem essa necessidade de reforçar capacidades próprias, nomeadamente, também, na área das comunicações seguras”, comenta. “Temos sentido um aumento da procura, não apenas por requisitos formais, mas por uma consciência crescente de que não se pode proteger o que não se controla. O mercado começa, finalmente, a reconhecer que plataformas não soberanas representam riscos reais para Estados e empresas. A Adyta posiciona-se exatamente na resposta a esse risco, pois providencia um produto que reforça a soberania a quem o utiliza”, reforça.

Duplicar faturação em 2026

“Estamos numa trajetória de crescimento consistente, impulsionada pela entrada em mercado da aplicação AdytaPhone e também pelo crescimento na prestação de serviços de cibersegurança especializados. A nossa participação em projetos europeus de grande dimensão tem permitido, também, robustecer os nossos números”, garante Carlos Carvalho quando questionado sobre o volume de negócios.

“2025 é um ano de transição para a Adyta, pois acaba por ser aquele em que a AdytaPhone inicia a sua presença de forma mais estruturada no mercado, ao mesmo tempo que os serviços de cibersegurança mantêm uma boa performance; 2026 será um ano de expansão internacional, a par de um expectável crescimento no mercado nacional”, diz ainda sobre expectativas de crescimento.

As duas áreas de negócio da empresa, a AdytaPhone e os serviços de cibersegurança, “deverão registar um significativo crescimento, fruto também da definição de uma estratégia comercial mais ativa e estruturada que, até aqui, ainda nos faltava”.

“Em concreto, prevemos, no mínimo duplicar o nosso nível de faturação em 2026 e, posteriormente, crescer na ordem dos 75% ao ano”, diz sem revelar valores exatos.

Além de continuarmos a recrutar perfis técnicos especializados, estamos também a reforçar a equipa com funções de vendas, marketing, gestão de parceiros e desenvolvimento de negócio, essenciais para acompanhar a procura, apoiar a internacionalização e acelerar a adoção das nossas soluções e serviços.

Carlos Carvalho

CEO da Adyta

Com o mercado externo a ganhar peso nos resultados. “Prevemos que essa proporção cresça expressivamente nos próximos anos, acompanhando a internacionalização da AdytaPhone e o reforço da nossa presença em projetos europeus e contratos institucionais fora de Portugal”, aponta.

Um crescimento que deverá passar também pela equipa, reforçando o perfil técnico com talento para a área comercial, marketing e business development. “Para crescer e ganhar escala, em Portugal e internacionalmente, precisamos de maior capacidade de presença no mercado, relacionamento com clientes, comunicação estratégica e gestão de funil comercial. Por isso, além de continuarmos a recrutar perfis técnicos especializados, estamos também a reforçar a equipa com funções de vendas, marketing, gestão de parceiros e desenvolvimento de negócio, essenciais para acompanhar a procura, apoiar a internacionalização e acelerar a adoção das nossas soluções e serviços”, diz sem adiantar um objetivo de trabalhadores a recrutar.

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