Douro antecipa campanha com menos vinho do Porto, mas qualidade “excecional”
Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto antecipa campanha com menos vinho do Porto e "aquém" da de 2021. Mas acredita que a qualidade vai ser “excecional”.
O presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), Gilberto Igrejas, antecipou, esta terça-feira, um decréscimo na produção de vinho do Porto, mas está convencido de que a qualidade “será excecional”. Imprevisibilidade é, segundo disse à Lusa, o que está a caracterizar a campanha de 2022, marcada pelas consequências da seca que ainda não é possível quantificar, mas que poderão traduzir-se num montante superior aos “valores iniciais estimados de cerca de 25% a 30%” de quebra na produção.
“Seguramente que aquilo que vamos ter não vai atingir a produção do ano passado. Iremos ficar aquém”, frisou Gilberto Igrejas. Há, contudo, sustentou, “uma limitação na produção que é proveniente da seca. E a Região Demarcada do Douro vai sentir esse decréscimo ao nível da quantidade de quilogramas de uvas e de pipas de vinhos do Douro e do Porto que vão ser produzidas”.
Já em termos de qualidade dos vinhos, o presidente do IVDP garantiu que não há “qualquer informação de que possa ser prejudicada, bem antes pelo contrário”. Mais, argumentou o responsável: “Estamos convencidos de que, no caso do vinho do Porto, a qualidade será excecional, pois foi um ano agrícola ausente de doenças e isso de alguma forma, vai valorizar seguramente o produto”.
As vindimas arrancaram há cerca de uma semana na região demarcada e nesta altura encontram-se já a laborar diariamente “mais de 110 centros de vinificação” para onde há foram encaminhados 12 milhões de quilogramas de uvas colhidas, o equivalente a cerca de 17 mil pipas de vinho. Na anterior campanha de 2021, o saldo final foi de 230 mil pipas, segundo o responsável.
“No final de mês de setembro e meados de outubro, aí sim, poderemos ter com realidade o valor correto da produção agrícola deste ano”, indicou.
Gilberto Igrejas destacou que também as expectativas nas vendas de “um cenário positivo na comercialização dos vinhos do Douro e do Porto para o ano de 2022”, depois de, no ano passado, as exportações terem ficado “muito acima do que era expectável”.
A Região Demarcada do Douro é responsável por “70% das exportações de vinhos com Denominação de origem Protegida (DOP)” portugueses e a procura do mercado nacional permitiu ultrapassar este ano o abrandamento nas exportações motivado pela conjuntura internacional.”
“O abrandamento que nós tivemos nas exportações, fruto da invasão da Ucrânia pela Rússia, levou a que a parte do nacional conseguisse ter superado a parte do internacional do ano 2021 e, com isso, temos até um ligeiro acréscimo da comercialização dos vinhos do Douro e do Porto no seu total”, apontou. Segundo explicou, o aumento da procura nacional “ainda não é tanto devido ao consumo por parte dos consumidores portugueses do vinho do Porto, mas é ainda uma boa quota de consumo pelos turistas”.
“Importa, por isso, continuarmos a desenvolver uma política de proximidade e de aproximação com o público mais jovem, por forma a que se sinta motivado a consumir de forma moderada e regrada os vinhos do Porto que desconhece”, afirmou. Além de, acrescentou, “continuar as ações de educação do próprio público português no sentido do consumo do vinho do Porto que ainda é desconhecido ao nível das categorias, dos estilos que se vai tendo em termos de comercialização”.
Este é um dos propósitos das celebrações do Dia do Vinho do Porto, que arrancam no sábado e se prolongam até novembro para “mostrar a evidência daquilo que é a primeira região regulamentada e delimitada do Douro”, criada a 10 de setembro de 1756. Precisamente no sábado são entregues quatro distinções nas áreas da Enologia, Viticultura, Enoturismo e Revelação.
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