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CNN não quer “adormecer à sombra da liderança” e apresenta novidades

Rafael Ascensão,

Tendo terminado 2024 como líder entre os canais de informação, a CNN quer manter-se como o canal preferido dos portugueses. A aposta é na diversificação da oferta e abordagem.

José Eduardo Moniz (diretor-geral da TVI), Mário Ferreira (presidente do conselho de administração da Media Capital), Nuno Santos (diretor da CNN Portugal e diretor de informação da TVI) e Pedro Morais Leitão (CEO da Media Capital).

“O mais importante são sempre as notícias”, começou por afirmar Nuno Santos, diretor da CNN Portugal e também diretor de informação da TVI. No entanto, a CNN quer apostar na diversificação da sua oferta, tanto em termos de abordagem como de conteúdo. “Isto significa que nós, sendo líderes, não queremos adormecer à sombra dessa liderança e queremos marcar o passo“, afirmou o responsável ao +M, à margem de um evento de apresentação de novidades do canal.

Para isso, a CNN quer também contar com o apoio de anunciantes. “Nós precisamos de tornar ainda mais forte esta ligação que já temos [com os anunciantes] para criarmos novos conteúdos, para irmos ao encontro das marcas. Estamos disponíveis para isso. O mais importante são as notícias, mas nós também precisamos de trabalhar para outros públicos e isso significa uma ligação mais estreita com o mercado publicitário“, disse Nuno Santos no evento.

Diversificar a abordagem e os conteúdos é agora a aposta do canal, com seis programas novos ou que contam com novidades.

No que diz respeito ao “Agora CNN” (segunda a sexta-feira, às 15h) as notícias do dia “ganham uma nova forma de apresentação e hierarquização para serem mais bem entendidas pelo espectador”, visando contextualizar e descodificar a informação.

Já o “Arena CNN” (segunda a sexta-feira, às 17h) e apresentado por Rita Rodrigues, vai juntar quatro analistas e comentadores para tratarem, em direto, os dois principais temas informativos do dia. “Com uma forte componente em direto e com recurso a modernas soluções de infografismo, o Arena CNN coloca a nossa cobertura noticiosa no patamar da inovação, que é um dos principais desígnios da CNN”, lê-se em nota de imprensa.

Ao espaço de debate “Crossfire” é concedida uma nova identidade e novos protagonistas. À segunda-feira, Anabela Neves e Rui Calafate convidam uma “figura da vida política ou social do país” para, em conjunto, debaterem os grandes temas na agenda. À terça-feira, Rui Moreira junta-se a Sérgio Sousa Pinto e a Helena Matos, enquanto à quarta-feira Mafalda Anjos marca presença no programa em conjunto com Miguel Relvas e Álvaro Beleza.

Em “O Mistério das Finanças” os jornalistas Pedro Santos Guerreiro e António Costa contam com um ou mais convidados para “resolver mistérios da nossa economia — e do seu impacto nas vidas dos portugueses”. Nascido em 2019 enquanto podcast, o programa salta agora para a televisão numa parceria entre a CNN e o ECO para “decifrar e revelar temas, desde finanças pessoais à gestão de empresas, de políticas públicas e mercados financeiros”.

Nas manhãs de fim de semana, António Botelho apresenta “um programa muito diferente da esfera em geral e da oferta da CNN em particular”. Com o apoio dos comentadores Luís Villar e Diogo Luís e de especialistas nas áreas financeiras e de marketing desportivo, o novo programa “Football Business League” debruça-se sobre os negócios que envolvem o futebol.

Já o programa “Game Changers“, em associação com a Câmara do Comércio e Indústria, é lançado para ser o “novo espaço de conversa com os líderes em diferentes setores da atividade económica”, naquela que pretende ser “uma descontraída conversa entre pares game changers”.

Avançando, embora sem concretizar, que a CNN Portugal fechou o ano de 2024 “no verde”, uma vez que “tem hoje em dia um grande alcance” e que em termos publicitários “é um braço importante do grupo”, Nuno Santos assume com objetivo para o canal manter a liderança este ano.

No ano passado, a CNN Portugal foi líder entre os canais de informação, tendo fechado 2024 com 2,4% de share e 50,5 mil espetadores. O canal do grupo Media Capital ficou assim à frente da SIC Notícias (share 1,9% e média por 40,9 mil telespectadores) e RTP3 (share de 0,7% e 15,6 mil telespectadores).

Queremos manter a posição de liderança, por um lado. Por outro, acreditamos que a quota com a qual fechamos o ano é relevante, também do ponto de vista do mercado publicitário, e apontamos este ano para uma quota muito semelhante“, disse ao +M Nuno Santos.

José Eduardo Moniz, referindo que a CNN tem um “papel liderante, os melhores programas, o melhor posicionamento e um rumo identidade que o mercado reconhece, quer no que diz respeito aos espectadores, quer em relação aos anunciantes“, afirmou também estar “satisfeito”.

No entanto, as expectativas são que, “naturalmente”, a CNN possa crescer. “A CNN não é um mero canal de televisão, é muito mais do que isso. A sua operação digital é muito importante e acreditamos que é possível, com o conjunto de programas que iremos introduzir ao longo do ano, chegar mais longe“, referiu.

Neste campo do digital, Nuno Santos apontou que a aposta é constante. “Temos hoje mais presença e conteúdos digitais do que tínhamos no primeiro dia, e isso significa que estamos a conseguir trabalhar com novas ferramentas — como legendagem instantânea ou algumas ferramentas de inteligência artificial em fase de teste –, de modo a podermos ter mais informação e também mais contexto”. Esta aposta no digital é feita também numa lógica de aposta em multiplataforma, que “é hoje a lógica dos media“.

Já em entrevista em novembro ao +M, Nuno Santos elegia como objetivos para este ano a melhoria da cross promotion entre antena e site, bem como a aposta em “opinião qualificada, distintiva” e em podcasts.

A área dos podcast, na verdade, é aquela “onde, apesar de tudo, a nossa oferta ainda não me preenche as expectativas e, portanto, acredito que não preencha a dos espectadores. É uma área na qual estamos a trabalhar para ter mais produtos em 2025”, disse Nuno Santos, sem adiantar novidades neste campo. No verão a “situação já será diferente, para melhor”, acrescentou.

O diretor da CNN Portugal e também diretor de informação da TVI classificou ainda como “estranho” o cenário dos canais de informação em Portugal. Isto porque “temos muita oferta, por um lado, mas por outro temos pouca diversificação na forma como abordamos os conteúdos. Acho que os canais são todos muito parecidos e isso não é bom para o espectador. Gostava que todos fôssemos mais diferentes uns dos outros“, afirmou ao +M.

A aposta no futebol

Tendo em conta que, em novembro passado, a TVI chegou a acordo com o Moreirense Futebol Clube para transmitir nos canais do grupo os jogos em casa do clube minhoto, José Eduardo Moniz deixou em aberto a possibilidade de avançar com outras apostas neste “campeonato” que é o desporto e, mais em concreto, o futebol.

O segredo é a alma do negócio“, disse ao +M quando questionado sobre se o acordo com o Moreirense seria uma aposta única. “Nós temos ambição e temos vontade de assumir um papel de referência nas várias áreas de atividade em que nos baseamos — seja informação, ficção, entretenimento e desporto –, e nessa medida estamos sempre a olhar para as oportunidades de forma permanente. O que for possível nós faremos, sem loucuras”, afirmou.

O desporto sempre foi uma aposta, pode assumir uma maior dimensão ou menor, em função das circunstâncias do momento, mas é uma área de atividade em relação à qual sempre estivemos atentos e continuaremos a estar“, acrescentou.

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