As tendências a seguir em 2024

  • Alberto Rui Pereira
  • 5 Janeiro 2024

Em 2023, a tecnologia desvendou novas formas de interagir, criar e exibir conteúdos, e as marcas não vão querer perder a oportunidade de criar novas formas de interagirem com os seus clientes em 2024.

Janeiro é o mês para refletir sobre o ano que passou e rever as tendências mais significativas que surgiram na intersecção entre os media e a inovação que vão marcar 2024. Impulsionado pela ascensão da IA generativa, 2023 foi um ano de grandes desenvolvimentos em tecnologia e nos media, com tendências que culminaram em grandes mudanças no streaming over-the-top (OTT), redes sociais e tecnologias imersivas e que estão a criar um cenário de inovação dinâmico à medida que avançamos em 2024.

Em 2023, a tecnologia desvendou novas formas de interagir, criar e exibir conteúdos, e as marcas não vão querer perder a oportunidade de criar novas formas de interagirem com os seus clientes em 2024. Assim, destaco cinco tendências dos media e inovação que deverão evidenciar-se ao longo deste ano e ter impacto nas estratégias de marketing.

A ascensão da IA generativa

A IA generativa é, sem dúvida, a atração principal de 2023 em inovação. Desde o lançamento público do ChatGPT em novembro de 2022, a indústria tecnológica foi remodelada por uma explosão de ferramentas e um aumento no interesse do consumidor, especialmente entre as gerações mais jovens. Isso levou quase todos os gigantes da tecnologia e empresas de capital de risco a investir significativamente neste setor, contribuindo para um desenvolvimento exponencial neste último ano.

Olhando para o futuro, prevê-se uma abordagem mais subtil tanto por parte das empresas de tecnologia como dos consumidores em 2024. Além disso, o debate sobre o futuro da IA num modelo de código aberto (amplamente acessível e transparente para que qualquer pessoa possa usá-lo) versus fechado, mais produtos de IA treinados com dados licenciados de publishers, bem como uma classe emergente de dispositivos orientados para IA, como o gadget AI Pin da Humane e os mais recentes óculos Ray-Ban da Meta, são temas para ir acompanhando este ano.

Mudanças no streaming

As guerras de streaming acabaram e a indústria de Hollywood está agora a lutar por um novo caminho a seguir. Após anos de elevado crescimento, mas de gastos insustentáveis, a indústria enfrenta altas taxas de rotatividade, redução de lucros e desilusão com o modelo de assinatura sem anúncios. Isto levou os gigantes dos media a implementarem importantes medidas de redução de custos, a reestruturarem-se e a repensarem as suas estratégias.

Esta mudança de cenário na distribuição do entretenimento também foi destacada e exacerbada pelas históricas greves que paralisaram Hollywood. Olhando para 2024, a maioria das empresas de media está a apoiar-se em níveis suportados por anúncios para complementar as suas receitas, enquanto tentam descobrir novas formas de recriar os pacotes de televisão por cabo no streaming, tais como pacotes partilhados, e oferecer aos consumidores mais conteúdos a um custo menor. Internacionalmente, observam-se experiências de reagrupamento entre os grandes players que refletem uma mudança em todo o setor na distribuição de conteúdo e nas estratégias de monetização.

Entretanto, há uma tendência para tornar os anúncios no streaming mais interativos e eficazes, o que poderá receber um impulso adicional em 2024, dado que podem fornecer dados valiosos sobre o envolvimento do espetador e outras métricas e permitem que estes interajam com o conteúdo da marca para compras imediatas ou um envolvimento mais profundo.

Redes sociais: descentralização e social commerce

Em 2023, o cenário das redes sociais mudou ao longo do ano. À medida que o Twitter se transforma gradualmente sob a liderança de Elon Musk, uma série de plataformas sociais alternativas surgem, como o Threads (uma nova app da Meta), que após o sucesso do lançamento inicial nos EUA, deverá continuar a sua trajetória de crescimento em alguns mercados europeus.

As redes sociais estão a entrar numa era de transformação. À medida que o atual paradigma começa a mudar e as redes sociais entram numa era de interregno, as plataformas anteriormente dominantes começam a dar lugar a novas alternativas, com experiências contínuas em descentralização e modelos de negócio. Talvez 2024 traga alguma clareza sobre os caminhos a seguir.

Enquanto os profissionais de marketing enfrentam as mudanças no cenário competitivo das plataformas sociais, o comércio eletrónico focado especificamente em redes sociais ganha destaque. As redes sociais continuam a ser o principal mecanismo de descoberta para muitos consumidores, e as marcas com um mindset inovador deverão continuar a testar estas novas ferramentas de social commerce em 2024 para vender os seus produtos, por exemplo, através do Instagram.

Renascimento da Monocultura: Barbenheimer & Funflation

Em 2023 assistimos a um renascimento de eventos monoculturais, comprovados pelo fenómeno de bilheteira de Barbenheimer, bem como pelas digressões que esgotaram os concertos das estrelas pop Taylor Swift e Beyoncé, demonstrando que os consumidores têm um apetite crescente por experiências culturais partilhadas que unem grandes públicos. O Bank of America designou este fenómeno de “Funflation”, que ocorre quando os consumidores gastam mais dinheiro em entretenimento ao vivo como resultado da procura reprimida e de maiores poupanças após a pandemia, prevendo-se que seja uma tendência para manter a longo prazo.

Esta tendência marca uma mudança em relação ao consumo de conteúdo individualizado e de nicho que prevalecia, indicando uma procura renovada por experiências partilhadas. Quando as pessoas participam nestes momentos monoculturais, as redes sociais tornam-se um megafone, amplificando a experiência partilhada e criando um sentimento de pertença que transcende os algoritmos. Uma oportunidade para as marcas se aproximarem dos seus públicos e capacitá-los a agir, especialmente através de ações off-line que unem as pessoas.

Esta aspiração coletiva por experiências culturais partilhadas também remete para algumas mudanças interessantes no comportamento do consumidor num contexto de incertezas económicas. O curioso fenómeno da “funflation” continuará a moldar os gastos dos consumidores num contexto de crescente ansiedade económica e tensão geopolítica. Ao abraçar o poder das experiências partilhadas e das ligações autênticas, os profissionais de marketing podem aproveitar a onda desta mudança cultural, criando experiências de marca que promovem ligações e capacitam os consumidores a encontrar alegria e propósito, mesmo em tempos incertos.

Tecnologias imersivas

2023 foi um ano monumental para a tecnologia de realidade mista, que cresceu em canais de media independentes. Em 2024, vamos ver como as marcas e os serviços estarão presentes nas plataformas imersivas que estão por vir.

A Apple é, sem dúvida, o player mais esperado para quem trabalha com tecnologia imersiva e uma referência. Não só devido à utilização massiva dos dispositivos nos próximos anos, mas devido à sua influência na educação de mercado e na definição de padrões de qualidade, principalmente no que diz respeito a hardware, ergonomia e design de experiência.

É ainda muito cedo para prever, mas 2024 certamente que trará mais pistas sobre como o setor tecnológico imersivo irá evoluir. As tendências do Metaverso, incluindo Realidade Virtual (RV), Realidade Aumentada (RA) e Inteligência Artificial (IA), estão a moldar rapidamente o futuro digital e do marketing, com mudanças profundas em várias esferas, desde a educação até ao entretenimento e os negócios.

As marcas ainda têm muito a fazer na exploração deste futuro digital que abre novos horizontes e possibilidades e que reflete o nosso desejo contínuo de inovação. 2024 é certamente o ano dos novos modelos de negócios imersivos, e de uma forma ou de outra ninguém vai querer ficar para trás.

  • Alberto Rui Pereira
  • CEO da IPG Mediabrands Portugal

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