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Equipa da Evasões cessa produção até receber. CR da TSF fala em “entrada numa via sem retorno”

Lusa, + M,

A Men’s Health, Evasões e Volta ao Mundo saíram da GM e passaram para a Palavras de Prestígio. "Este despedimento que se anuncia, é bom entendê-lo, implica a entrada numa via sem retorno", diz TSF.

A equipa da Evasões notificou a direção da revista de que vai cessar a produção de trabalhos até que os colaboradores recebam os pagamentos em atraso.

Face à ausência de pagamento do mês de outubro e da data para o mesmo ser realizado — a Administração informou esta tarde disso mesmo -, a equipa da Evasões vai cessar a produção de trabalhos — incluindo o ‘online’ — e o envio de textos até a situação dos trabalhadores estar devidamente regularizada”, lê-se num comunicado enviado, quinta-feira à noite, à direção da revista, a que a Lusa teve acesso.

Segundo a mesma nota, os trabalhos vão ser retomados assim que “os pagamentos em atraso das colaborações forem devidamente regularizados”, o que os trabalhadores esperam que aconteça em breve.

A Evasões, que pertencia ao grupo Global Media, é uma revista semanal, que aborda temas como turismo, cultura, gastronomia e televisão.

Como explicou José Paulo Fafe, em entrevista ao +M, a Men’s Health, Evasões e Volta ao Mundo saíram da Global Media e passaram para a Palavras de Prestígio, de Marco Galinha, havendo um acordo de produção dos títulos.

“Deixaram de ser nossos, por uma questão única e exclusivamente burocrática, mas voltarão. Mais de 50% da informação de viagens pertence à Volta ao Mundo, então a AdC levanta problemas. É daquelas coisas surreais em que aquele país é perito”, dizia.

No dia 06 de dezembro, em comunicado interno, o Global Media Group (GMG) avançou que iria negociar “com caráter de urgência” rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”.

As direções do Jornal de Notícias (JN), TSF, O Jogo e do Dinheiro Vivo (DV) apresentaram demissão, na sequência do processo de reestruturação.

A administração da Global Media “compreende” que face à dimensão e exigência do “indispensável processo de reestruturação em curso”, as direções dos títulos mais afetados “se sintam sem condições para se manterem”, disse esta sexta-feira à Lusa fonte oficial.

Conselho de Redação da TSF fala em “entrada numa via sem retorno”

Entretanto, o Conselho de Redação da TSF afirmou esta sexta-feira que a demissão das direções do grupo “é elucidativa” sobre a ameaça ao futuro da componente editorial e rejeitou “em absoluto” a forma como a diretora de informação foi tratada pelo CEO.

“Não podem também os membros eleitos do CR [Conselho de Redação] deixar de sublinhar que, após a demissão da direção da TSF, também as direções do Jornal da Notícias, de O Jogo e do Dinheiro Vivo seguiram idêntica opção”, afirma o órgão, em comunicado a que a Lusa teve acesso.

“A ameaça ao futuro da componente editorial é tão evidente que a resposta de todas estas direções é elucidativa. Saudamos daqui os nossos camaradas destas publicações que, tal como nós, sabem que a defesa da liberdade e da democracia passa também pela defesa do jornalismo“, adianta o CR, que rejeita ainda “em absoluto a forma como a diretora de informação Rosália Amorim foi tratada em declarações públicas pelo CEO da GMG”.

“Um modo indigno de um administrador se pronunciar sobre uma diretora que ele próprio nomeou e fez questão de apresentar, em reunião de editores em 02 de outubro, como uma ‘escolha pessoal'”, acrescentam.

As constantes declarações públicas do CEO da GMG sobre a situação do grupo, recorrentemente definida como estando à beira do precipício, são mais um obstáculo ao incentivo para o investimento publicitário, uma componente vital do lado das receitas. Os membros eleitos do CR lembram os exemplos dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e do Euro 2024 e o eventual retorno publicitário que estes dois eventos poderiam representar”, prossegue o comunicado.

“Este despedimento que se anuncia, é bom entendê-lo, implica a entrada numa via sem retorno. Tentar mais tarde reverter o caminho será sempre uma utopia”, afirma o Conselho de Redação da TSF.

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