PRR vai ter mecanismo para libertar verbas de projetos parados
Novo modelo de governação do PRR vai introduzir um mecanismo de descativação de verbas. Bazuca vai ter reforço de 62 pessoas concentradas numa nova brigada móvel.
O novo modelo de governação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), aprovado em Conselho de Ministros na semana passada, vai introduzir um mecanismo de descativação de verbas de projetos que estão parados, que permitirá levar a cabo uma operação de limpeza, à semelhança do que sempre foi feito nos quadros comunitários anteriores.
No Portugal 2020 ficou conhecida como bolsa de recuperação e consistia em cortar os fundos a projetos que estavam parados e atribuir os incentivos libertados a projetos já aprovados em overbooking. Esta prática de gestão, tradicional nos vários quadros comunitários, começou por ser anunciada a 16 de novembro de 2019, mas os promotores só deveriam começar a receber as notificações para explicar os atrasos dos seus projetos em março do ano seguinte. Contudo, a pandemia forçou a suspensão da iniciativa que acabou por ser retomada só em maio de 2022 para acelerar a execução dos programas operacionais regionais. Também ao nível do Compete, os últimos dados divulgados davam conta das sistemáticas anulações de operações.
A ideia do Executivo é introduzir agora um mecanismo de descativação de compromissos financeiros para projetos aprovados sem execução. Ou seja, decalcar para o PRR o que sempre se fez com os fundos estruturais e que tem como objetivo acelerar a execução dos fundos.
Esta aceleração, de acordo com o que foi decidido na última reunião da comissão interministerial do PRR, que reuniu a 22 de julho, passa também por decidir as candidaturas do PRR num prazo máximo de 50 dias e o fazer os pagamentos a 20 dias, tal como o ECO já avançou.
No plano de ação aprovado para impulsionar a execução do PRR ficou decidido encurtar os prazos no PRR face aos restantes fundos europeus. Assim, “as candidaturas não podem demorar mais de 50 dias a serem analisadas e os pagamentos [aos beneficiários finais] não podem exceder 20 dias”, disse, na altura, Manuel Castro Almeida ao ECO, sublinhando que esta é uma meta ainda mais ambiciosa face ao Portugal 2030 e que será possível de atingir graças à “inteligência artificial, que já vem a caminho” e “ao reforço das equipas da Recuperar Portugal”.
Um reforço que passa por 62 pessoas, mas que vão funcionar de uma forma “nada habitual”. Em causa está a criação de uma “brigada móvel” que irá trabalhar junto dos organismos intermédios – IHRU, IAPMEI, Aicep, Fundo Ambiental – que estiverem a necessitar de ajuda, em cada momento.
A ideia já tinha sido anunciada pelo ministro Adjunto e da Coesão no encontro anual do PRR: criar uma bolsa de técnicos a que será possível recorrer pontualmente nos momentos de trabalho acrescido para analisar candidaturas e pedidos de pagamento do PRR, mas também do Portugal 2030. Com recurso a universidades e politécnicos — uma solução já usada no passado –, mas oferecendo um “preço confortável e generoso” por esse trabalho. A escolha das instituições de ensino superior foi feita com base na qualidade dos recursos humanos alocados, e não no preço mais baixo, explicou Manuel Castro Almeida na altura e novamente no ECO dos Fundos, o podcast quinzenal do ECO sobre fundos europeus.
Em termos de reforço de meios o decreto-lei aprovado, na sequência do deliberado pela Comissão Interministerial do PRR, que altera o modelo de governação do PRR, concretizando propostas integrantes do Plano de Ação aprovado, prevê aumentar os recursos humanos e a capacidade técnica da estrutura de missão Recuperar Portugal e reforçar os meios de fiscalização e mecanismos e controlo da correta aplicação dos fundos da bazuca europeia.
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