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BE defende “nacionalização temporária” do grupo dono do JN e TSF

Lusa,

A líder do BE considera que o Estado devia assumir a "propriedade temporária" do GMG até ser encontrada uma solução que assegure "condições de idoneidade" e que o o regulador "não pode lavar as mãos".

A coordenadora do BE defendeu esta sexta-feira que a Procuradoria-Geral da República “devia investigar” o negócio da compra do grupo de comunicação Global Media Group (GMG) por um fundo de investimentos, alegando que “há coisas que são caso de polícia“.

No Porto, à margem de uma visita às redações do Jornal de Notícias e de O Jogo, dois dos títulos do GMG que enfrentam ameaças de despedimento e vencimentos em atraso, Mariana Mortágua considerou que o Estado devia assumir a “propriedade temporária” do GMG até ser encontrada uma solução que assegure “condições de idoneidade”.

Eu arrisco-me até a dizer que a Procuradoria-Geral da República devia investigar este negócio porque há contornos em todo este negócio com a GMG, na passagem da propriedade, com este fundo que ninguém conhece que são um caso de polícia”, afirmou a líder bloquista.

Segundo a também deputada na Assembleia da República, o regulador “não pode lavar as mãos” e “deve ao país uma ação muito mais determinada e uma investigação”.

“São os próprios fundos que dizem que não vêm comprar órgãos de comunicação social (OCS) para fazer dinheiro, então a pergunta é: vêm fazer o quê? O que é que um fundo de investimento que nós não sabemos o que é, não sabemos quem manda nem com que propósito, vem fazer a Portugal comprar um dos maiores grupos de comunicação social, interferir diretamente na gestão da TSF e do JN?“, questionou.

Para Mariana Mortágua, o GMG “está sob ataque”, assim como os jornalistas dos vários títulos do grupo, e o Estado “tem um papel” na defesa do jornalismo, nomeadamente na defesa dos jornalistas do grupo.

A curto prazo o Estado tem que encontrar uma forma de estabilizar a propriedade do GMG, de estabilizar a qualidade do jornalismo, que ela é protegida“, salientou.

“Uma propriedade temporária do Estado pode assegurar isso até se encontrar um acionista privado ou uma cooperativa que assegure condições de idoneidade”, apontou.

A líder bloquista comparou mesmo a compra de um banco à do GMG: “Um fundo que ninguém conhece entra e compra um dos maiores bancos portugueses. Achamos que isto é razoável? Há regras de idoneidade, não é qualquer um que pode chegar e comprar uma instituição financeira. Se isto vale para um banco tem que valer ainda mais para um órgão de comunicação social”, explicou.

Mariana Mortágua defendeu ainda que esta não uma questão partidária porque “todos os partidos que fazem parte da democracia devem defender as condições da democracia para funcionar, e uma das condições da democracia para funcionar são órgãos de comunicação social livres”.

No dia 6 de dezembro, em comunicado interno, a Comissão Executiva da GMG, liderada por José Paulo Fafe, anunciou que iria negociar com caráter de urgência rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação que disse ser necessária para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.

Até ao dia desta sexta-feira, os colaboradores a recibo verde do GMG ainda não receberam os respetivos pagamentos referentes a outubro e os subsídios de Natal também ainda não foram pagos.

“Essas pessoas [os colaboradores a recibo verde] estão sem receber não têm uma garantia sobre quando vão receber o pagamento de outubro (…) não conseguimos compreender como é que um fundo, como e que alguém compra, entra no capital de uma empresa e ao fim de três meses não é capaz de garantir algo tão básico como o pagamento de salários”, adiantou o delegado sindical no JN Augusto Correia, à margem daquela visita do BE.

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