Fábrica de pneus da Continental em Famalicão acelera produção sustentável

A fábrica de pneus da Continental em Lousado está a produzir um modelo de pneus com 65% de materiais renováveis. Objetivo é atingir a neutralidade carbónica até 2040.

Tem 65% de materiais renováveis, como fibras feitas à base de garrafas recicladas ou aço reciclado, e é produzido na fábrica da Continental em Portugal, situada em Lousado, em Vila Nova de Famalicão. Com uma produção anual de cerca de 19 milhões de pneus, a fábrica detida pela multinacional alemã está a produzir em exclusivo o UltraContact NXT, o pneu de série mais sustentável do mercado. A Continental estima atingir a neutralidade carbónica em 2040, mas Lousado já está a produzir pneus neutros em emissões de CO2.

Com cerca de 2.700 pessoas, a fábrica de Lousado é a única do grupo a produzir este pneu em que a maioria dos materiais são renováveis, reciclados e certificados com balanço de massa, conforme explicou Thomas Wanka, engenheiro sénior da Continental, numa visita à fábrica que a empresa alemã controla em Vila Nova de Famalicão na década de 90. O fabrico deste novo pneu é o primeiro passo para a empresa atingir a neutralidade carbónica em toda a sua linha de produção em 2040.

Nova caldeira permite produzir pneus sem emissões

Ainda que o grupo apenas antecipe alcançar a neutralidade carbónica em 2040, em Lousado já é possível, desde este ano, produzir pneus sem emissões de CO2. Segundo a informação divulgada pela companhia, isto apenas é possível devido à utilização de uma caldeira de geração de vapor que funciona totalmente com eletricidade, explicou a empresa em comunicado.

Ao contrário do que acontecia antes, em que o gás natural era a única fonte de energia para a geração de vapor – a grande fonte de energia usada no chamado processo de vulcanização, em que a energia térmica transforma borracha bruta em borracha flexível e elástica, dando ao pneu a sua forma – , a fábrica de Lousado utiliza agora energia solar produzida na fábrica e eletricidade renovável da rede.

A nova caldeira elétrica a vapor converte energia solar e outra eletricidade verde em vapor quase sem perdas. A água é bombeada da parte inferior da caldeira para o topo, onde é pulverizada nos elétrodos. A corrente elétrica flui através dos jatos de água e cria calor dentro da água até que ela evapore em vapor.

Todas as fábricas de pneus da Continental estão a trabalhar intensamente para tornar a produção cada vez mais sustentável e energeticamente eficiente. Cada um de nós tem de lidar com uma grande variedade de condições, tais como as condições meteorológicas ou a disponibilidade de fontes de energia renováveis”, explicou Pedro Carreira, presidente da Continental em Portugal, citado em comunicado.

A empresa prevê ainda continuar a reduzir o desperdício, reduzir em 20% o consumo de água e energia até 2030, assim como reduzir em 20% a geração de lixo por tonelada face a 2020 e deixar de usar carvão e combustível à base de petróleo na sua produção até 2025.

Em termos de consumo de energia — a indústria de pneus é intensiva no consumo de energia devido à necessidade de gerar vapor para moldar o pneu a elevadas temperaturas –, a fábrica de Lousado está a implementar medidas para reduzi-lo, por um lado, e, por outro, reforçar a utilização de energia renovável. Em 2021 colocou os primeiros painéis solares no edifício e o objetivo é que todos os edifícios do complexo estejam cobertos por painéis, permitindo que, dentro de alguns anos, 10% do consumo de energia seja renovável.

Fábrica da Continental Mabor em Lousado (Vila Nova de Famalicão)Ricardo Castelo/ECO

Camiões autónomos para ligar armazém à fábrica

Em funcionamento há mais de três décadas e com uma área coberta de 389.494 metros quadrados no final de 2023, após a mais recente expansão com a construção do novo mega armazém, a fábrica de pneus da Continental em Vila Nova de Famalicão, que ocupa hoje um espaço oito vezes superior ao que ocupava em 1990 (40.500 metros quadrados) é a maior do grupo no mundo, a companhia tem a andar um projeto para implementar um sistema de condução autónoma de camiões elétricos para ligar a fábrica ao seu novo armazém, que implicou um investimento de 60 milhões de euros, e que pode albergar até dois milhões de pneus.

Todos os dias, saem do complexo industrial de Lousado 90 camiões carregados de pneus. Entre o armazém e a fábrica de produção são feitas seis viagens por hora nos dois sentidos. A troca de camiões tradicionais por veículos autónomos elétricos permitirá, por um lado, automatizar este processo, e, por outro, reduzir a pegada ecológica, assim como reduzir o barulho para os vizinhos da fábrica, que funciona 24 horas por dia.

Portugal tem recebido novos investimentos todos os anos e continua a expandir a sua produção. Em 2017, a fábrica iniciou a produção de pneus agrícola e, em 2020, começou a fazer também pneus Off the Road (OTR), para maquinaria pesada.

A estratégia Visão 2030 da Continental tem sido um motor dos investimentos da empresa em Lousado, que totalizaram cerca de 150 milhões de euros nos últimos dois anos. Nos últimos três anos, o montante de investimentos ascende a 200 milhões.

Estes investimentos foram direcionados para aumentar a produção de pneus para automóveis de passageiros, expandir a produção de pneus de alto desempenho e aumentar a produção de pneus agrícolas.

Com mais de 2.700 empregados — grande parte dos 3.700 que a Continental tem em Portugal –, a fábrica de Lousado tem intensificado o investimento em novas máquinas e na maior automatização, colocando robôs a recolher e transportar pneus na fábrica. Depois do investimento num novo armazém, a fábrica tem já aprovados projetos para continuar a comprar novos equipamentos.

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