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“Há casos de sucesso na indústria e espaço para continuarmos a ter players de media nacionais fortes”

Carla Borges Ferreira,

Rui Freire, managing director da Initiative, aponta dos desafios de agências, meios e anunciantes para 2024.

Rui Freire, Managing Director da Initiative Portugal, em entrevista ao ECO - 30NOV22“O diagnóstico está mais que feito, resta renascer deste estado de exaustão e encontrar soluções para o futuro, de forma a continuarmos a ter um jornalismo livre num país que comemora este ano os 50 anos do 25 de Abril.” A expectativa é de Rui Freire, managing director da Initiative, a quinta maior agência de meios do país de acordo com o MediaMonitor e, pelo segundo ano consecutivo, a Agência de Meios do Ano nos Prémios à Eficácia, organizados pela Associação Portuguesa de Anunciantes.

“Vivemos numa era que mais do que nunca necessitamos de ter um jornalismo sério, imparcial e democrático e o que estamos a assistir é a uma degradação desta nobre arte”, reforça o responsável. Sobre a situação na Global Media, Rui Freire lembra que se trata de “um parceiro importante para as agências e marcas“. “Quero acreditar que ainda há empresários apaixonados pelos media e que podem ter um papel importante na recuperação da empresa”, prossegue.

No extremo oposto, a dona do Correio de Manhã, CMTV, Record, Sábado ou Jornal de Negócios, é apontada como um caso de sucesso. “A Medialivre surge como um projeto de continuidade com pessoas apaixonadas pelo que fazem, o que no dia-a-dia se reflete numa abordagem de renovação e inovação constantes”, justifica.

Crescimento das áreas digitais, foco na sustentabilidade e personalização das campanhas são alguns dos principais desafios para agências, marcas e meios neste ano. Ainda nos media, Rui Freire aponta potencial de crescimento para os meios que consigam incorporar novas tecnologias e a criar alguma “disrupção” nos seus modelos tradicionais de negócio.

Quais são os grandes desafios das agências de meios para este ano?

Continuaremos a assistir ao crescimento contínuo das áreas digitais e uma maior integração de tecnologias emergentes, nomeadamente inteligência artificial (IA) generativa, que já estamos a integrar no nosso dia-a-dia e com impacto direto em termos de produtividade e serviço.

IA, realidade aumentada e soluções mais avançadas de análise de dados potenciadas através de machine learning serão algumas das tendências que claramente já estão a ter impacto positivo.

Teremos de igual modo um maior foco na sustentabilidade. Esta irá ganhar uma importância mais significativa, estando a Initiative já a incorporar práticas sustentáveis nas suas estratégias e planeamento, de forma a fazer o walk the talk para minimizarmos a pegada de carbono.

A personalização de campanhas pode atingir novos patamares com tecnologias mais avançadas, proporcionando experiências mais individualizadas para os consumidores. Segurança dos dados será de igual forma uma preocupação crescente nomeadamente a privacidade dos mesmos. Espera-se um aumento nas práticas de segurança de dados e uma maior ênfase na transparência nas práticas de recolha e uso dos mesmos.

As agências devem focar-se em estratégias que integram perfeitamente diferentes canais, proporcionando uma experiência unificada ao consumidor. A dinâmica do trabalho remoto pode continuar a evoluir, impactando a colaboração e a cultura dentro das agências.

À medida que as necessidades do mercado mudam, espera-se que as agências invistam na formação de talentos com skills multifuncionais e adaptáveis. Vai ser mais um ano desafiante e que com toda a certeza saberemos ser ágeis e flexíveis o suficiente para desta forma continuarmos a ser a referência no setor e uma verdadeira extensão das equipas de marketing dos nossos clientes.

E dos anunciantes e também dos meios?

Os desafios são transversais a toda a indústria, sejam anunciantes meios ou agências. Tanto os anunciantes como os meios devem estar atentos e reagirem de forma incorporá-los nas suas estratégias.

Como antecipa o investimento publicitário em 2024?

Nas nossas previsões em linha com o que já foi 2023 e com um crescimento similar o que demonstra que o setor está numa trajetória positiva.

Vivemos numa era que mais do que nunca necessitamos de ter um jornalismo sério, imparcial e democrático e o que estamos a assistir é a uma degradação desta nobre arte. É com muita pena que assistimos ao que está a acontecer no setor.

Quais são os meios com maior potencial de crescimento e de quebra? Porquê?

Todos os meios que estão a incorporar novas tecnologias e a criar alguma “disrupção” nos seus modelos tradicionais de negócio têm capitalizado mais que os restantes. Um exemplo positivo é o meio outdoor com o seu processo de transformação e digitalização de posições tem vindo a trazer uma lufada de ar fresco e as marcas têm apostado no meio. Um exemplo menos positivo tem sido a imprensa que se tem mantido estagnada em termos de modelo de negócio e com consequências graves em termos de sustentabilidade das próprias empresas que dela dependem.

Estamos a assistir a uma situação muito delicada no grupo Global Media. O último ano marcou, por outro lado, o fim do impasse sobre a venda da Cofina, agora Medialivre. Como analisa o setor dos media?

Vivemos numa era que mais do que nunca necessitamos de ter um jornalismo sério, imparcial e democrático e o que estamos a assistir é a uma degradação desta nobre arte. É com muita pena que assistimos ao que está a acontecer no setor. A Global Media é um parceiro importante para as agências e marcas e quero acreditar que ainda há empresários apaixonados pelos media e que podem ter um papel importante na recuperação da empresa. O diagnóstico está mais que feito, resta renascer deste estado de exaustão e encontrar soluções para o futuro, de forma a continuarmos a ter um jornalismo livre num país que comemora este ano os 50 anos do 25 de Abril.

A Medialivre surge como um projeto de continuidade com pessoas apaixonadas pelo que fazem, o que no dia-a-dia se reflete numa abordagem de renovação e inovação constantes. Há casos de sucesso na indústria e espaço para continuarmos a ter players de media nacionais fortes.

Recuando a 2023, que pontos destaca como os mais positivos e negativos do último ano?

2023 foi um ano de consolidação de crescimento do nosso negócio. Após a pandemia e da recuperação em 2021, os anos de 2022 e 2023 foram anos de reforço do serviço que prestamos aos nossos clientes, seja através de novas competências em termos de RH, seja através de desenvolvimentos complementar de serviços adicionais que acrescentam valor ao que já fazíamos.

Este nível de serviço e o nosso foco em sermos muito eficazes em todos os investimentos que fazemos das nossas marcas e em obtermos o máximo ROI [retorno sobre o investimento], proporcionou-nos pelo segundo ano consecutivo ser a Agência do Ano nos Prémios Eficácia, os prémios mais importantes de todo o setor.

Este é um motivo de orgulho e que nos traz uma sensação de dever cumprido para com as marcas que trabalhamos e às quais estamos gratos por continuarem a confiar em nós e nesta equipa que veste a camisola todos os dias.

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