Novobanco vende dívida de 37 milhões do hotel “Titanic” da Figueira da Foz

Exposição avaliada em 37 milhões ligada ao hotel Eurostars Oasis Plaza, na Figueira da Foz, esteve para ser vendida na carteira Harvey, mas Fundo de Resolução travou negócio. Está novamente à venda.

O Novobanco procura “desencalhar” uma dívida de cerca de 37 milhões de euros que está associada ao hotel Eurostars Oasis Plaza, também conhecido como “Titanic”, na Figueira da Foz, tendo colocado essa exposição à venda, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO junto de várias fontes do mercado.

Não é a primeira vez que o banco liderado por Mark Bourke tenta desfazer-se desta dívida que tem como garantia o hotel figueirense, desenvolvido e detido pelo grupo Oasis Plaza, de capitais angolanos, sendo atualmente explorado pelo grupo hoteleiro espanhol Hotusa, que tem mais de duas dezenas hotéis no país.

Foi um dos créditos incluídos na carteira Harvey, que continha nomes de grandes devedores, como o grupo Lena ou o construtor José Guilherme, mas o negócio, que estava prestes a ser fechado com a venda à Deva e Arrow, não chegou a ser concluído, isto após o Novobanco ter sido travado na última hora pelo Fundo de Resolução, ao abrigo do acordo de capital contingente.

Não tendo conseguido vender o portefólio de single names, o banco está agora com várias operações individuais em andamento no mercado, incluindo a Heliportugal (no valor de 100 milhões) e as Farmácias GAP (no valor de 16,7 milhões).

O banco e o grupo Oasis Plaza não responderam até à publicação deste artigo.

Do lado da Hotusa, fonte oficial adiantou que o “grupo, através da sua divisão hoteleira, tem, por contrato com a sociedade Oasis Plaza, a gestão do hotel com a marca Eurostars” e que “não tem conhecimento ou participação em nenhum outro processo de entidades bancárias ou financeiras”.

Eurostars Oasis Plaza, Figueira da FozEurostars Oasis Plaza

Desencalhar processo de 37 milhões

Inaugurado em 2014, o próprio hotel assume que “parece adotar a forma de um cruzeiro encalhado na praia” devido à forma elíptica. Os locais até o apelidaram de “Titanic” por verem semelhanças com o navio que afundou no meio do oceano em 1902. Para o Novobanco, a ideia é mesmo desencalhar um processo que vem do tempo do BES.

O desenvolvimento do hotel, cuja localização na Avenida do Brasil privilegia a vista para o mar, coube à Oasis Plaza, constituída em 2013 e que tem atualmente Francisco Bandeira, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), como administrador único. De acordo com o portal InformaDB, a Oasis Plaza é detida pela Cyclonecipher, que é, por sua vez, controlada pela angolana Armangola.

O processo de construção do hotel não esteve isento de obstáculos, como relatam os meios locais. Aquando da inauguração, o jornal A Voz da Figueira lembrou que, “além do problema com um dos sócios que se encontra fugido à justiça, o outro promotor tem encontrado dificuldades junto da banca para financiar o restante investimento”. Dificuldades que estavam a ser ultrapassadas, com os bancos comprometidos a que a obra fosse concluída, segundo garantia a câmara municipal ao jornal naquela altura.

O hotel de 4 estrelas tem 160 quartos e dispõe ainda de 15 salas de reuniões com uma capacidade total para 700 pessoas, dois restaurantes, três zonas de bar, entre outro tipo de equipamento turístico e de bem-estar.

Banco reduz exposição ao imobiliário

Neste momento, o Novobanco tem várias operações em curso no sentido de reduzir a sua exposição ao setor imobiliário. No final do ano passado vendeu, juntamente com outros bancos, os fundos de reestruturação ECS, com alguns dos maiores hotéis em Portugal, ao fundo americano Davidson Kempner, num negócio avaliado em 800 milhões de euros.

Agora está a vender um conjunto de terrenos em Lisboa e no Algarve, incluindo o terreno da Artilharia 1 na capital portuguesa, com o Projeto Eleanor a ter um preço de mais de 350 milhões de euros.

Paralelamente, no âmbito do processo de insolvência do Invesfundo II, dezenas de lotes de terreno do Parque Marconi, na Amadora, e avaliados em 80 milhões de euros, foram colocados à venda numa operação que está a ser liderada pela consultora imobiliária JLL.

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