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Ucrânia acusa Unilever de “patrocinar guerra”

Rafael Ascensão,

O protesto surgiu na sequência de evidências que demonstraram que a Unilever - dona de marcas como a Dove, Cif, Lipton ou Axe - pagou 331 milhões de dólares em impostos à Rússia no ano passado.

A Unilever foi acusada de “patrocinar” a guerra da Rússia contra a Ucrânia por ainda estar presente no país e assim contribuir com os sues impostos para o esforço de guerra, refere o The Guardian.

O descontentamento tomou forma como um protesto do The Ukraine Solidarity Project (USP) esta segunda-feira, que ostentou um grande cartaz, a simular um outdoor, na sede da Unilever em Londres, com imagens de soldados ucranianos feridos e em pose com o logo da Dove. “A ajudar a financiar a guerra da Rússia na Ucrânia” lia-se no cartaz.

O protesto surgiu na sequência de evidências que vieram demonstrar que a Unilever – detentora de marcas como a Dove, Hellmann’s, Cif, Lipton ou Axe – pagou 331 milhões de dólares (303,6 milhões de euros) em impostos à Rússia no ano passado.

“Um míssil kalibr custa um milhão de dólares. A matemática é simples”, refere-se num vídeopublicado pela USP no Twitter:

Segundo o jornal The Guardian, pensa-se que uma nova lei na Rússia pode levar ao recrutamento de três mil funcionários da Unilever, entre as quatro fábricas e a sede da marca no país.

A Unilever está a contribuir com centenas de milhões em receitas fiscais para um estado que está a matar civis e a patrocinar um grupo mercenário prestes a ser designado como uma organização terrorista no Reino Unido“, afirmou Valeriia Voshchevska, porta-voz da USP, citada pelo jornal britânico.

“Arrisca-se a que os seus trabalhadores e os seus recursos sejam mobilizados para a máquina de Putin. Algumas das maiores empresas já deixaram a Rússia. É possível – após 16 meses de guerra – que o tempo para desculpas já tenha passado”, acrescentou.

No ano passado, segundo o grupo de investigação Follow The Money, a Unilever na Rússia duplicou os seus lucros para 9,2 mil milhões de rublos (95 milhões de euros) e aumentou em 10% o investimento em publicidade para 21,7 mil milhões de rublos (224 milhões de euros), face a 2021.

A Unilever já havia dito que tinha terminado com todas as importações e exportações dos seus produtos para dentro e fora da Rússia em março do ano passado, e que tinha interrompido o investimento em publicidade e fluxos de capital, refere o The Guardian.

Ainda segundo este jornal, o antigo CEO da Unilever, Alan Jope, disse na altura que a quantidade de produtos que a Unilever vendia na Rússia tinha descido significativamente e que o aparente aumento nas vendas, lucros e gastos com publicidade foi resultado da inflação e das mudanças nas taxas de câmbio.

Nós entendemos porque é que pedem à Unilever para sair da Rússia“, disse a empresa na segunda-feira, citada pelo Guardian, “no entanto, para empresas como a Unilever, que têm uma presença física significativa no país, a saída não acontece de uma vez“.

A companhia acrescentou que caso abandonasse as suas marcas e negócios na Rússia, estes seriam apropriados e operados pelo estado russo, referindo que ainda não encontrou uma forma de vender o negócio de uma forma “que evite que o estado russo obtenha ainda mais benefícios e que proteja o nosso povo”. Neste sentido, continuar a operar o empreendimento com “estritas restrições” era a melhor opção, disse a Unilever, citada pelo jornal britânico.

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