Torneiras de Famalicão ganham mais fábrica e “pingam” na Arábia Saudita

Com vendas de 18 milhões de euros e 165 trabalhadores, a minhota Bruma investe na expansão industrial e entra na Arábia Saudita. Guerra encolhe exportações para a Rússia e vizinhos do leste europeu.

Com origem numa empresa criada em 1953 para fabricar acessórios de canalizações e torneiras, a Bruma acaba de acrescentar 5.000 metros quadrados de área produtiva à unidade industrial localizada em Vila Nova de Famalicão. Passa a ter cerca de 15 mil metros quadrados de área coberta na sequência de um investimento avaliado em dois milhões de euros e que permitiu igualmente renovar o showroom da marca.

Concluída a expansão física da fábrica, a produtora de torneiras e acessórios de casa de banho, que emprega atualmente perto de 165 pessoas, vai avançar agora com a aquisição de novas máquinas e equipamentos para “aumentar a capacidade produtiva e otimizar os processos de produção, garantindo eficiência e qualidade em todas as etapas”, adianta ao ECO o presidente executivo, Hélder Barbosa.

Foi em 2002 e com o objetivo de “elevar os patamares de qualidade, design e inovação neste setor” que a empresa detida pela família Barbosa decidiu criar a marca Bruma. Mais de duas décadas depois, no ano passado faturou 17,9 milhões de euros, num crescimento homólogo de 3% “atribuído em grande parte à estratégia focada nos mercados de exportação, que tiveram um papel vital em sustentar e impulsionar a expansão”, face à “ligeira diminuição” de vendas a nível interno.

Com presença em quase 50 países, as encomendas do estrangeiro equivalem a cerca de 30% do total. Espanha, Emirados Árabes Unidos, França, Grécia e Polónia são os destinos com maior expressão. No entanto, a novidade mais recente é a entrada na Arábia Saudita, concretizada no final de 2022 e que já começa a render “alguns frutos”, com um peso de 3% nas exportações. Um mercado “bastante atrativo”, justifica o CEO, pela “dinâmica centrada essencialmente em projetos de grande dimensão”.

Hélder Barbosa, CEO da Bruma

Para entrar neste mercado, a empresa minhota assinou uma parceria com uma das maiores empresas de distribuição de materiais de construção no país. Está também a “consolidar” a marca junto de “renomados escritórios de arquitetura locais que participam como prescritores”. “Tendo em conta o tipo de cliente altamente específico que este mercado tem, os produtos mais comercializados são as coleções mais exclusivas [Flowing Art], com os acabamentos mais premium, resume Hélder Barbosa.

“A capacidade de identificar e capitalizar oportunidades estratégicas em mercados emergentes foi fundamental para o nosso sucesso. Ao diversificar geograficamente e concentrar esforços nessas regiões promissoras, conseguimos compensar eventuais desafios enfrentados no mercado interno. Mesmo perante a constante inflação e instabilidade global, a Bruma demonstrou resiliência e adaptabilidade, mantendo um ritmo de crescimento constante”, assegura o empresário.

Guerra encolhe vendas na Rússia e Leste europeu

A nível nacional, onde neste segmento enfrenta concorrentes como a Grohe, Hansgrohe, Cifial ou Sanindusa, a Bruma é parceira de vários grupos hoteleiros – entre as “obras de referência” inclui o Torel Avantgarde (Porto), o Bairro Alto Hotel (Lisboa), o Montebelo Vista Alegre (Ílhavo) ou o icónico Tivoli Marina Vilamoura (Algarve) – e tem projetos com alguns dos principais gabinetes de arquitetura.

Lá fora, Hélder Barbosa destaca a instalação das torneiras e dos acessórios de casa de banho da marca portuguesa nos hotéis da cadeia Hilton na República Dominicana ou, ambos no Dubai, no Crowne Plaza e no Intercontinental – este último ainda em construção e catalogado pelo empresário nortenho como “o mais recente e com mais impacto” que integra o portefólio.

No entanto, a expansão internacional sofreu um revés nos últimos anos com a perda de vendas no mercado russo depois do início do conflito militar com a Ucrânia. Embora não integrasse a lista principal, a Rússia “sempre foi um país importante para a exportação”. “Naturalmente, desde o aprofundamento da crise e o início da guerra, as vendas têm-se ressentido substancialmente”, admitiu o CEO, sem contabilizar os prejuízos.

Por outro lado, devido à instabilidade naquela região e às “naturais dificuldades e restrições a nível logístico”, o panorama negativo para a empresa portuguesa repete-se também nos países vizinhos. “Estamos a lidar com a naturalidade e precaução que a situação por si exige, cumprindo e seguindo sempre as indicações e restrições implementadas pela União Europeia no que concerne à exportação para a Rússia”, remata.

A Rússia sempre foi um país importante para a nossa exportação. Naturalmente, as vendas têm-se ressentido substancialmente. Este panorama repete-se também nos países circundantes devido à instabilidade na região e às naturais dificuldades e restrições a nível logístico.

Hélder Barbosa

CEO da Bruma

Se na internacionalização, em que começou a apostar mais a sério a partir de 2015, o principal investimento passa pela “criação de notoriedade” através da presença assídua nas principais feiras mundiais do setor, como a Cersaie (Itália), a ISH (Alemanha) e a Cevisama (Espanha), no campo da sustentabilidade, embora esteja num setor “pouco poluente”, ressalva Hélder Barbosa, a Bruma instalou em 2023 mais de 400 painéis solares, com os quais prevê reduzir cerca de 122 toneladas de emissões de CO2 por ano.

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