Governo exclui capital de risco do PT2030
Portugal ainda está a desenhar os instrumentos financeiros no Portugal 2030, mas não serão orientados para capital de risco. Esse está concentrado no PRR, garante fonte oficial.
Portugal optou por não atribuir verbas do próximo quadro comunitário de apoio ao capital de risco. O Governo optou por concentrar este tipo de instrumento financeiro no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) numa lógica de complementaridade, uma estratégia diferente da seguida por muitos outros países europeus.
Os vários Estados-membros definiram níveis de ambição muito diferentes no quadro comunitário de apoio de 2021-2027 no que diz respeito aos montantes destinados a capital de risco. Por exemplo, Espanha optou por alocar 84 milhões, Itália 154 milhões e a Grécia 200 milhões. Valores que ficam aquém dos 360 milhões da Alemanha ou 380 milhões de França, de acordo com a lista a que o ECO teve acesso.
Já Portugal decidiu seguir um caminho diferente. “No âmbito da programação do PRR e do Portugal 2030 e da necessária complementaridade, tendo em conta as diferentes elegibilidades, que deve existir entre ambos, foi decidido que os produtos de capitalização estariam concentrados no PRR, no quadro do investimento C05-i06”, explicou ao ECO fonte oficial do Ministério da Presidência.
A mesma fonte oficial precisou ainda que, “no PT2030, os instrumentos financeiros estão ainda a ser desenhados, mas tendencialmente serão orientados para outro tipo de objetivos. Capital de risco está preferencialmente no PRR”, precisou a mesma fonte, já depois da publicação deste artigo. “O PRR disponibiliza 1.425 milhões de euros via Banco Português de Fomento, destinados à constituição de fundos de capital de risco, visando aumentar a competitividade e a resiliência da economia com base em I&D, inovação, diversificação e especialização da estrutura produtiva no território nacional, a que acresce o aumento de capital do BPF em 250 milhões para implementação do InvestEU”, acrescentou a mesma fonte.
Já no Portugal 2030 “os instrumentos financeiros previstos envolvem cerca de 417 milhões de euros de fundos europeus, distribuídos por diferentes Programas e objetivos específicos, e estão ainda a ser desenhados”, precisou a mesma fonte oficial do gabinete de Mariana Vieira da Silva, que tem a tutela dos fundos euros. Mas estes instrumentos passam por garantias, por exemplo, e não por capital de risco.
No entanto, há uma exceção. No Programa Madeira 2030 estão inscritos 500 mil euros para capital de risco e que surgem na lista comparativa a que o ECO teve acesso. Mas este é um valor “indicativo”, que visa “apenas permitir alguma flexibilidade nas opções que venham a ser tomadas, tendo sido programado num contexto” em que esta região autónoma “não dispunha de um instrumento de capitalização dedicado no PRR”, explicou a mesma fonte governamental. Esta questão acabará por ser ultrapassada porque na reprogramação do PRR, que ainda aguarda luz verde de Bruxelas, “foi incluída a medida “Capitalização das empresas” com vista a impulsionar investimentos e diversificar a atividade empresarial na Região Autónoma da Madeira” (RAM), precisou a mesma fonte.
Na proposta de reprogramação submetida a Bruxelas a 26 de maio é explicado que o instrumento de capitalização das empresas da Madeira “consiste num reforço de apoio financeiro atribuído através de uma linha de crédito operacionalizada através de protocolo entre o Banco Português de Fomento, o Instituto de Desenvolvimento Empresarial da RAM e os bancos aderentes, dirigida preferencialmente para as PME que pretendam impulsionar investimentos e diversificar a atividade empresarial na região”.
Este instrumento deverá ter uma dotação de 4,3 milhões de euros e visa “corrigir o problema estrutural de liquidez das empresas, reforçar os níveis de competitividade da economia regional e diversificar as fontes de financiamento”, pode ainda ler-se no documento.
Nota: Artigo corrigido com nova informação e resposta oficial do Ministério da Presidência. Aos visados e aos nossos leitores pedimos desculpa.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Governo exclui capital de risco do PT2030
{{ noCommentsLabel }}