Público reage a desinformação partilhada por Ventura apontando “falta de vergonha”
Questionada pelo +M, fonte oficial do Chega referiu que o partido "não usa a marca" de nenhum OCS e que "tem os seus próprios mecanismos de fiscalização e análise, não a dos editores de jornais".
Depois de a Renascença já o ter feito, agora foi a vez do jornal Público denunciar e repudiar a alegada utilização do seu grafismo por parte de André Ventura e do partido Chega para a partilha de notícias falsas e/ou inexistentes. Apontando “falta de vergonha“, o Público, no entanto, não tenciona recorrer às autoridades.
“Sem vergonha e sem verdade” é o título do editorial do Público, escrito pelo seu diretor, David Pontes, que refere que “para André Ventura, a verdade pode não valer nada, mas para um jornal ela é a essência da sua missão, por isso temos de repudiar a utilização do nosso grafismo para a difusão de mentiras“.
Apontando que a partilha de desinformação sempre foi uma ferramenta utilizada em propaganda – e exemplificando com os exemplos recentes de propagação relacionados com o ex-presidente Trump, com o “Brexit”, com a pandemia ou com as centrais de desinformação russas – David Pontes escreve que “mesmo assim, custa a perceber a falta de vergonha que é preciso para, de uma forma tão clara, o líder de uma força política que é a terceira com maior representação no Parlamento embarcar em claras estratégias de desinformação (…)”.
O diretor do Público, no entanto, adianta que o jornal não vai recorrer às autoridades “para desmontar o logro que está à frente dos olhos de todos”, sendo que, ao invés disso, vai continuar a apostar no jornalismo, em programas de literacia mediática e com rubricas de combate à desinformação.
Em causa está a partilha de notícias difundidas por André Ventura na rede social X (ex-Twitter):
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Questionada pelo +M, fonte oficial do partido disse que “o Chega não usa a marca nem a propriedade intelectual de nenhum órgão de comunicação social, era o que faltava que o Folha Nacional [site de informação oficial do partido] não pudesse ter vários modelos de imagem e divulgação“.
“Obviamente que quando circulam em grupos e no espaço público digital informações que não são verdadeiras, o Chega tem os seus próprios mecanismos de fiscalização e análise, não a dos editores de jornais“, disse a mesma fonte, quando questionada se o Chega se encontra a desenvolver alguma investigação quanto ao assunto e se pretende tomar medidas para que estes casos não se repitam.
Anteriormente, também a Renascença já se tinha dito alvo de uma ação igual, acusando André Ventura de ter usado a imagem de uma notícia que parece ter sido retirada do site da Renascença, mas que não existe. A notícia é sobre a Jornada Mundial da Juventude e tem como título “Milhares de inscritos na JMJ desaparecidos. Imigração ilegal”.
No artigo da Renascença, Pedro Leal, diretor de informação, asseverou que “tudo isto é falso. O grafismo é semelhante, mas mesmo o tipo de letra não é o nosso. A Renascença nunca publicou este conteúdo.
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No entanto, esta foi a notícia aproveitada pelo Chega para, quando questionado pelo +M quanto à partilha de informações falsas, ter questionado “quais são as noticias falsas?“, referindo que “ainda hoje se comprovou que milhares de peregrinos usaram a JMJ para ficar em Portugal e na Europa, como o Chega tinha dito”, aludindo à informação divulgada esta manhã pelo Expresso (acesso condicionado).
As partilhas feitas por parte de André Ventura, apesar das denúncias feitas pelos meios de comunicação visados, não foram retiradas do seu perfil na rede social X.
Esta quarta-feira, segundo a agência Lusa, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) disse que ainda não tinha recebido “qualquer participação” sobre as notícias falsas de que a Renascença e o Público foram alvo por parte de André Ventura.
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