Empresários portugueses são os mais pessimistas na capacidade do PRR aumentar a competitividade do país
Estudo da Deloitte revela que 58% das empresas nacionais inquiridas reconheceram a relevância do PRR e recomendam a existência de novos mecanismos sucedâneos, dadas as atuais tensões geopolíticas.
Os empresários portugueses são os mais pessimistas quanto à capacidade do PRR para aumentar a atratividade e competitividade da economia nacional e resolver os problemas mais prementes, segundo um estudo da Deloitte.
À questão: “O meu país será mais atrativo e competitivo nos próximos cinco anos, graças aos investimentos e reformas implementadas através do PRR”, 53% dos empresários nacionais respondeu sim, mas 33% consideram que só moderadamente. São os mais pessimistas, já que, por exemplo, 85% dos empresários holandeses responderam afirmativamente, 81% dos belgas ou 75% dos romenos.
Já quando questionados se o PRR é um programa exclusivo para o país melhorar nas áreas em que mais precisa, os empresários nacionais surgem novamente no fundo da tabela com apenas 40% a responder positivamente, o que compara com 72% na Alemanha, 64% em Itália ou 57% em Espanha. Os países que mais reconhecem o papel positivo do Fundo NextGenerationEU são precisamente os mais afetados pela pandemia, sublinha o estudo.
A análise comparada foi feita, em abril, através da auscultação de mil empresas de nove países (Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Roménia, Espanha e Portugal), dos setores industrial, comércio/distribuição e serviços, sobre a implementação dos PRR de cada Estado-membro.
Ainda assim, 58% das empresas nacionais inquiridas reconheceram a relevância do PRR, recomendando a existência de novos mecanismos sucedâneos, tendo em conta as atuais tensões geopolíticas e respetivos impactos. E 55% reconhecem que os fundos do PRR podem ter um poder de transformação já que potenciam investimentos em inovação e tecnologias digitais.
Por outro lado, as empresas nacionais inquiridas reconhecem que a informação é corretamente disponibilizada, ainda que bastante complexa (apenas 17% considera escassa a informação quando a média dos nove países em análise é praticamente de 30%). “Não obstante este aspeto positivo da operacionalização do PRR em Portugal, as empresas portuguesas inquiridas destacam ainda algumas questões a melhorar” nomeadamente ao nível dos avisos para apresentação de candidaturas ao PRR, já que 66% consideram que os critérios de elegibilidade e de avaliação dos avisos não são muito claros e/ou são muito restritivos, e 48% acham que a informação sobre os apoios é muito complexa.
O estudo revela ainda que 59% das empresas nacionais estão otimistas quanto à capacidade das entidades em executar os investimentos previstos, ainda que 37% consideram que o período para execução dos projetos é muito curto. Um valor próximo da média europeia (63%). De sublinhar que estas respostas foram obtidas antes de a maioria dos Estados-membros terem submetido a Bruxelas os exercícios de reprogramação, que pretendem ajustar o cumprimento das metas e marcos tendo em conta os impactos da Guerra na Ucrânia e da inflação.
Em termos globais, a Deloitte recorda que “vários países adiaram os pedidos de reembolso”, sendo que, “em alguns casos, isto aconteceu porque as reformas estruturais exigidas como pré-condição foram adiadas, com um efeito dominó nos calendários de pagamentos. “Mais preocupante é a baixa execução”, diz o estudo, já que os países europeus apenas absorveram 67% dos fundos estruturais entre 2014 e 2020 e ao nível do PRR as despesas para 2021 e 2022 ficaram aquém do previsto, tal como assinalou o Banco Central Europeu. “Contudo, as previsões para 2023-26 indicam que os países esperam acelerar os seus investimentos nos anos que faltam”, e assim executar o programa na sua plenitude. Aliás, os exercícios de reprogramação dos vários Estados-membros deverão ajudar nesse sentido.
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