Inovação e qualificação dos trabalhadores dão força à economia do Porto
Despesa em I&D e nível de formação dos quadros destacam a economia do Porto face à média nacional, indica um estudo do Novobanco que analisa também o rendimento, o turismo ou o imobiliário na cidade.
É na inovação e na qualificação dos trabalhadores que a economia do Porto mais se destaca do resto do país. Regista uma tendência crescente e bem mais expressiva nas despesas com investigação e desenvolvimento (I&D) — e com maior peso no ensino superior. A população tem níveis de formação superior “claramente” acima da média nacional, incluindo nas áreas das ciências e da tecnologia, com 704 diplomados por 1.000 habitantes em 2020/2021.
Estes dados constam de um estudo realizado pelo Novobanco que traça um retrato económico da cidade Invicta — cuja câmara é liderada pelo independente Rui Moreira –, e que servirá de ponto de partida para a realização do debate ECO Local/Novobanco no Porto, agendada para as 17h desta sexta-feira.
A analisar a economia portuense e os novos desafios para a região estarão Ricardo Valente, vereador da Economia da Câmara do Porto; Rui Magalhães, CFO do grupo Taylor’s (Fladgate Partnership), Jorge Quintas, do grupo Nelson Quintas; Filipe Barrias, CEO do Grupo Barrias, dono dos cafés Guarany e Magestic; e o administrador do Novobanco, Luís Ribeiro.
De acordo com este estudo, em 2021, a maior despesa em I&D na Invicta foi feita nas instituições de ensino superior (371 milhões de euros), a que se seguiram as empresas e o Estado. A cidade portuense também tem mais investigadores nestas instituições e nas empresas por 1.000 habitantes (32%), o que compara com a média de 5,4% no país.
Na área da inovação e da competitividade, o Porto teve luz verde para 4.474 projetos no âmbito do Portugal 2020, com um financiamento de 963 milhões de euros. Igual montante será injetado através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para 2.441 projetos aprovados, a maioria deles nas áreas dos transportes e da saúde. No topo dos projetos financiados pelo PRR constam a expansão da rede de metro do Porto entre a Casa da Música e Santo Ovídio, em Gaia (299 milhões de euros); e a rede nacional dos cuidados continuados integrados e a rede nacional de cuidados paliativos (ambos com 75,8 milhões de euros).
O volume de negócios das empresas da Invicta ultrapassou os 15 mil milhões de euros em 2021, tendo registado uma significativa subida em relação a 2020, ano em que atingiu 13,2 mil milhões de euros. Representa 3,5% do total do país e são predominantes os setores do comércio e serviços. É o comércio e reparação de veículos que assume maior peso nas vendas, seguido pelos setores da construção e da indústria transformadora.
O maior número de empresas (8.103) a operar na cidade tem atividade no setor jurídico e contabilidade, consultadoria, arquitetura e engenharia. Seguem-se o comércio e reparação de veículos (6.437) e a área da administração e dos serviços de apoio (5.788).
Por outro lado, as exportações de bens registaram na última década um crescimento inferior ao do conjunto do país. Ainda de acordo com esta análise realizada pelo Novobanco, a Invicta apresentou uma balança comercial deficitária, com as importações a serem dominadas por máquinas e aparelhos, material de transporte e combustíveis.
Rendimento, turismo e imobiliário
O concelho de Porto tem um rendimento líquido mediano 37% superior ao resto do país e um poder de compra 54% acima da média nacional, com o ganho médio mensal dos trabalhadores (1.555 euros) a ficar igualmente acima da média nacional (1.290 euros). A taxa de desemprego era em 2021 superior ao registo nacional. Já o rendimento bruto declarado mediano, deduzido do IRS liquidado, ronda os 11.735 euros. Bem superior ao registado na Área Metropolitana do Porto (AMP) e no conjunto do país.
O Porto destaca-se igualmente no turismo, com uma taxa de ocupação e receita por quarto disponível acima da média nacional até à pandemia da Covid-19. Em 2021 atingiu 105,5 milhões de euros de proveitos dos estabelecimentos de alojamento turístico. A liderar as dormidas em estabelecimentos turísticos estão os portugueses (27%), seguidos dos espanhóis (20%), franceses (11%) e alemães (6%).
Outro ponto relevante relativo à economia portuense incide no imobiliário, com os preços a inflacionarem nos últimos anos. Calcula-se um valor mediano das vendas de alojamentos familiares (2.640 euros) muito superior ao valor do conjunto do país (1.500 euros). E em grande parte devido a uma maior procura por parte de não residentes, principalmente vindos de fora da União Europeia.
Já no que toca ao arrendamento, os novos contratos quase duplicaram de 2.941 para 4.796, entre junho de 2019 e junho de 2022, de acordo com o mesmo estudo realizado pela instituição financeira.
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