Prefiro o Dia Internacional da Comunicação da Mulher
Não se deem flores. Dê-se palco. Não se ofereçam perfumes. Ofereça-se justiça e equidade. Não surpreendam as mulheres com almofadas fofinhas, mas com boa informação.
Pode ser da idade, da experiência, uma abordagem mais simpática, mas nos dias que correm o Dia Internacional da Mulher é uma efeméride que me causa um misto de sensações. Fico com urticária quando passam por mim ramos de flores, caixas de chocolates, almofadas fofinhas e outros brindes comemorativos de uma data que, na realidade, só deve ser assinalada, pelos piores motivos. Se fosse pelos melhores seria justo a existência do Dia Internacional do Homem.
O Dia Internacional da Mulher só deve existir enquanto houver países que apagam os direitos das mulheres, como é o caso do Afeganistão, enquanto houver desigualdade salarial – para trabalho igual salário diferente – enquanto 77% dos cargos de liderança mundial estiverem na mão dos homens, sem racionalmente existir algo que o justifique tendo em conta os percursos académicos e profissionais de ambos os géneros ou enquanto houver tantas mulheres vítimas de violência doméstica. Diz-me a alma que os chocolates não são para aqui chamados pois não aliviam todo este sofrimento. Pronto. Desabafo feito.
O Dia Internacional da Mulher devia ser antes o Dia Internacional da Comunicação da Mulher. O dia de comunicar e de presentear as mulheres… com soluções para os seus problemas.
Comunicar as situações vividas pelas mulheres a nível mundial, principalmente em países cujos direitos básicos, como o direito à educação, pura e simplesmente não existem. Não podemos/ devemos conviver com estas situações e assobiar para o lado.
Comunicar conclusões de estudos sobre a situação da mulher na sociedade moderna que constituam bons pontos de partida para a criação de soluções. Estudos que nos apresentam boa informação e, depois, ficam trancados numa gaveta, não nos servem. Comunicar a criação de programas de capacitação de mulheres e campanhas de sensibilização contra a violência doméstica ou campanhas pedagógicas pela partilha de tarefas domésticas. Há tanto a fazer e a comunicar!
No Dia Internacional da Comunicação da Mulher, não se deem flores. Dê-se palco. Não se ofereçam perfumes. Ofereça-se justiça e equidade. Não surpreendam as mulheres com almofadas fofinhas, mas com boa informação. Elas agradecem. E as novas gerações também!
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