Love is all we need

  • José Bourbon-Ribeiro
  • 14 Setembro 2023

No contexto da gestão, o amor pode ser expresso através de um conjunto infindável de ações como a comunicação transparente, o reconhecimento do trabalho e o empenho no bem-estar dos trabalhadores.

“O amor é uma força que nos move a sair de nós mesmos e a nos conectar com os outros de uma forma profunda e significativa. É uma escolha que fazemos todos os dias, (…). O amor é transformador, tem o poder de mudar as pessoas e o mundo ao seu redor”. Esta apreciação do Pe. Miguel Almeida, responsável dos jesuítas em Portugal, resume a ideia de que o amor não é uma demonstração superficial de afeto ou emoção, mas uma determinação consciente de tratar os outros com bondade e respeito. Esta definição tem por base os ensinamentos de diversos filósofos e teólogos que declararam a importância do amor como base de todo o comportamento ético, e que o mesmo é corporizado através de ações.

No contexto da gestão, o amor pode ser expresso através de um conjunto quase infindável de ações como a comunicação transparente, o reconhecimento justo do trabalho e o empenho no bem-estar dos trabalhadores. Ao demonstrarem amor desta forma, os gestores podem criar um ambiente de trabalho positivo que promove o empenho de todos, motiva os colaboradores e, quase sempre, conduz a melhores resultados empresariais.

O conceito de amor não é habitualmente associado ao mundo dos negócios e da gestão. Mas um número crescente de pesquisas sugere o contrário: cultivar um ambiente de amor no local de trabalho pode levar a melhorias de produtividade, de compromisso e de satisfação geral. O amor, neste contexto, é demonstrado através de uma série de comportamentos positivos que criam um ambiente mais cooperante e humanizado.

Na base desta acostagem à gestão está a ideia de que as pessoas não são apenas engrenagens de uma máquina, mas indivíduos completos com necessidades e desejos emocionais que devem ser satisfeitos para que possam prosperar. A ideia de que os funcionários devem ser tratados com respeito e apreço não é nova – ainda que mereça ser muitas vezes rememorada -, mas o enfoque no amor como princípio orientador das relações laborais vai mais longe.

Um aspeto fundamental da utilização do amor como estratégia de gestão de empresas e equipas é o enfoque na construção de relações e na promoção de um sentido de comunidade entre os trabalhadores. Isto pode ser alcançado através de exercícios de construção, iniciativas de responsabilidade social da empresa e oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoal. Quando existe um sentido de companheirismo e de propósito comum, é mais provável que trabalhem de forma colaborativa e eficaz.

No entanto, o amor como estratégia de gestão vai mais além: envolve um compromisso de tratar todas as pessoas com dignidade e respeito. Isto significa ser transparente e honesto em todas as comunicações, reconhecer e recompensar o trabalho bem feito e a dedicação, e promover uma cultura de confiança e responsabilidade.

Qualquer gestor sabe que trabalhadores felizes e empenhados são mais produtivos e motivados, conduzem a melhores resultados e a patamares de inovação nunca pensados. Além disso, as culturas positivas no local de trabalho têm sido associadas à diminuição do absentismo e das taxas de rotatividade, reduzindo os custos associados à contratação e formação de novos funcionários.

“O amor é a única realidade e não é um mero sentimento. É a verdade suprema que está no coração da criação.” Esta menção de George Bernard Shaw realça o profundo significado do amor nas nossas vidas. Não se trata apenas de uma emoção ou sentimento, mas de uma verdade universal que nos liga a todos. Nas suas diversas formas, tem o poder de nos transformar e elevar, e é este poder transformador que faz dele uma estratégia importante para a gestão de equipas e empresas.

Ao apostar numa cultura de amor no local de trabalho, podemos criar um ambiente mais gratificante e produtivo para todos os envolvidos. Isto significa – principalmente num país com índices de produtividade muito baixos -, que é possível através dele revolucionar a forma como as empresas funcionam e as pessoas vivem.

  • José Bourbon-Ribeiro
  • CEO da Hill & Knowlton

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