Pequenas auditoras usam a IA para ameaçar as “big four”

O negócio da auditoria está a mudar de forma acelerada, muito por causa das novas tecnologias. As grandes investem muito, mas as mais pequenas conseguem incorporar os avanços tecnológicos rapidamente.

No mundo da auditoria há um grupo exclusivo de empresas que tem um enorme peso no mercado. São apenas quatro, as chamadas “big four”, mas arrebatam mais de metade do negócio, algo que pode estar a mudar graças aos avanços da tecnologia, nomeadamente às potencialidades da Inteligência Artificial (IA).

As “big four” perceberam rapidamente o potencial da IA. Por isso mesmo têm vindo a investir fortemente no desenvolvimento de sistemas adaptados às necessidades do trabalho que realizam. “Estão a investir muito dinheiro em IA e têm os recursos para fazerem esses investimentos”, diz Hywel Ball, ex-líder da EY no Reino Unido, citado pelo Financial Times (acesso pago, conteúdo em inglês).

Mas “vão enfrentar os seus próprios desafios na adoção [da IA], porque são muito grandes”, alerta. A dimensão pode, neste caso, ser um entrave à incorporação desta nova tecnologia, essencialmente porque por serem tão grandes é mais difícil mudar a cultura de quem trabalha nessas empresas.

Podendo ser uma oportunidade para se manterem gigantes, também é uma ameaça à posição de liderança de que gozam atualmente. É que há pequenas auditoras, mas também consultoras, que à boleia da IA começam a trilhar uma rota de forte crescimento.

Essas pequenas firmas “têm uma vantagem por conseguirem incorporar a IA no seu trabalho sem restrições”, diz Hywel Ball. “Existe um ponto intermédio” entre ser ágil e ter “massa crítica suficiente para esse impulso”, criando oportunidades para as empresas de média dimensão, acrescenta.

Hywel Ball é o antigo CEO da EY no Reino Unido. Há um ano anunciou que, após 35 anos numa das “big four”, ia abandonar o cargo, sendo que agora é reforço de algumas dessas pequenas auditoras que assentam o seu negócio na IA.

Esta necessidade de apostar na incorporação de IA na auditoria é uma realidade de todos os mercados, incluindo Portugal. Em entrevista ao EContas, Virgílio Macedo, bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, disse estar agora a dar-se “outro passo gigantesco que é a aplicação de IA aos processos da auditoria”. Uma evolução necessária, uma vez que o “auditor não pode ser, hoje, um profissional que tenha só uma skill do ponto de vista financeiro ou contabilístico. Também tem de ter cada vez mais skills em termos de tecnologias de informação”.

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