Freguesias de Lisboa “carregadas de lixo” e greve só vai no início

  • Lusa
  • 26 Dezembro 2024

As freguesias de Lisboa já estão "carregadas de lixo" e ainda só vai no início a greve dos trabalhadores da higiene urbana do município, segundo relatos de três autarcas.

As freguesias de Lisboa já estão “carregadas de lixo” e ainda só vai no início a greve dos trabalhadores da higiene urbana do município, segundo relatos de três autarcas.

“A greve está a ter um impacto grande, a freguesia está carregada de lixo. As nossas equipas estão a tentar apoiar os serviços da câmara, mas o cenário não está fantástico e isto é só o início”, relatou à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques (eleito pelo PS).

“Alguns caixotes do lixo já estão a transbordar, já temos algumas reclamações”, corroborou Fábio Sousa, presidente da Junta de Freguesia de Carnide (eleito pelo PCP). Já Vasco Morgado (eleito pelo PSD), presidente da Junta de Freguesia de Santo António, assegurou que a situação está “minimamente controlada”, sem “nada de problemático, para já”.

Porém, admitiu que “já há algum lixo a mais”, até porque “ainda é só o primeiro dia” de greve. Os trabalhadores da higiene urbana do município de Lisboa estão em greve desde quarta-feira e até 2 de janeiro.

Esta quinta e sexta-feira, a paralisação é geral, a que se junta uma greve ao trabalho extraordinário, entre 25 e 31 de dezembro, e uma paralisação no dia de Ano Novo, prevista apenas no período noturno, ao trabalho normal e suplementar, entre as 22:00 de dia 01 e as 06:00 de dia 02 de janeiro.

Convocado pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), o protesto surge em resposta à alegada ausência de respostas da Câmara de Lisboa aos problemas que afetam o setor, em particular ao cumprimento do acordo celebrado em 2023, que prevê, por exemplo, obras e intervenções nas instalações.

A Câmara de Lisboa assegura que o acordo celebrado em 2023 está a ser cumprido, nomeadamente 13 dos 15 principais pontos. Neste cenário, as juntas de freguesia podem “tentar minimizar, mas é difícil”, porque não fazem recolha de lixo, que é competência das câmaras, lembrou Fábio Sousa.

“E também não iríamos substituir pessoas que estão em greve, com quem estamos em solidários”, assegurou, apelando: “Era importante que a câmara se sentasse com os sindicatos.”

O autarca de Carnide, com cerca de 18 mil habitantes, lembra que o atual cenário não é novo e que se têm registado “constrangimentos ao longo do ano”, ficando “sempre muitos circuitos de remoção de lixo por fazer”. Com 35 mil moradores, Benfica acompanha a queixa.

Infelizmente, é um cenário diário. Isto traz novidade por ser uma semana inteira, mas não há um dia em que um dos circuitos [de recolha] não fique por acabar”, segundo Ricardo Marques. “Temos de ser nós constantemente a avisar os serviços municipais”, referiu Fábio Sousa, relatando que a Câmara Municipal de Lisboa justifica a falta de resposta com questões operacionais, como falta de meios e avarias em veículos.

As três juntas de freguesia estão a tentar ajudar a minimizar o efeito da greve mobilizando equipas para fazerem a recolha à volta dos ecopontos, mas não têm meios, nem viaturas para fazer mais. Simultaneamente, têm tentado “sensibilizar as pessoas” para se dirigirem aos ecopontos mais próximos e para guardarem em casa o lixo que não é urgente.

Segundo Vasco Morgado, a situação na freguesia de Santo António, com mais de 11 mil pessoas, está “minimamente controlada” devido aos “fregueses conscienciosos”, que responderam ao apelo e “têm tido algum cuidado”. Já em Benfica, começa a acumular-se lixo no espaço público, com a população a depositar os resíduos “em sítios escondidos ou debaixo de arcadas”, relatou Ricardo Marques.

É pior a emenda do que o soneto”, desabafou, antecipando que o cenário se “agudize nos próximos dias”. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) reconheceu esta quinta-feira que a capital vive “uma situação difícil” em resultado do impacto da greve de trabalhadores da higiene urbana.

“É uma situação difícil, como já prevíamos, pois esta altura é um momento de muita produção de resíduos”, disse à Lusa o diretor de higiene urbana da autarquia lisboeta, Pedro Moutinho. A CML distribuiu pela cidade 57 contentores para deposição de lixo orgânico e reciclável, para atenuar os efeitos da greve, cuja adesão ronda hoje os 80%.

O colégio arbitral da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) decretou serviços mínimos para os dias de greve geral (hoje, sexta-feira, sábado e noite de 01 para 02 de janeiro), sendo que nos restantes dias a greve faz-se apenas às horas extraordinárias.

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