CEO da própria família

  • Daniel Sá
  • 12 Outubro 2023

É neste novo mundo que os profissionais de marketing precisam atuar e gerir as suas marcas. Não há espaço para marcas não genuínas.

Segundo dados do INE relativos ao ano de 2020, as despesas médias de consumo das famílias portuguesas eram lideradas pelas despesas com alimentação, bebidas e tabaco num total de 22%. Nesta lista seguiam-se despesas com habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis (20%), transportes e comunicações (14%), bens e serviços diversos (11%), restaurantes e hotéis (10%), vestuário e calçado (6%), mobiliário, artigos de decoração, equipamento doméstico e manutenção corrente da habitação (6%), saúde (5%), lazer, recreação e cultura (5%) e educação (2%).

Estes dados não incorporam ainda factos relevantes, que aconteceram depois de 2020, como a Guerra na Ucrânia, a crise energética e o boom da inflação, a tensão crescente entre os Estados Unidos e a China, o planeta Terra ter superado os 8 mil milhões de habitantes, o final da pandemia da Covid-19 ou ainda os fenómenos laborais do quite quitting ou da great resignation que também chegaram a Portugal.

O INE não disponibiliza ainda os dados atuais, mas facilmente se percebe que as despesas médias de consumo das famílias portuguesas serão impactadas significativamente por todas estas alterações, bem como o rendimento disponível que terá sido diminuído nos últimos tempos.

O mundo continua a viver um estado de verdadeira desordem mundial onde, segundo o estudo ipsos global trends 2023, se verifica que 74% da população europeia acha que os governos não vão conseguir fazer muito por nós nos próximos anos, 80% entendem que se não fizemos alterações radicais vamos viver um desastre ambiental e 53% pensam que os líderes empresariais não dizem a verdade.

São por isso tempos de desordem mundial e nacional onde a previsibilidade e estabilidade da nossa vida social, económica e cultural são manifestamente afetadas. Tal como no mundo empresarial, também as famílias portuguesas têm que rever os seus rendimentos e gastos e a planear com uma perspetiva de média e longo prazo. Várias famílias sempre o fizeram, mas a grande maioria vive uma gestão de curto prazo, muitas vezes com um horizonte temporal mensal, semanal ou até diário.

Em tempos adversos, onde para além da incerteza que cai sobre as famílias, também a geração mais nova vê a sua passagem para a vida adulta dificultada pelo acesso ao emprego, a bons salários e a habitação com um preço acessível. Creio assim, que se vai acentuar nos tempos mais próximos, a necessidade de passarmos a ser o CEO da nossa família ou apenas de nós próprios.

Temos que nos habituar a lidar com esta independência e autonomia acentuada pela incapacidade dos governantes e estados terem capacidade de nos ajudar de forma significativa. Torna-se importante por isso criar formações específicas sobre este tema e criar empresas e serviços específicos que ajudem cidadãos e famílias a atingir estes objetivos. A inteligência artificial vai dar uma enorme ajuda neste campo. A desordem veio para ficar.

É neste novo mundo que os profissionais de marketing precisam atuar e gerir as suas marcas. Não há espaço para marcas não genuínas.

  • Daniel Sá
  • Diretor executivo do IPAM

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