Media Capital quer comprar a Nowo
A Media Capital já tem um acordo de princípio com os acionistas da operadora de telecomunicações Nowo. Há poucas semanas, a Autoridade da Concorrência chumbou a compra da Nowo pela Vodafone.
Num surpreendente revés, a Media Capital, dona da TVI e da CNN Portugal, está a negociar a compra a Nowo, resgatando a operadora cuja venda à Vodafone foi chumbada pela Autoridade da Concorrência no passado dia 4 de julho.
A informação foi avançada pelo Jornal de Negócios e o ECO confirmou os contactos já mantidos pela Media Capital com os reguladores, estando neste momento a proceder à due diligence para anunciar o negócio, provavelmente em agosto.
Já depois da publicação desta notícia, a Media Capital informou, através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que “está atenta às movimentações do mercado e disponível para analisar eventuais oportunidades de negócio que possam surgir”. “Não existe, contudo, nesta data, informação relativamente à concretização de um negócio que tenha caráter preciso e que deva, nos termos da legislação aplicável, ser divulgada ao mercado”, acrescentou a empresa.
É pouco comum um grupo de media adquirir uma empresa de telecomunicações. A surpresa é ainda maior se se tiver em conta que a Media Capital esteve há poucos anos envolvida na situação inversa: em 2017 a Altice Portugal, dona da operadora Meo, tentou comprar a dona da TVI, quando esta era controlada pelos espanhóis da Prisa.
No caso da Nowo, a empresa, detida pelos anteriores donos da espanhola MásMóvil (que entretanto se fundiu com a Orange), são públicas as dificuldades financeiras do grupo. Em fevereiro, o presidente do Conselho de Administração da Nowo, Miguel Venâncio, disse ao ECO que uma das opções que seria posta em cima da mesa se a venda à Vodafone falhasse era o encerramento da empresa.
O negócio falhou mesmo e, depois da decisão da Autoridade da Concorrência, os acionistas da operadora passaram ao chamado modelo fire sale, isto é, uma venda rápida e, sobretudo, a baixo preço. Tendo em conta que a Vodafone terá oferecido cerca de 150 milhões de euros pela Nowo, este negócio estará a ser negociado por um valor claramente inferior a esse.
A Nowo detém uma rede antiga de cabo e fibra ótica (híbrida) que chega a 900 mil casas e uma rede mais moderna de fibra com 150 mil casas passadas, embora só tenha 132 mil clientes fixos e uma quota de mercado a rondar os 2%.
A empresa também investiu mais de 70 milhões de euros para comprar licenças 5G, mas ainda não terá começado a investir na construção de uma rede própria. Porém, em janeiro, a Anacom deu à Nowo o prazo de um ano para lançar serviços de quinta geração.
Mercado em transformação com entrada da Digi
O interesse da Media Capital na Nowo surge num contexto em que as operadoras já estabelecidas se preparam para a entrada de uma nova concorrente no mercado, a Digi.
Esta empresa de origem romena comprou licenças 5G no leilão da Anacom concluído em 2021 — tal como a própria Nowo –, e está obrigada a lançar serviços até ao fim do ano. Mas a Digi não tem conseguido firmar acordos para distribuir os principais canais de televisão (RTP, SIC e TVI), tendo, aliás, entrado em rutura com a Media Capital e feito denúncias aos reguladores.
A empresa também ainda não assinou qualquer acordo de roaming nacional, conforme noticiou o ECO este mês.
(Notícia atualizada pela última vez às 17h52)
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