Vinho do Porto com quebras de 15%, mas Natal ainda pode salvar vendas
AEVP estima quebra de 15% nas vendas de Vinho do Porto. Apesar do sentimento de incerteza face a uma segunda vaga, o setor ainda têm esperança que as vendas do Natal ajudem a inverter os números.
A pandemia afetou vários setores e o Vinho do Porto não foi exceção. A falta de turistas, os bares fechados, as restrições nos restaurantes e a proibição de comprar bebidas alcoólicas depois das 20h nas grandes superfícies comerciais estão a estrangular o setor. A Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) prevê uma quebra de 15% nas vendas de Vinho do Porto, mas lembra que o mercado nacional é o mais afetado ao sofrer quebras de 40%.
Apesar da quebra global nas vendas de Vinho do Porto, continua a existir uma “expectativa muito grande” em relação ao Natal. “Se tudo se mantiver como hoje, vamos ter quebras de vendas no Vinho do Porto à volta dos 15%. No entanto, temos uma expectativa muito grande neste período que antecede o Natal. É um período forte de vendas de Vinho do Porto”, explica ao ECO a diretora executiva da AEVP, Isabel Marrana.
Apesar do sentimento de esperança, Isabel Marrana refere que existe, por outro lado, “o receio de uma quebra ainda maior no final do ano face a esta segunda vaga de pandemia que está a decorrer sobretudo na Europa”. Face a este cenário de instabilidade, Maria Isabel Marrana adianta ao ECO que é “difícil falar numa previsão” até ao final do ano porque “receamos um agravamento da situação”. Apesar de já se verificar alguns sinais de retoma, existe alguma apreensão.
“Temos esperança que o Natal corra bem, ao mesmo tempo que temos muito receio porque começamos a verificar que em alguns países da Europa começam a aparecer mais medidas de restrição, o que claramente nos prejudica. O confinamento retira a acessibilidade do consumidor ao nosso produto. O encerramento de restaurantes e bares, as medidas de interdição de horário à venda de bebidas alcoólicas são medidas que nos prejudicam”, destaca a diretora executiva da AEVP.
Portugal regista maior quebras de vendas
Os supermercados e hipermercados estão proibidos de vender bebidas alcoólicas depois das 20h. Para a associação esta medida está a estrangular a retoma do setor. Isabel Marrana lembra que as vendas de Vinho do Porto concentram-se sobretudo no canal da grande distribuição. Tendo em conta as restrições no canal Horeca, esta “inibição prejudica claramente o setor vitícola nacional”.
“O vinho devia ter uma limitação diferente das restantes bebidas alcoólicas. É urgente que as famílias tenham acesso à aquisição de vinho uma vez que os outros canais de vinho estão já muito limitados. Não temos outro mercado que apresente quebras de vendas como em Portugal”, lembra a diretora executiva da associação que conta com 15 associados e que representa 93% da comercialização de Vinho do Porto em Portugal.
Isabel Marrana destaca ainda que esta medida “é mais uma restrição ao acesso das famílias a um produto que faz parte da sua dieta natural — o vinho” e apela ao Governo para “repensar esta medida que é inibidora de crescimento”.
Sem turistas, as vendas caíram
Com o boom do turismo, as vendas de Vinho do Porto dispararam ano após ano. As caves de Vinho do Porto em Vila Nova de Gaia tornaram-se num ponto icónico a visitar e o número de turistas estava a bater recordes de ano para ano. Na Invicta, outrora, já se ouviam mais as línguas estrangeiras do que propriamente o sotaque nortenho. As ruas enchiam-se de turistas e o sabor do Vinho do Porto era uma memória que voava com eles. Hoje, a cidade está deserta de turistas e a quebra nas vendas de Vinho do Porto é reflexo disso mesmo.
A diretora executiva da Associação das Empresas de Vinho do Porto refere que “Portugal foi o país onde as quebras caíram mais” e lembra que “as vendas no mercado nacional eram vendas muito suportadas pelo turismo”. “O consumo de vinho do Porto teve em Portugal um crescimento muito grande nos últimos anos, mas esse consumo não foi feito pelos portugueses, mas sim por quem nos visita e compra para levar”, constata a diretora executiva da Associação das Empresas de Vinho do Porto.
De forma a estimular o consumo de Vinho do Porto, a AEVP vai lançar uma campanha nacional pré-Natal a apelar para a necessidade de “consumir aquilo que é nosso”. “O Vinho do Porto está entre os produtos que identificam a nossa nacionalidade. Apelamos para que os portugueses ajudem este setor que é tão antigo, tão tradicional e tão emblemático para a economia portuguesa”, conclui Marrana.
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