Associação do Alojamento Local dos Açores “muito preocupada” com saída da Ryanair
Associação do Alojamento Local dos Açores manifestou "muita preocupação" com o anúncio da saída da Ryanair. O Governo Regional diz que intenção contraria declarações recentes do CEO da companhia.
O presidente da Associação do Alojamento Local dos Açores (ALA) manifestou, esta quinta-feira, “muita preocupação” com o anúncio da saída da Ryanair da região e espera que “a notícia seja uma tentativa de pressão junto do Governo”.
“Vemos este anúncio com muita preocupação. E esperamos que esta notícia seja uma tentativa de pressão junto do Governo e não uma ação clara que faça, e que terá com certeza, impacto muito grave na economia dos Açores”, afirmou João Pinheiro à agência Lusa.
A Ryanair anunciou esta quinta-feira que vai encerrar todos os voos para os Açores a partir de março de 2026, alegando as elevadas taxas aeroportuárias e “a inação do Governo”.
“Vivemos muito dos nossos hóspedes que fazem as reservas diretas (…) e a Ryanair é um parceiro ativo do Alojamento Local dos Açores”, vincou João Pinheiro.
Para demonstrar a importância daquele setor, o presidente da ALA assinalou que “só o Alojamento Local já contribui com mais de 7% para o PIB regional“.
“A grande maioria dos nossos hóspedes vem desta companhia [Ryanair]. E isso pode ser um retrocesso para a evolução que estamos a sentir no turismo e na própria economia dos Açores, que só por si já é frágil”, alertou à Lusa o responsável.
A grande maioria dos nossos hóspedes vem desta companhia [Ryanair]. E isso pode ser um retrocesso para a evolução que estamos a sentir no turismo e na própria economia dos Açores, que só por si já é frágil.
A Ryanair anunciou “que irá cancelar todos os voos de/para os Açores a partir de 29 de março de 2026, devido às elevadas taxas aeroportuárias (definidas pelo monopólio aeroportuário francês ANA) e à inação do Governo português, que aumentou as taxas de navegação aérea em +120% após a Covid e introduziu uma taxa de viagem de dois euros, numa altura em que outros Estados da União Europeia (UE) estão a abolir taxas de viagem para garantir o crescimento de capacidade, que é escasso“.
A ANA – Aeroportos de Portugal, empresa que gere as infraestruturas aeroportuárias em Portugal, é detida pelo grupo francês Vinci.
A companhia argumenta que “infelizmente, o monopólio da ANA não tem qualquer plano para aumentar a conectividade de baixo custo com os Açores”, acrescentando que a ANA “não enfrenta concorrência em Portugal — o que lhe permitiu obter lucros monopolistas, aumentando as taxas aeroportuárias portuguesas sem qualquer penalização — numa altura em que aeroportos concorrentes noutros países da UE estão a reduzir taxas para estimular o crescimento”.
A Ryanair defende que o Governo “deve intervir e garantir” que os aeroportos nacionais — “uma parte crítica da infraestrutura nacional, especialmente numa região insular como os Açores — sirvam para beneficiar o povo português e não um monopólio aeroportuário francês”.

Governo Regional diz que intenção da Ryanair de abandonar os Açores contraria declarações do CEO
Face ao comunicado da Ryanair sobre o encerramento da operação na região, a Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas dos Açores manifestou esta quinta-feira “surpresa”. Considera este anúncio “extemporâneo” e que contraria declarações recentes do CEO da companhia em que afirmava a vontade de investir nos Açores e reativar a base operacional em Ponta Delgada”.
Segundo uma nota de imprensa daquela Secretaria Regional, “de acordo com a informação disponível à data, a Visit Azores está ativamente empenhada e a manter contactos diretos e regulares com a Ryanair, pelo que o comunicado emitido hoje é entendido como extemporâneo”.
Em setembro, o presidente executivo da Ryanair, Michael O’leary, anunciou, em Lisboa, quatro novas rotas em Portugal para o inverno (que têm como origem Porto, Faro e Funchal). De acordo com algumas notícias, a companhia — que tem quatro bases nos aeroportos portugueses (Porto, Lisboa, Faro e Madeira) –, já tinha pedido a reabertura da base em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
O presidente da Visit Azores, responsável pela promoção turística dos Açores, já considerou esta quinta-feira o anúncio da saída da Ryanair da região como uma “forma de pressão negocial”, alertando que o processo não está “completamente fechado”.
Com “este tipo de comunicado da Ryanair, nós, infelizmente, já estamos habituados. É a forma como fazem a sua pressão negocial dentro das conversações que vão fazendo nas regiões onde atuam”, afirmou Luís Capdeville Botelho à agência Lusa.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Associação do Alojamento Local dos Açores “muito preocupada” com saída da Ryanair
{{ noCommentsLabel }}