Antigos donos da Quinta do Portal “começam a fazer vinho do zero” no Douro
Antigos donos da Quinta do Portal "começam a fazer vinho do zero" na Quinta dos Muros (Alijó), na família ha 140 anos, onde vão investir mais de meio milhão na reabilitação de lagares e armazéns.

Corria o ano de 2024 quando a família Mansilha vendeu a Quinta do Portal à dona da Taylor’s. Sem a herdade que os lançou no mapa vínico como produtores de referência no Douro, ficou a fama e o bichinho pela viticultura que levou pai e filhos a “começarem do zero” noutra propriedade, a Quinta dos Muros, na família há 140 anos. Na mira está o investimento de mais de meio milhão de euros na reabilitação de lagares e armazéns, e a conquista de novos mercados internacionais.
“Resolvemos começar a fazer vinhos do zero na Quinta dos Muros”, localizada entre Vale de Mendiz e Favaios (Alijó), em plena Região Demarcada do Douro, na família desde 1881, começa a contar Pedro Mansilha Branco, ao lado do pai Eugénio e do irmão João. Os três aventuraram-se num novo ciclo na Quinta dos Muros para reescrever nova história vínica depois da venda à The Fladgate Partnership das propriedades Portal, Confradeiro e Abelheira.
A dar os primeiros passos nesta nova aventura, Pedro Mansilha Branco revisita o passado para lembrar que a Quinta dos Muros, “com vinha em socalcos foi passando de geração em geração” até em 1974 o pai Eugénio dar um novo impulso ao projeto. “O meu pai decide começar a envelhecer Vinho do Porto, que até então era vendido a granel, e também aumentar a área de vinha com uma variedade de castas, desde Mourisca, Tinta Barroca, Touriga Francesa, Tinta Roriz e Tinta Amarela”, recorda o empresário.
Sem marca ou rótulos com Quinta dos Muros, as uvas começaram mais tarde a fazer parte do portefólio da Quinta do Casal de Celeirós – depois designada Quinta do Portal e entretanto vendida – que a família comprou em 1991 juntamente com a Quinta do Confradeiro. “Todo o nosso projeto comercial vitivinícola acabou por culminar no Portal”, salienta Pedro Branco que agora pretende dar novo destaque à propriedade de Favaios.
A Quinta dos Muros que, ao longo dos anos, foi ficando nos bastidores do estrelato vínico “fornecia as melhores uvas para todo o projeto” da família, recorda.
O meu pai decide começar a envelhecer Vinho do Porto, que até então era vendido a granel, e também aumentar a área de vinha com uma variedade de castas.
Neste novo capítulo que agora os Mansilha escrevem, a Quinta dos Muros vai ser objeto de um investimento de mais de meio milhão de euros para a requalificação dos lagares e dos armazéns, avança, ao lado, o irmão João Branco. Já há projeto de arquitetura, garante, mas enquanto as obras não arrancam, os viticultores dão a provar os primeiros néctares da colheita de 2024 nesta quinta com 24 hectares de vinha.
Um rosé, feito a partir da casta Tinta Roriz, com 30 dias de estágio em barricas novas de carvalho francês; e o Quinta dos Muros Tinto, produzido a partir de Touriga Nacional, Touriga Francesa e Tinta Roriz, e de mais algumas castas de vinhas velhas, são as novas referências e já estão à venda no mercado.
“Com toques de mirtilo e carvalho francês, o Quinta dos Muros Tinto é muito focado na casta e tem uma base de Roriz. É um vinho mais fluido, elegante, com uma viscosidade própria. Mais de estrutura linear na boca, termina longo”, descreve o enólogo Jorge Alves que assina os novos néctares, conhecido no meio vínico também pelo seu projeto Quanta Terra em Alijó.

No horizonte para 2026 está o lançamento do Quinta dos Muros M7 – ainda da colheita de 2024 – e, fruto da vindima de 2025, um Blanc de Noirs (um branco feito a partir de uvas tintas), dando continuidade à aposta da Quinta dos Muros em “vinhos autênticos, de origem e com assinatura própria”, completa Pedro Mansilha Branco.
Localizada na encosta nascente do vale do rio Pinhão, a propriedade distribui-se por 21 parcelas de vinha entre os 230 e os 550 metros de altitude, dispostas em socalcos e patamares com diferentes exposições solares.
Para Pedro Mansilha Branco, este novo ciclo na Quinta dos Muros é o arranque de um “reposicionamento estratégico e sustentável”, assente na “valorização do território, na expansão da produção e na projeção internacional” da marca que conta ainda no portefólio com um azeite com chancela própria.
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