IA tornou-se num “caso demasiado sério” que precisa de “regulação própria”
A IA na contabilidade e auditoria acelerou nos últimos anos, sendo necessário, dizem os especialistas, criar uma regulação própria e garantir que não substitui as competências destes profissionais.
A Inteligência Artificial é “fundamental” para o processo de transição das áreas de contabilidade e auditoria, automatizando tarefas repetitivas e permitindo que estes profissionais se foquem mais na estratégia das empresas. Mas, alertam os especialistas, esta tecnologia tornou-se num “caso demasiado sério” e é preciso que haja regulação própria.
“O empresário precisa de um copiloto que pode ser o contabilista”, começou por dizer Valter Pinho, general manager SAF-T da Sovos, na conferência “A Política Fiscal como Agente de Transformação da Economia” para marcar o lançamento do EContas, a nova marca de informação do ECO, num painel sobre a IA na contabilidade.
Para que o contabilista possa ser um parceiro estratégico das empresas deve contar com esta tecnologia para automatizar tarefas repetitivas e, assim, conseguir focar-se mais em responder às necessidades estratégicas dos clientes e ajudar na tomada de decisão. “Se a simplificação for injetada nas empresas, para a automação dos processos que não criam valor, o mercado muda completamente. A utilização de IA é fundamental neste processo de transição”, refere, notando que a “automação não está suficiente madura”.
É preciso, porém, estar atento aos desafios que esta tecnologia representa, tanto para a contabilidade como para a auditoria. “Tornou-se num caso demasiado sério. Precisa de uma regulação própria, de um governance próprio e é esse o desafio para os contabilistas e para os auditores”, afirmou Hugo Salgueiro, CEO da DFK, no mesmo painel.
Nesse sentido, a DFK vai criar “um centro de excelência de serviços partilhados de auditoria com IA que terá as suas regras de governance próprias”, anunciou o CEO da empresa, defendendo que as competências dos auditores não podem ser substituídas pela IA.
Para o responsável, é necessário implementar “mecanismos muito robustos para mitigar os riscos que possam advir” da introdução de IA nos processos de auditoria, notando que esta tecnologia torna ainda mais relevante o papel dos auditores e contabilistas na verificação e revisão das contas, porque “a contabilidade é um ato de responsabilidade e de verdade”.
Subsídios para implementar IA nas empresas
O gestor defendeu ainda a criação de “apoios para a implementação de tecnologias de IA” nas empresas, uma vez que se trata de um investimento avultado. “Sentimos que não existem apoios específicos para esse investimento. Conseguimos alocar algumas verbas do PRR, mas tem de haver um trabalho conjunto com os vários players do mercado, os auditores, os contabilistas e o Governo no sentido de criar um ecossistemas para incentivar a utilização destas ferramentas, se não perdemos a competividade do mercado e depois ficamos de fora do comboio”.
Já Valter Pinho diz que, mais do que subsídios, é preciso haver uma simplificação do reporte fiscal. “Em vez de estar a pedir subsídios, o que eu pedia aos governantes e reguladores é que simplifiquem a função fiscal e o meu processo de reporte fiscal“, afirmou, pedindo, por exemplo, que “havendo um problema na entrega do IVA, que se saiba rapidamente como resolver”.
“Vejo mais isto no cenário de baixo do que de cima. Os subsídios põem as pessoas gordas e depois têm problemas”, referiu o general manager SAF-T da Sovos, apelando a que haja “simplificação e automação” dos processos.
powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
IA tornou-se num “caso demasiado sério” que precisa de “regulação própria”
{{ noCommentsLabel }}