Novobanco paga quase 10% por 500 milhões de dívida arriscada

Taxa suportada pelo banco para emitir obrigações Tier 2 aumentou em relação à anterior operação, mas prémio de risco caiu 150 pontos base, num dos primeiros testes após queda do Credit Suisse.

O Novobanco emitiu 500 milhões de euros em obrigações subordinadas Tier 2 com o prazo a dez anos, destinadas a reforçar o capital, com a taxa de juro a ficar nos 9,875% (nos cinco primeiros anos), num dos primeiros testes ao apetite dos investidores após a queda do Credit Suisse, em março.

De acordo com a informação enviada ao mercado, esta operação irá substituir os notes Tier 2 emitidos em 2018, no montante de 400 milhões. Aquela emissão contou com uma taxa de 8,5% e o banco pode exercer agora a opção de reembolso antecipado. Se não o fizer, haverá lugar a um repricing dos títulos e a taxa irá agravar-se para os 11,4% nos próximos cinco anos, até à maturidade.

O mesmo acontecerá com os novos títulos, que têm maturidade em dezembro de 2023. Pagarão “uma taxa anual de 9,875% nos primeiros cinco anos e mid-swaps a 5 anos acrescido de margem nos anos seguintes”, refere o Novobanco.

Embora a taxa suportada nesta emissão tenha aumentado em relação à operação realizada em 2018, o prémio de risco (spread) caiu quase 150 pontos base, refletindo as melhores perspetivas do mercado para o Novobanco. “É uma evidência da trajetória de sucesso nos últimos anos. Esta transação é positiva em termos de MREL e capital”, indica o banco. Na prática, o agravamento da taxa final deveu-se à taxa midswap do euro — a taxa do mercado — que em 2018 estava nos 0,3% e agora está nos 3,17% — pressionada pelo aumento das taxas diretoras do Banco Central Europeu (BCE).

Segundo o banco, a “transação gerou um forte interesse por parte do mercado, com a procura a superar 3 vezes o montante esperado da emissão”.

A emissão foi colocada junto de investidores institucionais internacionais na sequência do roadshow nos dias 22 e 23 de maio, durante o qual o Novobanco realizou reuniões com mais de meia centena de investidores. A alocação final incluiu investidores do Reino Unido (26%), França (21%), Suécia (10%), EUA (10%), Espanha (5%), Alemanha (5%), com as gestoras de ativos a representar mais de 78%. A liquidação ocorrerá a 1 de junho de 2023.

A transação foi vista como um teste ao mercado europeu destes instrumentos, depois da desconfiança que se gerou na sequência das perdas de 16 mil milhões que foram imputadas aos detentores de obrigações AT1 no resgate ao Credit Suisse, há dois meses.

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