Depois da Fórmula 1, o futebol: LVMH toma conta do desporto
O conglomerado de marcas de luxo francês substituiu a Rolex enquanto patrocinador e cronometrista oficial da Fórmula 1. Agora prepara-se para comprar o clube de futebol Paris FC.
Apesar de o setor do luxo dar mostras de um abrandamento depois da febre pós-pandémica, a LVMH está imparável. O acordo global, com a duração de 10 anos e que envolve as marcas Louis Vuitton, Moët Hennessy e Tag Heuer (que celebra, no ano que vem o seu 75º aniversário), tem o valor estimado pelo Independent de 1 bilião de dólares (0,91 biliões de euros) e foi visto como uma jogada histórica no setor, colocando um ponto final numa colaboração de dez anos entre a Rolex e a Fórmula 1. No âmbito do novo acordo de patrocínio, as marcas do grupo de luxo (que conta com, entre outras, a Louis Vuitton, a Christian Dior, a Dom Pérignon, a Loro Piana, a Moët&Chandon ou a Tiffany & Co) fornecerão hospitalidade, ativações personalizadas e conteúdos ligados à Fórmula 1.
Bernard Arnault, CEO da LVMH e considerado o homem mais rico de França, disse, sobre esta parceria: “as pessoas, a procura da excelência e a paixão pela inovação estão no centro da atividade das nossas maisons e da Fórmula 1. No desporto automóvel como na moda, na relojoaria ou nos vinhos e bebidas espirituosas, cada detalhe conta no caminho para o sucesso. Tanto nas nossas manufaturas como nos circuitos de todo o mundo, é esta busca incessante de quebrar fronteiras que inspira a nossa visão, e é este o significado que queremos trazer para esta grande e única parceria entre a Fórmula 1 e o nosso Grupo.”
“Nos últimos anos, a Fórmula 1 tornou-se verdadeiramente um dos desportos mais desejados do mundo. É uma disciplina vibrante que reflete uma série de valores que são muito importantes para nós, como a inovação, o espírito de equipa e o desempenho”, disse também Frédéric Arnault, CEO da LVMH Watches, que supervisiona a Tag Heuer, em comunicado. “Há muitos anos que várias das nossas maisons optam também por investir na Fórmula 1, seja para criar experiências únicas ou para momentos de celebração. Com as nossas maisons e a expertise do nosso grupo, queremos fazer crescer ainda mais esta dimensão experiencial que a Fórmula 1 proporciona em todo o mundo. Estamos apenas no início desta parceria, mas as temporadas que nos esperam prometem ser extraordinárias.”
Já Stefano Domenicali, Presidente e CEO da Fórmula 1, completou: “O nosso desporto baseia-se na busca incansável da excelência, um valor que também está no coração da LVMH, pelo que tenho o prazer de anunciar que esta parceria histórica terá início em 2025”.
O patrocínio das corridas de Fórmula 1 por parte da LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE, a iniciar já em Março, no Grande Prémio da Austrália, em Melbourne, chega numa altura em que os desportos motorizados atravessam uma fase de grande popularidade, em grande parte impulsionada por filmes, séries e documentários como “Gran Turismo”, “Formula 1: Drive to Survive” ou “Schumacher” (ambos da Netflix). No entanto, a ligação da LVMH ao desporto não é nova. O grupo soma uma colaboração regular com a NFL e a Fifa World Cup, e foi um dos principais patrocinadores dos Jogos Olímpicos de Paris, este ano, tendo fornecido Moët & Chandon e Hennessy nos bares VIP, com a Chaumet a desenhar as medalhas dos campeões e a Berluti a desenhar os uniformes da equipa olímpica francesa na cerimónia de abertura.
Apito de partida no desporto-rei
É ainda amplamente conhecida a ligação entre a LVMH e grandes tenistas como Rafael Nadal e Roger Federer. Bem como as superestrelas futebolísticas Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Mas os planos da família Arnault neste takeover do mundo desportivo passam por aprofundar a sua ligação ao desporto-rei, através da compra do Paris FC, um clube de futebol da segunda divisão francesa, pela holding da LVMH Agache. Este investimento, que junta também a gigante das bebidas energéticas Red Bull (que entra com uma participação minoritária), promete mudar o futebol francês, ao injetar uma grande quantidade de dinheiro num potencial adversário da equipa dominante da Ligue 1, o Paris Saint-Germain, financiado pelo Qatar desde 2011. Paris, embora seja uma cidade com grande poder nas áreas da moda, do luxo e do entretenimento, em matéria de futebol de topo fica bastante aquém de outras capitais como Londres (que detém sete clubes na Premier League), Madrid (com cinco clubes na La Liga) ou Roma (com dois).
O valor do negócio não foi ainda desvendado, mas sabe-se que a família Arnault pretende “dotar o clube dos recursos necessários e quer estabelecer em permanência as equipas masculina e feminina entre a elite do futebol francês e no coração dos parisienses”, segundo explicado em comunicado. “A história e a evolução do Paris FC incorporam uma outra vertente do futebol na capital. Com a chegada de Agache como acionista maioritário do clube, este ganhará uma nova dimensão com novos objetivos e critérios de sucesso”. Antoine Arnault, filho de Bernard Arnault, será o representante da família na direção do Paris FC.
Já a Red Bull atuará sobretudo como consultora desportiva, reforçando a descoberta de jovens talentos capazes de ingressar no centro de treinos, com a ajuda do seu recém-nomeado responsável global da rede internacional de clubes da marca de bebidas energéticas, o ex-treinador do Liverpool Jürgen Klopp.
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