Chris Lynch, Chief Marketing Officer da Sovos, aponta Portugal como um "verdadeiro laboratório europeu" na transformação digital da fiscalidade, um passo que diz tornar as empresas mais competitivas.
A transformação digital da fiscalidade está em curso e Portugal está a liderar este movimento que está a redefinir a competitividade e a transparência empresarial, afirma Chris Lynch, Chief Marketing Officer da Sovos, apontando o país como um “verdadeiro laboratório europeu” nesta área.
Em entrevista por escrito ao EContas, o responsável refere que as empresas estão a dar passos para responder a esta digitalização da fiscalidade, estando conscientes de que é, neste momento, mais do que uma obrigação que tem de ser cumprida.
Também os reguladores estão a adaptar-se a estas mudanças, ainda que seja um “processo contínuo”. Chris Lynch realça que é preciso garantir que autoridades e empresas têm as infraestruturas tecnológicas capazes de suportar este novo modelo.
A digitalização fiscal já está em curso em Portugal? Em que fase se encontra este processo?
Sem dúvida. Portugal está na vanguarda da digitalização fiscal na Europa. Temos um ecossistema muito maduro, com o QR Code e o ATCUD já implementados, e com a faturação eletrónica obrigatória no setor público. O país tem testado consistentemente novos mecanismos de declaração digital que, posteriormente, servem de referência para outras regiões. É uma evolução natural que confirma Portugal como um verdadeiro laboratório europeu nesta área.
Como é que as empresas, sobretudo em Portugal, se estão a adaptar à digitalização fiscal?
As empresas portuguesas estão conscientes de que a conformidade digital deixou de ser apenas uma obrigação, passou a ser um fator de competitividade. Os mais qualificados estão a investir em soluções que automatizam os processos fiscais e eliminam os riscos de incumprimento. O desafio reside no facto de o quadro regulamentar mudar frequentemente, o que exige uma atualização constante.
Portugal está na vanguarda da digitalização fiscal na Europa. Temos um ecossistema muito maduro, com o QR Code e o ATCUD já implementados, e com a faturação eletrónica obrigatória no setor público.
Como é que a digitalização impacta a transparência fiscal?
O impacto é enorme. A digitalização permite um controlo muito mais rigoroso das transações e uma redução significativa da economia paralela. Cada fatura tem agora uma identidade única e rastreável, o que aumenta a transparência e a confiança entre empresas, autoridades e consumidores. Este nível de visibilidade é positivo para todos e contribui para um sistema fiscal mais justo e equilibrado.
Quais são os principais riscos e oportunidades associados à exclusão fiscal?
O maior risco é a fragmentação. Cada país tem o seu próprio calendário, formatos e regras específicas, o que cria complexidade para os grupos internacionais. Uma grande oportunidade, por outro lado, é a eficiência: a automatização fiscal liberta tempo e recursos, melhora a qualidade da informação e permite decisões mais rápidas e estratégicas. As empresas que veem a conformidade como parte do seu processo de inovação acabam por ganhar vantagem competitiva.
Como é garantida a proteção de dados nesta mudança de paradigma?
A proteção de dados é uma prioridade absoluta. Na Sovos, todo o ecossistema foi concebido com base em princípios de segurança e privacidade, privacidade de ponta a ponta, certificações internacionais e uma política de governação rigorosa. Trabalhamos com informação extremamente sensível, para isso aplicamos os mais altos padrões, em conformidade com o RGPD e as melhores práticas globais.
Como é que a implementação da IA pode afetar o trabalho dos profissionais de contabilidade e auditoria?
A inteligência artificial está a transformar o papel destes profissionais, mas não os substitui. O que estamos a vender é uma mudança de foco: a IA automatiza tarefas repetitivas e de validação, libertando tempo para que os contabilistas e auditores se concentrem na análise, planeamento e consultoria estratégica. É uma evolução natural do setor, e a tecnologia deve ser vista como um parceiro de confiança.
As empresas portuguesas estão conscientes de que a conformidade digital deixou de ser apenas uma obrigação, passou a ser um fator de competitividade (…) O desafio reside no facto de o quadro regulamentar mudar frequentemente, o que exige uma atualização constante.
Os reguladores estão a adaptar-se à digitalização fiscal? Que medidas ainda têm de ser tomadas?
De facto, sim, mas é um processo contínuo. A aprovação do pacote europeu “IVA na Era Digital” (ViDA) foi um passo decisivo, uma vez que cria uma estrutura comum a todos os Estados-Membros. Agora, o foco está na implementação prática e em garantir que as autoridades e as empresas têm infraestruturas tecnológicas capazes de suportar este novo modelo.
Qual o papel de Portugal enquanto laboratório de inovação em regulação digital?
Portugal tem sido um exemplo de pragmatismo. O país foi pioneiro com o QR Code e o ATCUD, e conseguiu equilibrar a inovação com o realismo regulatório. Esta combinação faz com que muitos vejam o modelo português como uma referência. Não é por acaso que a Sovos está a crescer em Portugal. Existe talento, conhecimento técnico e uma cultura de adaptação que promove a inovação.
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