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“A MOP vai valer muito mais daqui a dois anos ou três, quando solidificar os inventários e conquistas”

Carla Borges Ferreira, Diogo Simões, Hugo Amaral,

Vasco Perestrelo admite que o objetivo é vender a MOP, mas a decisão terá sido adiada. "Uma das grandes razões para decidir não pensar na venda no curto prazo, é que todo o valor está pela frente".

A eventual venda da MOP é um tema recorrente no mercado. Detida maioritariamente pelo fundo Explorer Investments, Vasco Perestrelo, CEO e também acionista da empresa, admite que o objetivo é vender e o melhor possível.

As conversas com potenciais compradores, no entanto, terão pausado. “Vamos seguir o nosso caminho. Uma das grandes razões para decidir não pensar na venda no curto prazo, é que todo o valor está pela frente. Quando vende uma empresa, faz normalmente a avaliação com base no histórico, não é no futuro. A empresa vai valer muito mais daqui a dois anos ou três, quando solidificar os inventários e conquistas que entretanto fez”, aponta o gestor. “Em tese”, grupos de media são potenciais interessados, diz o CEO em entrevista ao +M. A polémica dos painéis publicitários em Lisboa, o fim da publicidade na RTP e o futuro do meio outdoor são outros dos temas abordados.

Fala-se com frequência na venda da MOP. Está à venda? Esteve quase vendida, nomeadamente a Media Capital?

A MOP tem dois acionistas, um fundo private equity e eu próprio.

Qual a sua percentagem?

É simbólica. Mas, como tal, há-de ter novos acionistas, pode ter novos fundos. Pode ser um player do mercado? Pode, eventualmente. Acho que não será agora mas, em tese, pode.

Com a Media Capital estiveram próximos de um acordo?

Vou dizer de outra maneira, para não ferir suscetibilidades. Qual era a estratégia, universal, dos grandes grupos de media? É controlar o share of voice. Os grupos de media cresceram na tentativa de conseguir que, por exemplo, quando a MacDonald’s faz um investimento, eles conseguissem captar todo o share de todos os meios. Tentam ter rádios, imprensa, televisão, etc. Ora, o que é que acontece? Como os seus meios tradicionais estão a cair, eles têm de se virar para os meios que crescem, se quiserem ganhar quota. No digital, não se pode comprar a Google, não se pode comprar o Facebook, que são de grandes players. Portanto, sobra o outdoor, não há muito mais.

uma tendência natural, não só em Portugal mas no mundo, de os grupos de media estarem interessados pelo outdoor. Será uma tendência cada vez maior, se as coisas continuarem a evoluir como tem vindo a acontecer. Portanto, os grupos de media sempre estiveram próximos de nós nestas conversas, não é de agora. Vai ser tendência, se as coisas continuarem a correr melhor para o outdoor.

Então, se falarmos dos grupos de media em Portugal, porque a MOP está em Portugal, o que está a dizer é que Impresa, a Media Capital,…

Todos. Outra questão é se têm o dinheiro pelo qual o fundo e eu próprio gostaríamos um dia de vender. Estou a dizer em termos académicos. Quem são os futuros acionistas possíveis da MOP? Ou outros private equity, ou players internacionais que querem entrar em Portugal, e há muitos, principalmente espanhóis, que querem crescer para Portugal, ou os players locais, embora muitos deles, quase a maioria, tenham problemas de concorrência. Uma das coisas más ou boas de tantos processos de concorrência que houve com Lisboa, [com os os concursos para publicidade exterior] é que ficamos a saber que estão todos no limite da concorrência.

Nesse caso estamos a falar de empresas de outdoor.

Sim, estou a falar academicamente.

A MOP ser comprada pela DreamMedia?

Em tese nada impede. DreamMedia, JCDecaux ou outra. Tem é depois problemas possíveis de concorrência para resolver.

Mas houve conversas nesse sentido?

Não, não. Estou a dizer para não fulanizar, sei que é esse o objetivo, mas não vou fazê-lo. É completamente óbvio, é natural que os grupos nacionais de media queiram consolidar, se possível, e que os grupos estrangeiros queiram vir para cá. Não há grandes operadores que possa comprar, a não ser eventualmente, a MOP e a DreamMedia, que são independentes.

Como imagina a MOP a dois anos? E com que estrutura acionista?

Não sei. O fundo tem como objetivo claro a rentabilidade dos seus investidores e, portanto, venderá da melhor maneira possível. Neste sortido, depende de quem, na devida altura, der esse melhor negócio ao fundo. A parte boa é que acho que a MOP tem futuro em qualquer cenário. Conseguimos seguir este caminho, para a liderança sozinhos. Agora, se tivermos dentro do grupo de comunicação, há sinergias que se pode ter. Se estivemos integrados…

Como é que gostava que viesse a ser?

Não tenho grandes ‘gostares’, sinceramente. Há vantagens e desvantagens em cada solução. Estarmos dentro de um grupo de comunicação dá vantagens ao nível das sinergias, há uma força maior, mas a independência é menor. Se for um player de fora, é igual ao que é hoje, não há diferença nenhuma, é um acionista que muda. Se for um private equity, a mesma coisa, estamos habituados. Se for um concorrente, há uma integração com esse concorrente, sendo que depois aí há sempre questões de concorrência. Depende também de quem for o corrente, se ficamos muito maiores se não, tem que haver remédios. Mas há uma grande tranquilidade.

Quando é que conta haver uma decisão? Neste momento há processos em curso?

Não. Chegou a haver, isso parou.

Com a Media Capital? Chegou a haver até há poucos meses…

Geral, até há poucos meses. A solução que vamos preconizar é muito idêntica à que temos agora, com os mesmos acionistas, diria, o mesmo modelo. Vamos seguir o nosso caminho. Uma das grandes razões para decidir não pensar na venda no curto prazo, é que todo o valor está pela frente. Quando vende uma empresa, faz normalmente a avaliação com base no histórico, não é no futuro. A empresa vai valer muito mais daqui a dois anos ou três, quando solidificar os inventários e conquistas que entretanto fez, que se vão refletir eventualmente nos números. Portanto, no fundo, se quiser, a decisão importante foi que vamos ter de fazer o rollout deste processo de três a cinco anos, para potenciar o valor. E, aí sim, potenciar o máximo de valor também como acionistas e para os investidores.

Assista aqui à entrevista completa:

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