O marketeer de hoje e o politicamente correto…limitação ou respeito?

  • Patrícia Nunes Coelho
  • 26 Julho 2023

O marketing e o politicamente correto não são incompatíveis, mas exigem equilíbrio, sensibilidade e bom senso.

O marketing é e sempre foi uma atividade que procura conhecer as necessidades e desejos, atuais e futuros dos consumidores, de modo a criar soluções que os complementem e que os satisfaçam. E que quando utilizam a nossa marca se sintam bem por isso. Assim, neste processo o marketeer tem por obrigação conhecer o mercado e a sociedade em que se insere, tal como os respetivos pensamentos e ideologias.

Mas o que é o politicamente correto?

É um conjunto de normas e valores criados que visam evitar ofender grupos minoritários, vulneráveis ou descriminados. Mas vai mais além, ajudam a promover uma cultura de respeito pelos direitos humanos, de diversidade, valorizando as diferenças e reconhecendo a pluralidade de identidades e experiências que compõem uma sociedade. Ou seja, a sua universalidade!

O politicamente correto não é uma imposição autoritária ou arbitrária, mas sim uma proposta ética e democrática de convivência social, sempre baseada no diálogo, na empatia, na solidariedade e na responsabilidade. O politicamente correto não é uma ameaça, mas sim uma condição para a sua realização plena e igualitária de evolução de uma sociedade.

Quem mais pode ajudar, do quem comunica diariamente com a sociedade? O marketeer tem essa capacidade, desenvolvendo as suas estratégias e comunicação ajudando a promover uma cultura de universalidade.

Então, porque é que diariamente uma sombra paira sobre os ombros dos marketeers… o politicamente correto? Porque têm medo… medo de falhar, porque não há um manual do politicamente correco…

E o que deveremos fazer? Como se deve posicionar o marketeer?

Peço desculpa, mas a fórmula não é mágica, é igual a qualquer criação de valor de marca e baseia-se em bom senso e colocar-se no lugar do outro. Transformar esse medo em conhecimento e atuar de acordo (sem abusar, claro está!)

  1. Redoma: sair da redoma e conhecer a sua sociedade, quais as preferências, valores, opiniões, expectativas e necessidades. Saber quais são os temas mais sensíveis e como a sociedade reage às diferentes formas de comunicação.
  2. Falso: nunca! Seja autêntico, seja coerente com a sua missão, visão e valores. Mas não seja um aproveitador do politicamente correto apenas para ganhar simpatia ou visibilidade.
  3. Igual: Não seja igual às outras marcas só porque sim, por ser seguro. Arrisque, seja criativo, vá mais além! Use as emoções da sua sociedade mas sempre com bom senso e ética.
  4. Opaco: Fuja disso e seja transparente. Não tente esconder os seus erros ou falhas. Reconheça os erros e partilhe como está a trabalhar para ultrapassá-los. Peça desculpa quando necessário e corrija as suas ações quando possível.
  5. Rígido: Acalme-se e seja flexível. Esteja aberto ao diálogo e à diversidade de opiniões. Aprenda com as críticas e o feedback. Adapte-se às mudanças e às novas tendências de mercado. Olhe para dentro de si!

São passos que ajudam a caminhar, pois o marketing e o politicamente correto não são incompatíveis, mas exigem equilíbrio, sensibilidade e bom senso. O marketing deve ter a sua liberdade de expressão e a criatividade, mas também respeitar os direitos e a dignidade da sociedade, evitando ofensas e discriminações.

Por isso, não tenha medo, oiça e absorva, e sem ir com a manada, usando o bom senso, ajude a mudar o que eticamente deve ser mudado!

  • Patrícia Nunes Coelho
  • Diretora de marketing Ibéria da Control

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