Marinha em piloto com a startup vencedora da Web Summit para acelerar acesso a fundos
Piloto da Divisão de Inovação e Transformação do Estado-Maior da Armada com a Granter tem a duração de um ano. Visa acelerar a identificação de fundos públicos de financiamento e candidatura.
A Marinha Portuguesa tem a decorrer um piloto com a Granter, startup portuguesa vencedora do pitch na Web Summit, para através de um Agente IA acelerar a identificação e os processos de candidatura a fundos públicos.
“A Marinha tem como missão garantir a defesa dos interesses nacionais no mar, assegurando segurança, soberania e capacidade de resposta em qualquer cenário. Para cumprir esta missão, num contexto global em constante evolução, é essencial inovar e modernizar. No passado, a identificação de oportunidades de financiamento e a elaboração de candidaturas eram processos complexos e morosos, exigindo equipas dedicadas e especializadas. No entanto, nem sempre foi possível obter uma visão completa do panorama de fundos disponíveis, o que dificultava a escolha das melhores oportunidades”, começa por referir fonte oficial da Marinha Portuguesa, ao ECO/eRadar.
“A introdução da plataforma Granter.ai, como projeto piloto na Divisão de Inovação e Transformação do Estado-Maior da Armada, veio revolucionar este processo: automatizando tarefas críticas, assegurando conformidade com critérios de elegibilidade e monitorizando novas oportunidades de forma contínua“, acrescenta. A “Marinha consegue ter uma visão mais abrangente e consolidada, selecionar opções mais ajustadas às necessidades e fazê-lo com muito menos recursos internos e em muito menos tempo”, refere a mesma fonte.
A solução, “pioneira no setor da Defesa”, diz a Marinha, “permite ganhar agilidade e rigor, concentrando esforços no essencial — desenvolver capacidades e promover inovação”, apontam. “O financiamento externo é, assim, um instrumento relevante para acelerar a transformação digital, contribuindo para uma Marinha credível e preparada para os desafios do futuro“, reforçam.
“A Granter.ai representa um salto qualitativo na forma como estes processos são conduzidos, com potencial para redefinir padrões de eficiência e transparência, tornando a Marinha mais ágil, inovadora e alinhada com as melhores práticas internacionais”, destaca fonte oficial da Marinha.
O que faz a plataforma da Granter
Vencedora do Pitch da Web Summit 2025, a Granter desenvolveu uma plataforma que, através de inteligência artificial (IA), visa combater a burocracia e acelerar o processo de acesso a fundos públicos, ajudando as empresas a identificar as melhores oportunidades de financiamento, a escrever a candidatura e a gerir o processo pós-aprovação. O projeto com a Marinha começou no verão. “Criámos este agente específico para a Marinha, para eles conseguirem encontrar oportunidades de financiamento mais relevantes e depois apoiá-los na elaboração das candidaturas”, adianta Bernardo Seixas, fundador e CEO da Granter, ao ECO/eRadar.
“Neste momento, temos um modelo de inteligência artificial, um agente, que depois é personalizado consoante o cliente. Olhamos para um cliente como a Marinha ou qualquer outro, inserimos uma série de documentação própria desse cliente e, a partir daí, esse agente está ‘especializado’ dentro dessa empresa. O modelo base que está por trás é um modelo, à falta de outra palavra, genérico, utilizamos esse modelo base para todos os nossos clientes”, explica o CEO da startup.
Criação de Agente IA para Defesa
O próximo passo é caminhar para uma verticalização de Agentes IA. “O nosso objetivo futuro é personalizarmos também estes modelos base consoante o vertical, a indústria. Queremos ter um agente especializado em saúde, um agente especializado em turismo, um em defesa. É isso que nós estamos aqui a tentar trabalhar com alguns dos nossos maiores clientes. E assim, quando vendermos a outras empresas desse vertical, os modelos vão ser muito melhores do que este genérico que temos neste momento”, antecipa o responsável da Granter. Além da Marinha, a startup já trabalhou com a Fidelidade, a Universidade Católica Portuguesa, a Liga Portugal ou a Fundação Aga Khan.
“Colaborar com a Marinha dá-nos uma perspetiva privilegiada sobre as necessidades de um setor crítico como a defesa. É um passo importante para compreender melhor os desafios desta área e guiar o desenvolvimento de um agente de IA que apoie efetivamente o ecossistema de defesa português, tornando-o mais competitivo a nível internacional”, diz ainda.

O projeto está em fase inicial. “Estamos numa fase de piloto, portanto começámos há relativamente pouco tempo e só no fim do piloto é que vamos anunciar os resultados finais desta parceria”, diz Bernardo Seixas, quando questionado sobre os resultados até agora alcançados.
“Os objetivos primários deles eram, em primeiro lugar, encontrar novas oportunidades de financiamento — e aí estamos a ter bastante sucesso — e, em segundo lugar, a elaboração de candidaturas e, nesse caso, a métrica concreta é a poupança de tempo. Sei que, pelo menos, fizeram uma candidatura com uma poupança muitíssimo substancial de tempo. Estamos aqui a falar na casa dos 90%“, detalha. “O piloto tem duração de um ano mas já estamos a falar de uma parceria mais prolongada”, adianta.
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