Conheça a história de três empresários que aproveitaram o programa municipal Famalicão Made In como rampa de lançamento. Em dez anos, o projeto já apoiou a criação de 411 novas PME e e 75 startups.
Promover a genética empreendedora, captar novos investimentos e auxiliar empresários e empreendedores no desenvolvimento de projetos. Foi com esta missão que nasceu o Famalicão Made In em outubro de de 2014. Dez anos depois, o programa apoiou a criação de 411 novas PME e 75 startups, em setores tão díspares como, têxtil, mobiliário ou novas tecnologias. Estas empresas deram origem a 3.078 novos empregos e captaram 347 milhões de euros de investimentos.
“Dez anos depois, é inegável que estamos perante um projeto de enorme sucesso, reconhecido como um parceiro fundamental por toda a comunidade empreendedora e empresarial do concelho“, diz Mário Passos, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, o município mais exportador da região Norte, que ostenta o título de Região Empreendedora Europeia de 2024.
O edil detalha que o projeto Famalicão Made In disponibiliza programas de mentoria, acompanhamento, aceleração e formação dos novos empreendedores. O programa incorpora roteiros pelas empresas, ações para a internacionalização das empresas e informações diversas sobre acesso aos fundos comunitários e outros programas de apoio nacional e internacional.
Meias de Famalicão já correm o mundo
Há oito anos, nascia em Famalicão uma nova marca de meias, a WestMister, fundada por Luís Campos, que vem de uma família ligada ao setor do têxtil e à confeção de meias. O empreendedor contou com a ajuda do programa Famalicão Made In.
“Quando pensei no negócio, falei com a autarquia e apresentámos a ideia. O município ajudou-nos a elaborar o plano de negócios e a arranjar um local para termos a nossa sede, em Vilarinho das Cambas, onde ainda estamos hoje”, conta ao ECO Luís Campos, fundador da empresa.
O empreendedor destaca que o município, liderado por Mário Passos, ajudou a empresa a divulgar a marca WestMister, essencialmente à imprensa. Foi através da autarquia que participaram em 2018 no Internacional Business Festival, em Liverpool. Através do projeto Famalicão Made In, o empresário teve ainda acesso a workshops e mentoria em áreas importantes para o negócio, como marketing e contabilidade. “Foram inputs e ideias importantes para o negócio”, assegura Luís Campos. O empreendedor não tem dúvidas que este programa foi um empurrão numa fase inicial.
Passados oito anos, a marca de fabrico 100% português conquistou vários mercados internacionais e as meias portuguesa já calçam pés em 15 países. Espanha, Suíça e Canadá são alguns dos mercados onde a WestMister está presente. As vendas para o exterior pesam 85% da faturação.
A WestMister tem cerca de cem modelos de pares de meias sem costuras e de algodão mercerizado, e vende 150 mil pares por ano, para os segmentos homem, mulher e criança. As meias têm preços entre os 14 e os 18 euros, e estão à venda em algumas das mais importantes lojas multimarcas do país (70 no total), como o El Corte Inglêé, Loja das Meias, Paulo Battista Alfaiate, Prassa, entre tantas outras. A nível internacional, estão em mais de 250 pontos de vendas, com Espanha a liderar (80).
Apesar de as vendas online ainda serem pouco expressivas, a empresa prepara-se para lançar um novo site em dezembro, com o nome TheWest Fashion. O objetivo expresso é de englobar as várias marcas, incluindo a Eutopia, chancela nascida para calçar as mulheres. Outro dos objetivos é ter uma presença mais assídua em feiras internacionais, de modo a impulsionar o crescimento.
Alma de Luce: “Município continua a ser um parceiro importante para o crescimento da marca”
Arquitetos de formação e apaixonados por história, património e cultura, os irmãos Carlos e Helena Costa fundaram, em 2015, a Alma de Luce, centrada no mobiliário de luxo. A marca contou com “uma grande ajuda” do programa Famalicão Made In, especialmente numa fase inicial. Helena Costa detalha que a autarquia apoiou a marca “com visibilidade e redes de contactos empresariais locais” e que “continua a ser um parceiro importante para o crescimento da marca”.
A autarquia continua a ser um parceiro importante para o crescimento da marca.
Os principais clientes da Alma de Luce são colecionadores de arte, designers de interiores de luxo e hotéis de prestígio, que procuram peças únicas e com uma forte componente cultural. Cerca de 95% da produção é exportada para mercados como os Estados Unidos da América, Médio Oriente (especialmente Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita) e a Europa, aqui com destaque para a França.
Com uma equipa de 12 pessoas, as peças são inteiramente produzidas em Portugal através de artesãos e parceiros locais, e estão à venda em marketplaces especializados do setor, como 1stDibs e Pamono, ou através do atelier e Showroom da Alma de Luce. Helena Costa conta ao ECO que o foco tem sido “expandir para novos mercados e aumentar a presença da marca em projetos de luxo”.
“Nos próximos anos, pretendemos consolidar a nossa presença em mercados estratégicos, na Europa, Médio Oriente e EUA, aumentar a gama de coleções e expandir as colaborações com designers internacionais. Temos também planos para abrir showrooms próprios em algumas das principais capitais do design“, adianta a arquiteta.
Todas as ideias de negócio são ouvidas pela autarquia, através de um conjunto de 31 mentores, “empreendedores e administradores de grandes empresas de Famalicão” e só no decorrer do processo se apura a viabilidade do projeto, garante o autarca.
Famalicão alberga desde pequenas empresas a gigantes industriais
Entre serviço, comércio e indústria, o município contabiliza cerca de 15 mil empresas e 62 mil trabalhadores. Albergando gigantes industriais como a Continental Mabor ou o grupo têxtil Riopele, o concelho de Vila Nova de Famalicão registou em 2023 o “maior volume de exportações de sempre”, consolidando a posição como o mais exportador da região Norte e o terceiro a nível nacional, a seguir a Lisboa e Palmela.
Para além das meias Westmister e do imobiliário de luxo da Alma de Luce, os binóculos da Leica são produzidos em Famalicão e foi neste município que foram produzidas as luvas que protegeram os socorristas nos Jogos Olímpicos de Paris.
A esta lista junta-se o grupo Primor, que emprega 850 pessoas, fatura 154 milhões de euros e exporta charcutaria para 23 países, bem como a produtora de torneiras Bruma com vendas de 18 milhões de euros e 165 trabalhadores, entre muitas outras.
O autarca acrescenta que o programa Famalicão Made in tem por base a proximidade às empresas e startups, mas também a instituições ligadas ao ensino, à ciência e à investigação, a que se soma um conjunto alargado de entidades parceiras. Para além do tecido empresarial, Famalicão conta com o Centro Tecnológico da Indústria Têxtil e do Vestuário (Citeve), o Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (Centi), o polo do Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA), o Campus Académico de Famalicão (CESPU) e a Universidade Lusíada, entre outros.
“Temos uma rede de parceiros no âmbito da formação e inovação, às quais acrescento as escolas de formação profissional, que têm um papel fundamental, e que nos procuram porque precisam de ajuda para inovação e trabalhadores qualificados. Tudo faz parte do ecossistema que o Programa Made In ajuda a alimentar”, conclui Mário Passos.
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Famalicão Made In dá “empurrão” a 411 empresas e capta 347 milhões de euros de investimento
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