“Falta um masterplan para a economia nacional”
Alexandre Fonseca participou na conferência promovida pela Câmara da Guarda sobre as alavancas do crescimento e identificou o que devem ser as prioridades económicas do país.
Portugal precisa de um ‘masterplan’ para o futuro da economia, afirmou Alexandre Fonseca, na conferência “Guarda – Alavancas para o Desenvolvimento Económico Sustentado”, realizada no âmbito da iniciativa municipal “Conferências da Guarda”. O gestor, hoje co-CEO da Altice Europa e chairman da Altice USA, lamentou que o Ministério da Economia tem pouco peso político. “A minha visão é que temos de dar peso político ao Ministério da Economia, que infelizmente não tem tido nos últimos anos“, afirmou, depois de deixar elogios a António Costa Silva pelas ideias que partilhou com o gestor num encontro recente.
Nesta conferência, que foi aberta pelo presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, e encerrada pela ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, o gestor da Altice identificou o que devem ser as prioridades do país nos próximos anos. Há, para Alexandre Fonseca, duas dimensões críticas para o desenvolvimento económico do país: Co-investimento e atração de investimento estrangeiro.
“Na atratividade de investimento estrangeiro, é preciso fazer reformas, por exemplo a lei laboral. Uma segunda vertente é a lei fiscal, depois a reforma da justiça, a necessidade de previsibilidade. Depois, reformas que permitam combater o problema demográfico e a desertificação. E por fim, uma profunda reforma da regulação e da concorrência em Portugal, porque não pode haver uma caça à multa das empresas que investem em Portugal”, afirmou Alexandre Fonseca. “Tenho feito um apelo, deixar de lado a ideologia“.
Relativamente ao co-investimento, Alexandre Fonseca citou o exemplo do que está a ser feito nas regiões do país que ainda não têm redes de fibra ótica. “Não temos de ter receios, estigmas. Temos de trabalhar em conjunto, o setor privado e o setor público, quando isso aconteceu, a qualidade de serviço melhorou, por exemplo no investimento em zonas ainda sem redes de fibra ótica“. E o gestor deixou implícito a critica ao que se passa na saúde, onde terminaram as PPP. O co-CEO da Altice Europa lembrou, perante uma plateia de empresários e gestores, o que foi feito na Altice Labs. “Quando tomei a decisão de fixar a Altice Labs, em 2016, tinha como objetivo dar sequência a um ecossistema, à capacidade de trabalharmos em conjunto, os laboratórios colaborativos“.
Alexandre Fonseca deixou críticas ao regulador do setor, a Anacom, mas insistiu na necessidade de olhar para o copo meio cheio. “Mas, para isso, temos de falar de investimento. Temos de trabalhar para atrair investimento, isso é decisivo. E, às vezes, parecemos esquecer isto… As empresas, os empresários e os gestores quase [são vistos] como os vilões“.
O gestor não deixou de falar, também, para as obrigações das empresas. “A transformação é também para as empresas. E temos de olhar, dentro das empresas, para a capacidade de atrair e reter talento. Concorremos com o mundo, e para isso precisamos de uma nova mentalidade de gestão, mais empreendedores, com mundo, com outras visões estratégicas, mas também com inteligência emocional“.
Guarda quer ser ‘Hub’ do interior, diz presidente da Câmara
O presidente da Câmara Municipal da Guarda, o independente Sérgio Costa, considerou que aquela cidade tem capacidade para vir a ser “o verdadeiro ‘hub’ do interior” ao nível da tecnologia e do empreendedorismo. “Nós, na Guarda, temos capacidade para nos tornarmos o verdadeiro ‘hub’ do interior [do país], ao nível da tecnologia, do empreendedorismo do interior de Portugal, alicerçado na transição digital, atraindo novas empresas e mais recursos humanos altamente qualificados”, afirmou o autarca na sessão de abertura da conferência.
Segundo Sérgio Costa, o novo Espaço Tecnológico do Centro Histórico, recentemente inaugurado, “é um verdadeiro caso de sucesso, repovoando de gente e empresas” aquela zona da cidade, “seguindo-se outras novas áreas de localização empresarial”.
Falou depois da logística, “um dos grandes fatores de atração e de empregabilidade” do concelho e da região, e da Plataforma Logística e da importância do início da atividade do Porto Seco, que espera que possa acontecer este ano, que completarão “de forma perfeita o ‘’hub’ do interior na Guarda”.
“O nosso concelho conta hoje com uma forte presença de grandes unidades industriais ligadas à logística, à distribuição, vocacionadas muito para a exportação, sendo dos maiores empregadores privados da região”, acrescentou.
O valor acrescentado que estas infraestruturas oferecem aos investimentos e aos projetos logísticos, aliados à tradição digital e ao laboratório colaborativo da logística criado pelo Politécnico da Guarda, são fatores determinantes para o seu sucesso e garantia de rentabilidade
O autarca lembrou na sua intervenção que a Guarda “tem estradas, tem ferrovia, tem parques logísticos, tem infraestruturas de comunicação e de energia, que irão projetar os seus ativos imobiliários para o futuro”. “O valor acrescentado que estas infraestruturas oferecem aos investimentos e aos projetos logísticos, aliados à tradição digital e ao laboratório colaborativo da logística criado pelo Politécnico da Guarda, são fatores determinantes para o seu sucesso e garantia de rentabilidade”, sublinhou.
Sérgio Costa observou, ainda, que a união do Porto Seco, da Plataforma Logística e do Terminal Rodoferroviário “será fundamental para a criação de uma nova plataforma logística nacional, proporcionando mais-valias económicas a estes ativos imobiliários”. “Mas queremos sempre ir mais longe, mas perto. E, por isso, estamos a criar novas áreas de localização empresarial, potenciando o teletrabalho como alavanca diferenciadora no mundo digital e tecnológico de hoje”, disse. A autarquia que lidera tudo fará “para atrair mais empresas e inovação para o interior do país, cumprindo o desígnio territorial”.
Na sua intervenção, Sérgio Costa também disse que a “cidade dos 15 minutos” tem na Guarda “um dos seus exemplos práticos”, pois “o trabalho, o comércio, a educação, a saúde e a cultura estão incomparavelmente mais acessíveis que nos grandes centros”.
O município que lidera está concentrado em “atrair e fixar pessoas de forma perene com empregos e mais economia, contribuindo para a competitividade, para o desenvolvimento sustentável e a fundamental coesão territorial do país”, vincou.
A conferência discutiu temas como “O papel da academia no desenvolvimento do ecossistema empreendedor local” e a “A importância das redes de nova geração na atração de investimento e fixação de pessoas”.
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