Ideias +M

As quatro grandes apostas do YouTube para 2024, segundo o seu CEO

Rafael Ascensão,

A democratização da inteligência artificial, valorização dos criadores de conteúdo e proteção dos utilizadores face a uma crescente vaga de desinformação são algumas das apostas do YouTube para 2024.

No ano em que celebra 19 anos, muitas oportunidades, mas também desafios, se levantam para o YouTube. A tecnologia – e em particular a inteligência artificial – influencia cada vez mais a plataforma de vídeo que tem investido em criadores de conteúdos e em vídeo curtos com o YouTube Shorts.

Agora, o CEO da plataforma partilha a sua visão sobre o que está por vir em 2024, bem como quais são as apostas do YouTube. Numa carta dirigida a toda a comunidade da plataforma, Neal Mohan destaca que estas apostas passam pela democratização da inteligência artificial, pela valorização dos criadores de conteúdo, pelo crescimento das subscrições dos serviços da plataforma e pela proteção do ecossistema do YouTube e dos seus consumidores face a uma crescente vaga de desinformação.

Inteligência artificial e um acesso mais democrático a esta tecnologia

No que diz respeito à inteligência artificial (IA), Neal Mohan começa por defender que esta “deve capacitar a criatividade humana e não substituí-la” e que todos devem ter acesso a estas ferramentas para ampliar os limites da sua expressão criativa.

Segundo o seu CEO, o YouTube reforça este ano o seu compromisso de “democratizar o acesso a ferramentas de IA que permitem a qualquer pessoa partilhar vídeos divertidos a partir do seu telefone”, assim como pretende solidificar os “esforços para inovar de forma responsável”.

“O nosso compromisso de democratizar o acesso à IA baseia-se nas maneiras como estamos a permitir que todos partilhem vídeos divertidos diretamente a partir dos seus telefones com o [YouTube] Shorts”, refere, explicando que o Shorts é “uma maneira fácil para qualquer pessoa começar, e a inovação em IA irá ​​tornar possível que ainda mais pessoas criem”.

Segundo o CEO, o YouTube Shorts regista em média mais de 70 mil milhões de visualizações diárias e o número de canais que carregam Shorts tem crescido em cerca de 50%, ano após ano.

“Este ano, iremos continuar a garantir que a IA está ao serviço da criatividade através do nosso trabalho com as indústrias criativas, com a implementação de funcionalidades alimentadas por IA ao mesmo tempo que desbloqueamos oportunidades enquanto construímos proteções adequadas“, acrescenta Neal Mohan.

Reconhecimento e valorização dos criadores de conteúdo

Os criadores de conteúdo “estão a redefinir o futuro da indústria do entretenimento com narrativas de alto valor”, defende o CEO do YouTube, referindo que estas narrativas não podem ser classificadas apenas como “conteúdo gerado pelo utilizador”.

O YouTube encontra-se a ajudar estes criadores a diversificar as formas como ganham dinheiro na plataforma, ao mesmo tempo que ajuda o público na compra de produtos, refere-se na carta, onde se adianta que o próprio público apoia diretamente os seus criadores favoritos através de funcionalidades de financiamento de fãs, como a subscrição mensal de criadores através do Apoio ao Canal. Segundo os dados divulgados no mesmo documento, o número de criadores que dispõem de assinaturas aumentou mais de 50% no ano passado.

O caminho para a monetização por parte dos criadores começou a ser trilhado em 2007, com o lançamento do Programa de Parcerias do YouTube (YPP), que conta aos dias de hoje com cerca de três milhões de canais. Este programa “pagou mais do que qualquer outra plataforma de monetização para criadores”, tendo sido responsável pelo pagamento nos últimos três anos de mais de 70 mil milhões de dólares (cerca de 65 mil milhões de euros) a criadores, artistas e empresas de media.

O YouTube encontra-se também a trabalhar em programas para apoiar criativamente os criadores de conteúdo da plataforma, como o Creator Collective, que “reúne criadores para a partilha de experiências, construção de comunidades e colaboração”, explica Neal Mohan.

YouTube é cada vez mais visto na sala de estar. Subscrições da plataforma crescem

Os conteúdos do YouTube são cada vez mais consumidos de uma forma tradicional (na televisão, na companhia de amigos e familiares), refere o CEO da plataforma, adiantando que, globalmente e em média, os consumidores visualizam mais de mil milhões de horas de conteúdos do YouTube nas televisões todos os dias. Neste sentido “muitos criadores estão a otimizar o seu conteúdo para a sala de estar“.

“Estamos a trazer tudo o que os espectadores adoram no YouTube para a experiência na sala de estar”, diz Neal Mohan, exemplificando com a primeira temporada do NFL Sunday Ticket (transmissão de jogos de futebol americano).

Ao mesmo tempo tem sido observável “um interesse crescente do consumidor nos nossos serviços de subscrição“, refere Mohan, sendo que o YouTube TV já conta com cerca de oito milhões de assinantes e o YouTube Music e Premium já ultrapassou os 100 milhões de subscritores.

Proteger a economia criadora é “fundamental”

À medida que trabalhamos em todas estas prioridades, o nosso compromisso número um é proteger com responsabilidade a comunidade do YouTube“, diz o CEO da plataforma, referindo que o negócio enquanto serviço de streaming não depende apenas do envolvimento do público, mas também de dar aos espectadores e anunciantes “a confiança de que podem contar connosco para oferecer vídeos de alta qualidade”.

Proteger a economia criadora é, por isso, fundamental para tudo o que fazemos e é bom para os negócios“, acrescenta Mohan, referindo a importância de se criar “uma experiência online saudável para as crianças“, pelo que a plataforma se encontra “a apoiar o crescimento de crianças e adolescentes de forma ponderada e em coordenação com especialistas em parentalidade e saúde mental”.

No mesmo sentido, é também responsabilidade da plataforma “conectar as pessoas com informações de alta qualidade“, algo que assume uma especial importância num ano em que mais de 50 países realizam eleições este ano.

Estamos a garantir que quando as pessoas procuram notícias sobre eleições no YouTube surjam fontes confiáveis de forma proeminente nas suas pesquisas e recomendações. Passámos anos a investir num manual para gerir com responsabilidade o conteúdo no YouTube, incluindo políticas aplicadas rigorosamente e de longa data contra o discurso de ódio, incitação à violência, interferência eleitoral e muito mais”, lê-se na carta assinada pelo CEO do YouTube.

Evoluímos e adaptamo-nos rapidamente quando surgirem novos desafios, e iremos fazer isto de novo à medida que a IA generativa torna possível deepfakes mais sofisticados e levanta novas questões. Todas as nossas políticas existentes aplicam-se ao conteúdo gerado sinteticamente e iremos adicionar novas camadas de transparência e proteções“, acrescenta Neal Mohan, exemplificando com a implementação de etiquetas que informam os espectadores quando o conteúdo que virem é sintético.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.