As decisões de negócio tomam-se com base no contexto mediático
Os profissionais e gestores estarão mais capacitados para lidar, de forma ágil, com estas transformações, bem como para as antecipar, se utilizarem corretamente os dados para tomarem decisões.
À boleia do cenário mediático, as “regras do jogo” estão a mudar. Estamos a mergulhar num cenário de mudanças que promete redefinir as áreas da gestão, do marketing e das relações públicas. Assim, é fundamental que os gestores comecem a olhar para a área de media intelligence enquanto catalisador para decifrar as complexidades que definem a sociedade, as empresas e as pessoas, a um nível estratégico.
O termo “media intelligence” já é conhecido além-fronteiras, porém, em Portugal, ainda se fala muito sobre clipping enquanto a única ferramenta associada à monitorização dos media. Nesse sentido, pretendo explorar, neste artigo, algumas tendências que irão moldar o universo da tomada de decisão durante 2024, numa era que evolui rapidamente, enquanto procuro “levantar o pano” acerca do papel de media intelligence em empresas e sociedade (e a razão pela qual o termo “clipping” não explica, verdadeiramente, o poder da monitorização dos media).
Em primeiro lugar, destacam-se os temas transversais a toda a sociedade, que vão marcar o ritmo empresarial: a saúde mental, a igualdade social e a ética. Neste cenário no qual a Inteligência Artificial e a computação quântica ganham um maior destaque de dia para dia, a área de media intelligence permitirá uma maior compreensão destes temas, ajudando a guiar os decisores estratégicos e os profissionais de comunicação na criação de valor que vai para além do convencional. Os negócios estarão mais preparados para lidar com estes temas, utilizando insights à boleia da inteligência e análise mediática, que permitem obter a vantagem e diferenciação competitiva que as organizações ambicionam.
A responsabilidade social corporativa estará, também, na vanguarda do debate. Temas de ESG – Ambiente, Sociedade e Governance – serão incluídos nas estratégias organizacionais, prevendo um aumento do compromisso para com implementação das suas boas práticas, mas também da sua comunicação como posicionamento no mercado, de forma mais transparente e clara para os seus stakeholders e para a sua cadeia de valor. A media intelligence entra nesta área de forma óbvia, também, já que permite perceber o contexto mediático e empresarial e apoia as decisões. Sem esta orientação, as empresas e pessoas terão dificuldade em perceber o que está a ser feito (de bom e de mau), e não terão dados que sustentem as suas intenções. A narrativa empresarial será ditada pela media intelligence.
Veremos também o papel verdadeiramente transformador da tecnologia, e em particular da Inteligência Artificial nas organizações. A adoção acelerada da tecnologia e integração profunda da automatização nas empresas tem impacto, e continuará a ter. As estratégias de comunicação só serão eficazes se os dados — e as tendências — estiverem continuamente a ser submetidas a análise em tempo real. E neste cenário de constante mudança, debater e refletir sobre este tema mostra-se profundamente essencial. Deixar as decisões estratégicas “ao acaso” não deverá, nunca, ser a resposta. É importante implementar ferramentas que levem a uma agilidade empresarial óbvia, onde a gestão inteligente e estratégica acompanha todas as decisões.
Por último, destaca-se o declínio, cada vez mais evidente, do AVE (Advertising Value Equivalent) enquanto ferramenta de análise, e a ascensão de outras dimensões mais sofisticadas que apoiam as decisões de negócio, em particular na área de comunicação estratégica, claro. Os profissionais de comunicação, bem como as agências da mesma área, irão valorizar o clipping analítico, KPI de interação, análise de tráfego digital, sumários executivos de notícias (algo cada vez mais possível através da IA) e métricas de sentiment analysis que permitam medir o impacto de campanhas estratégicas de comunicação.
Não tenho dúvidas de que 2024 será um ano de evolução marcante na adoção da media intelligence como ferramenta de apoio à tomada de decisão organizacional, que atuará como uma “bússola” para navegar em todas as mudanças que, quase diariamente, vão surgindo e alterando completamente o paradigma. Os profissionais e gestores estarão mais capacitados para lidar, de forma ágil, com estas transformações, bem como para as antecipar, se utilizarem corretamente os dados empresariais para tomarem decisões. Este novo “capítulo” que nos espera é empolgante.
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