Google avança com “início do fim” dos third-party cookies
Para já, a Google vai testar a medida junto de 1% de utilizadores aleatórios do Chrome. A implementação junto dos restantes utilizadores está prevista para o segundo semestre de 2024.
Depois de quatro anos de avanços e recuos, a Google começou esta quinta-feira a testar junto de 1% dos utilizadores do Chrome o “Tracking Protection”, uma ferramenta que limita o rastreamento, acesso e partilha dos third-party cookies, que recolhem dados de navegação dos utilizadores e partilham com terceiros. Com os third-party cookies, um único site pode partilhar informações com dezenas de outros que, embora o utilizador não tenha acedido, também recolhem dados sobre a sua navegação.
A medida surge no âmbito do Privacy Sandbox, iniciativa da Google que tem por objetivo criar tecnologias que tanto protejam a privacidade das pessoas online como forneçam ferramentas às diferentes empresas para que estas possam construir eficazmente os seus negócios digitais. Assim, o Privacy Sandbox “reduz o rastreamento entre sites e aplicações, ao mesmo tempo que ajuda a manter os e serviços online gratuitos para todos”.
Tendo em conta que o Chrome tem cerca de 3,2 mil milhões de utilizadores, este teste deve assim envolver 32 milhões de pessoas que deverão ver, junto do endereço do site, o ícone de um olho.
Segundo a Google, se um site não funcionar enquanto o bloqueio de cookies estiver ativo, o utilizador tem a possibilidade de desativar o Tracking Protection, clicando no ícone do olho e voltando a ativar os third-party cookies por 90 dias, altura em que o Chrome vai voltar a limitar o uso dos cookies.
A implementação da medida para lá destes 1% de utilizadores escolhidos aleatoriamente está prevista acontecer de uma forma gradual durante a segunda metade do ano. Outros nagevadores, como o Apple Safari ou Mozilla Firefox já bloqueiam os third-party cookies por defeito.
Este processo de terminar com os third-party cookies por parte da Google tem sido olhado com alguma desconfiança por parte de vários players do ecossistema publicitário digital e deve acarretar diversas consequências para o mesmo, principalmente ao nível da segmentação.
A Google tem-se comprometido em desenvolver ferramentas para atenuar estes impactos, sendo que para dar resposta à necessidade de segmentação já introduziu os API Topics, que permitem publicidade “com base em interesses IBA [interest-based advertising] sem precisar de recorrer ao rastreamento dos sites que um utilizador visita”, inserindo as informações de um utilizador em “grupos”, refere a empresa.
“É uma forma de publicidade personalizada na qual um anúncio é selecionado para um utilizador com base nos seus interesses, através de uma dedução feita pelos sites que este visitou recentemente. Esta forma de publicidade é diferente da publicidade contextual, que tem como objetivo corresponder anúncios ao conteúdo da página que o utilizador está a visitar”, clarifica.
Os API Topics oferecem assim “uma nova forma de publicidade com base em interesses usando temas (categorias de interesse) que são atribuídos a um navegador de acordo com a atividade recente do utilizador. Esses tópicos podem complementar informações contextuais para ajudar a selecionar anúncios adequados”.
Desta forma, através dos API Topics, o navegador regista temas que parecem ser do interesse do utilizador – tendo por base a sua atividade de navegação – agrupando essas informações de vários utilizadores em grupos, que depois são transmitidas sem serem reveladas outras informações sobre a atividade de navegação em concreto de cada utilizador.
“À medida que trabalhamos de forma a tornar a web mais privada, vamos fornecer ferramentas às empresas para que estas tenham sucesso online de forma a que o conteúdo de alta qualidade se mantenha acessível, sejam artigos noticiosos, vídeos, informações educativas, sites comunitários ou outros formas de conteúdos da web. Através do Tracking Protection, Privacy Sandbox e todos os recursos que lançamos no Chrome, vamos continuar a trabalhar para criar uma web que seja mais privada do que nunca e universalmente acessível a todos”, refere Anthony Chavez, vice-presidente da Privacy Sandbox.
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