Há riscos para a liquidez das empresas europeias no final do ano, avisa o FMI

  • Lusa
  • 21 Outubro 2020

O FMI considera ainda assim que se as medidas de política anunciadas pelos países para apoiar a economia forem totalmente implementadas, isso poderá "reduzir significativamente os riscos de liquidez".

O Fundo Monetário Internacional alertou que poderá haver falta de liquidez nas empresas europeias a partir do final deste ano, de acordo com as Perspetivas Económicas Regionais hoje divulgadas.

“O choque da covid-19 pode resultar em escassez de liquidez e ações no setor empresarial europeu no final de 2020”, pode ler-se no documento hoje divulgado.

No entanto, a instituição aponta que, se as medidas de política anunciadas pelos países para apoiar a economia forem totalmente implementadas, isso poderá “reduzir significativamente os riscos de liquidez“.

“Nas economias avançadas [como Portugal], em particular, as medidas de política anunciadas podem potencialmente reduzir a escassez de liquidez associada à covid-19 em quatro quintos, em média. Nos mercados emergentes, as simulações revelam que a escassez de liquidez permanece significativa”, de acordo com o documento.

O FMI alerta que a pandemia de covid-19 “pode pôr em risco os empregos em empresas insolventes totalizando mais de 8% da força de trabalho” na Europa, e 8% das empresas (quase três milhões) “que eram solventes antes da covid-19 tornar-se-iam insolventes mesmo que todas as medidas de política disponíveis fossem implementadas”.

A instituição sediada em Washington aponta para uma contração de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) de todo o continente europeu em 2020, e defende que há razões para “continuar com as várias políticas que subsidiam o emprego”.

“Estima-se que esses programas tenham chegado a cerca de 54 milhões de empregos, e reduzir a sua escala de forma prematura poderia levar a uma onda de falências e sofrimento social generalizado”, pode ler-se no documento.

O FMI defende que, “com o tempo, o apoio terá de ir passando para as pessoas e para os bens públicos, para fomentar transformações estruturais e a necessária reafetação de recursos para fora de atividades de elevado contacto”.

Como principais riscos, a instituição liderada por Kristalina Georgieva aponta a necessidade de maior distanciamento físico e novas ondas de infeção, mas em termos macroeconómicos teme “contágios vindos de uma fraca procura mundial”, que gerariam “um golpe forte para as economias europeias orientadas para a exportação”.

O FMI refere ainda potenciais vulnerabilidades nos mercados de capitais e ainda o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (conhecido como ‘Brexit’), cujo período de transição termina no final do ano, permanecendo “sem progresso significativo nas negociações” entre as partes para a existência de um acordo comercial.

Pelo contrário, o aparecimento rápido de uma vacina para a covid-19 ou melhoria das terapias poderia “acelerar a reabertura” das economias, mas também o impacto das medidas de política adotadas para fazer face à pandemia pode “tornar-se mais forte que o projetado”.

O FMI conclui ainda que a reabertura da economia efetuada ao longo do ano, depois dos confinamentos no continente europeu, “levou a uma muito necessária recuperação da atividade económica, mas com o custo de uma subida das infeções já em curso no mês de agosto”.

Ainda assim, “o indesejado aumento de casos de covid-19 logo após a fase de reabertura parece menos severo em termos de fatalidades face ao que foi sugerido em anteriores estudos sobre confinamentos”.

As conclusões do FMI sugerem que há “algum mérito em reabrir [a economia] gradualmente e começar num estádio mais tardio no ciclo infeccioso”.

“Certamente que o sucesso geral ao lidar com a pandemia à medida que as economias reabrem vai depender não só dos princípios gerais em termos de tempo e ritmo das medidas, mas também, crucialmente, do comportamento coletivo da população”, segundo o FMI.

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