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Cerca de 70% dos portugueses afirmam estar preocupados com a desinformação, revela o Iberifier

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Os impactos da desinformação, alerta o Iberifier, "estão longe de se limitarem às esferas mediática, noticiosa e política, tendo profundas replicações na sociedade em várias dimensões".

A preocupação com a desinformação na internet é mais prevalente em Portugal do que em Espanha. Cerca de 70% dos portugueses afirmam estar preocupados, face a 64% em Espanha. Esta é uma das conclusões do último relatório do Observatório Ibérico de Média Digitais (Iberifier), que pretendeu sistematizar os padrões de consumo de desinformação em Portugal e em Espanha.

De acordo com o relatório, apesar de o consumo de informação ter em comum, nos dois mercados, a elevada dependência da televisão como fonte de notícias, a perda de protagonismo da imprensa e a ascensão das redes sociais, os níveis de confiança apresentados por Portugal e Espanha são distintos. “Portugal está entre os países que mais confiam nas notícias, com 58%, segundo o Digital News Report (2023) e Espanha encontra-se no polo contrário, com 33%. Portugal é o terceiro na tabela da confiança e Espanha está 33º entre 46 países”, refere.

Em comum aos dois países, regista-se, no entanto, o facto de os jovens, sobretudo entre os 18 e os 24 anos, considerarem que não é o jornalismo nem as notícias a solução para os problemas da desinformação.

“É também entre os mais jovens, e em particular entre os mais pobres e menos instruídos, que os comportamentos negativos em torno das notícias, como o evitar ativo de notícias e a perda de interesse, é maior”, refere o estudo, com os investigadores a considerarem que este aspeto, em particular, tem um impacto no potencial crescimento da polarização em ambos os países.

Em Portugal, e “apesar da polarização ser historicamente baixa e de haver ausência de campanhas de desinformação intencionais, deliberadas e generalizadas”, o estudo considera que “há razões para preocupação devido a um cenário de redes sociais dominado por pequenos partidos mais radicalizados que podem adotar estratégias de longo alcance baseadas na desinformação“.

Os impactos da desinformação, alerta o Iberifier, “estão longe de se limitarem às esferas mediática, noticiosa e política, tendo profundas replicações na sociedade em várias dimensões”.

O relatório corrobora estudos anteriores desenvolvidos pelo Observatório Ibérico de Média Digitais, de acordo com os quais “a desinformação é um fenómeno multidimensional, necessitando de uma abordagem multidisciplinar para o seu estudo e compreensão, a sua mitigação só é possível através de uma resposta interinstitucional sistemática, envolvendo atores da sociedade civil, legisladores, partidos políticos, governos, reguladores e forças de segurança“.

Sugerindo que as questões de desinformação sejam também debatidas no contexto de 2024 ser um ano em que mais de 40 países vão ter processos eleitorais, incluindo os EUA, e em que há conflitos ativos na Ucrânia e Médio Oriente, o Iberifier recomenda, entre outras medidas, o aumento do investimento na literacia mediática e noticiosa da população, a identificação de possíveis rotas dos conteúdos virais da desinformação através de diferentes plataformas, mapeando tendências entre diferentes tipologias de plataformas de redes sociais e o desenvolvimento de forma crítica de investigação académica e dos quadros regulamentares que estudam e enfrentam as ameaças da Inteligência Artificial.

O observatório confirma também que a desinformação ganha um maior relevo em fenómenos pontuais, como seja a pandemia de Covid-19 e a invasão da Ucrânia.

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