É preciso entranhar a diversidade e inclusão

  • Manuela Botelho
  • 26 Abril 2023

O propósito não pode ser apenas decorativo e estético. Deve ser ético, estratégico e estrutural. A diversidade e inclusão devem ser valores tangíveis, observáveis e verdadeiramente vividos.

Estamos em 2023 e parece ainda existirem muitos equívocos sobre o que realmente significa criar um local de trabalho diverso e inclusivo, apesar de muito se falar sobre o assunto. Em muitas situações estes conceitos parecem ainda estar a ser estranhados, mais do que entranhados.

Acredito na existência de empresas que reconhecem os inúmeros benefícios que uma força de trabalho diversa traz à organização, para além de ser a coisa certa a fazer. Mas também tenho percebido que alguns empregadores olham para este tema como uma operação de retórica, superficial e cosmética, enquanto outros acham que diversidade e inclusão significam lançar iniciativas esporádicas de contratação de determinado perfil de pessoas pela sua etnia, idade, género ou outro qualquer fator diferenciador. Sim, a representação é importante, mas é apenas parte de um processo que deve ser contínuo e trabalhado com todos.

Este não pode ser um tema de moda, mas antes ter o propósito de se querer ouvir e implementar pontos de vista alternativos dentro da organização que facilitarão os processos de inovação. E, nesse sentido, deve ser encarado não como um problema da área de Recursos Humanos, mas de todos os colaboradores de uma empresa ou até de um setor de atividade.

O propósito não pode ser apenas decorativo e estético. Deve ser ético, estratégico e estrutural. A diversidade e inclusão devem ser valores tangíveis, observáveis e verdadeiramente vividos dentro das organizações. Precisamos entender, interiorizar e agir com a consciência plena que estamos perante um valor que pode ser um catalisador valioso da inovação e da confiança nas organizações. A diversidade e inclusão facilitam um sentido de pertença e permite estabelecer as bases para melhores tomadas de decisão, com maior envolvimento de todos, com novas ideias e, certamente com um maior impacto na comunidade.

Nas organizações, um ambiente diverso, equitativo e inclusivo é um benefício a vários níveis, nomeadamente na capacidade de reter talento. Essa é uma das conclusões da primeira edição de um estudo realizado, em 2021, em vários países, na indústria do marketing e da publicidade.

Essa análise, promovida pela Federação Mundial de Anunciantes, está agora a ser atualizada, com a segunda edição a ser conduzida em 33 países, Portugal incluído. Será mais uma ferramenta para podermos perceber que evoluções aconteceram nesta matéria.

Para os profissionais de marketing, que devem ser quem mais preparado está para entender e dar resposta aos consumidores, este é um tema fundamental. A diversidade e inclusão deve ser um elemento central das estratégias, se quisermos garantir que a audiência se sente realmente vista, ouvida, valorizada e respeitada pela marca. Mesmo que as pessoas que se pretendem alcançar se encaixem no mesmo grupo demográfico ou enfrentem desafios semelhantes, os princípios, valores e estilos de comunicação individuais podem ser muito diferentes. Se os profissionais de marketing conseguirem mostrar que realmente “entendem” as lutas e objetivos do seu público, é mais provável que a sua mensagem consiga passar.

Vivemos num mundo multicultural e a melhor maneira de nos conectarmos com sucesso com o nosso público é entendendo o mundo de cada pessoa na sua plenitude.

Sabemos que a autenticidade é fundamental para despertar o interesse do público, ganhar a respetiva confiança e, finalmente, garantir lealdade.

  • Manuela Botelho
  • Secretária-geral da APAN - Associação Portuguesa de Anunciantes

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