Revista Humanista chega ao fim em junho ano e meio após o lançamento
"Nasceu há ano e meio, é uma morte muito precoce. A Amnistia Internacional tinha a expectativa de alcançar a sustentabilidade financeira em pouco tempo, mas no papel, é impossível", diz o diretor.
A Humanista lançada há ano e meio terá em junho a sexta e última edição, disse à agência Lusa o diretor que lamentou o fecho da revista trimestral dedicada aos direitos humanos e da responsabilidade da Amnistia Internacional.
“Nasceu há ano e meio, é uma morte muito precoce. A Amnistia Internacional tinha a expectativa de alcançar a sustentabilidade financeira em pouco tempo, mas no papel, nos dias de hoje, isso é impossível”, disse Victor Hugo Carmo.
Em declarações à agência Lusa, o diretor apontou como “pecha” para o fim da Humanista “a falta de uma promoção e divulgação online” da revista que, em junho, estará nas bancas pela sexta e última vez.
“Sendo um produto ‘premium’, uma revista com 156 páginas, trimestral, merecia ser divulgado e promovido e não tivemos essa componente. Infelizmente, a direção da Amnistia Internacional decidiu não continuar, com o pesar dos envolvidos”, apontou.
O alerta para o fim da revista foi dado por jornalistas que viram trabalhos seus premiados pelo Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED), na gala da Associação de Jornalistas Desportivos (CNID), que decorreu esta segunda-feira, em Viseu.
Sara Dias Oliveira e Maria João Gala foram as autoras de “O silêncio também é racismo”, que ganhou o primeiro prémio de imprensa desportiva ou generalista e, na mesma categoria, em segundo lugar ficou “Traficantes de sonhos”, de Simão Freitas, Tomás Guerreiro e Paulo Pimenta, ambas reportagens publicadas na Humanista.
Contactado pela agência Lusa, Victor Hugo Carmo reconheceu que a Humanista “era mais do que uma revista, era também uma ferramenta para alertar para as questões dos Direitos Humanos” em Portugal.
“É uma revista e uma ferramenta que deixa de estar disponível para chamar à atenção para várias questões que preocupam e alertar para os Direitos Humanos em Portugal, através de exemplos e testemunhos de vítimas de violação desses direitos”, lamentou.
Neste sentido, Victor Hugo Carmo defendeu que “é uma perda incalculável no mundo editorial” e na própria Amnistia Internacional, “porque não há nenhuma igual” nesta organização não-governamental (ONG).
“Tudo o que está relacionado com Direitos Humanos tem a ver com ativismo e a revista era exatamente a ponte entre o ativismo e o jornalismo“, defendeu o diretor, já que “mais nenhum órgão de comunicação social trabalhava esta área”.
Isto, porque, “permitia que fossem feitos trabalhos de investigação e se revelassem casos relacionados com violação dos Direitos Humanos e questões prementes em Portugal que precisam de ser trabalhados”.
Este responsável reforçou que a publicação “é praticamente como um livro, com reportagens, trabalhos aprofundados, fotografias, ilustrações e uma vertente artística muito atraente” mas que, “infelizmente, não teve a promoção que merecia e devia”.
“A revista vivia de colaboradores, num total de 80, desde jornalistas, fotojornalistas, ilustradores e infografistas. Bons profissionais que fizeram com que, num só ano, a Humanista fosse premiada oito vezes“, sublinhou Victor Hugo Carmo.
A última edição será dedicada à habitação, com “uma narrativa fotográfica de nove fotojornalistas” e, anteriormente, dedicaram-se a temas como as alterações climáticas, a liberdade religiosa, a liberdade de expressão em contexto laboral, os 50 anos do 25 de Abril e os direitos humanos no desporto.
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