Mais de um terço dos jornalistas ambientais já foram ameaçados. 11% sofreram violência física
Mais de metade dos inquiridos diz que a desinformação enquanto ameaça à transmissão de informação fidedigna cresceu na última década. 93% consideram que as redes sociais são a principal ameaça.
Mais de um terço (39%) dos jornalistas que fazem a cobertura de temas ambientais diz já ter sido alvo de ameaças. A mesma percentagem de inquiridos refere já ter feito autocensura para permanecer em segurança. Estes valores revelam uma ligeira subida em relação a 2018, onde estas percentagens eram de 33% e 31%, respetivamente.
As conclusões são do relatório “Covering the Planet: Assessing the State of Climate and Environmental Journalism Globally”, desenvolvido pela Earth Journalism Network (EJN) em colaboração com a Deakin, uma universidade australiana. O estudo inquiriu 744 jornalistas e editores, oriundos de 102 países, que fazem a cobertura de temas ambientais.
As principais ameaças que estes jornalistas dizem ter sofrido foram “ameaças verbais” (52%), “ameaças de pessoas envolvidas em atividades ilegais” (43%), “ameaças e assédio online” (43%) e “ameaças legais” (30%). No entanto, 11% dizem ter mesmo experienciado “violência física”.
Quanto aos inquiridos que afirmaram já ter tido necessidade de praticar autocensura (39%), estes apontam “aqueles que praticam atividades ilegais” (42%) e o “governo” (41%) como os principais motivos que os levaram a sentir essa necessidade de se autocensurarem.
Já 76% inquiridos dizem que a falta de fontes limita a cobertura jornalística. Estes profissionais identificam o acesso a financiamentos de jornalismo de investigação (79%), treino e workshops (75%), bolsas para participar em conferências (72%), dados relevantes (67%) e a especialistas (60%) como as suas principais prioridades para conseguirem aumentar a sua capacidade de cobertura sobre questões de ambiente e alterações climáticas.
As conclusões do inquérito apontam também para a existência de uma certa tensão entre o financiamento de trabalhos jornalísticos por parte das ONG (organizações não governamentais) para a cobertura de temas ambientais e o desejo dos profissionais por liberdade e independência no seu trabalho.
Os jornalistas dizem preferir que o financiamento destas entidades não seja vinculado a temas específicos e que gostariam de ter a liberdade de fazer a cobertura dos temas de ambiente que sejam mais relevantes para o seu público, refere o estudo.
Os profissionais inquiridos também alegam procurar não só expor os problemas, mas apontar soluções, com 72% a referirem escrever, de forma balanceada, tanto sobre problemas ambientais, como sobre as suas possíveis soluções. Quase um terço (29%) aponta a existência de alterações em políticas governamentais em resultado do seu trabalho.
Mais de metade dos inquiridos (58%) também diz que a desinformação enquanto ameaça à transmissão de informação fidedigna cresceu na última década, sendo que 93% consideram que as redes sociais são a principal fonte dessa desinformação.
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