Media

José Paulo Fafe deixa semanário Tal & Qual, que relançou em 2021

Carla Borges Ferreira,

O até agora administrador do Tal & Qual diz ao +M que provavelmente vai dedicar mais tempo à sua empresa, ZPF Consulting, "que sofreu com este afastamento".

José Paulo Fafe vai deixar o Tal&Qual. O administrador da Parem as Máquinas, Edições e Jornalismo, Lda., que em junho de 2021 relançou o semanário, termina a ligação à empresa no final deste mês. A sua participação na editora vai passar para Jorge Morais e Jorge Peixoto, já acionistas, adiantou o ex-jornalista ao +M.

Jorge Morais, nos últimos dois anos diretor do Tal&Qual, passa a administrador e Bruno Horta, até agora diretor executivo, sobe a diretor.

“Por motivos que se prendem com a minha vida profissional, o próximo número do Tal&Qual vai ser o meu ‘último’ Tal&Qual, de que fui, até agora, acionista e administrador. Nesta hora de despedida, além do meu muito obrigado a todos quantos contribuíram para que este projeto fosse um sucesso, aqui fica o meu…ADEUS VAIDOSO”, lê-se numa mensagem partilhada por José Paulo Fafe num grupo de WhatsApp para o qual habitualmente seguia a capa do jornal descontinuado em 2007 e que relançou em 2021.

A partir da próxima quarta-feira, curiosamente no próprio dia em que a segunda série do Tal&Qual inicia o seu terceiro ano de publicação, por motivos que se prendem única e exclusivamente com a minha vida profissional, vejo-me ‘obrigado’ a deixar esta equipa fantástica que, contra ventos e marés, perante a descrença e o recalque de alguns, mas também contando com o entusiasmo e o estímulo de tantos e tantos, soube provar como ainda se pode fazer jornalismo simultaneamente livre, ousado e rigoroso no nosso País“, prossegue na mensagem.

“Foram, acreditem, dois anos maravilhosos – vivos, plenos de êxitos, que muitas vezes superaram as melhores expectativas que possuíamos. Dois anos em que tive o privilégio de fazer parte de uma equipa inigualável que, com o seu trabalho, fez tábua-rasa daquele pessimismo agoirento tão portuguesinho, e que, em contraciclo, com uma pandemia e os ‘salpicos’ de uma guerra pelo meio, soube, com um profissionalismo e rigor únicos, conceber e pôr à disposição dos nossos muitos leitores um jornal que, como eu não me canso de dizer, conta a vida tal e qual ela é”, acrescenta.

Independentes, sem outro financiamento que não seja o obtido nas vendas e na publicidade, este T&Q que conseguimos ressuscitar após 13 anos de ‘morte física’ para o qual foi empurrado, tanto por incompetência como por temor aos poderosos, está vivo e boa saúde. E pronto, estou certo, para continuar a incomodar os poderzinhos que por aí pululam, para fazer-lhes a vida negra, e para não ter medo de contar o que eles não querem de todo que se saiba”, diz também José Paulo Fafe, que termina a mensagem com um agradecimento a Marco Galinha, administrador e acionista da Global Media, que detinha o título.

De acordo com o até esta semana administrador do título, o Tal & Qual vende entre 6 e 7 mil exemplares por semana. “As vendas dependem completamente da capa”, diz ao +M, acrescentando que a uma base de leitores do antigo jornal, o título “conquistou leitores diferentes, com interesse nas histórias de política e economia“.

Apesar de alegar “motivos profissionais” para deixar a editora, José Paulo Fafe diz não estar “com muita pressa” para embarcar em novos desafios profissionais. “Este ciclo chegou ao fim, devemos saber sair na altura certa”, comenta, negando que em causa possa estar outro negócio no setor dos media. “Tinha saído em 1999, demorei 20 anos para regressar”, recorda.

Agora a gozar um período de férias, José Paulo Fafe acrescenta que provavelmente vai dedicar mais tempo à sua empresa, Fernandes Fafe – Consultoria Estratégica, que opera com a marca ZPF Consulting, “que sofreu com este meu afastamento e passagem pelo Tal&Qual“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.