Relações de confiança

  • Paulo Vaz Tomé
  • 18 Abril 2023

Não se deverá perder a essência que suporta a relação entre cliente e agência, nos momentos decisivos ou críticos: a confiança. E relações de confiança não se compram. Ganham-se com o tempo.

É notório que o mercado da consultoria de comunicação registou uma forte expansão nos últimos anos. Houve um claro crescimento do número e dimensão dos players que decorreu do surgimento de inúmeras novas oportunidades de expansão do negócio. Esta expansão coincidiu com um período de crescimento do investimento empresarial e entrada de novas marcas de setores muito dinâmicos como o imobiliário, turismo, tecnologia, saúde ou serviços financeiros – com novos e desafiantes formatos de banca, seguros e financiamento ao consumo.

Hoje, a oferta de serviço de comunicação neste mercado é vasta e competitiva, competente e diversificada, tanto por parte de marcas internacionais que se vêm instalando acompanhando a expansão de clientes, como, e principalmente, por consultoras de capital nacional com grande notoriedade, fortemente implantadas e conhecedoras do mercado.

Esta nova dinâmica exigiu das empresas de assessoria mediática e relações públicas ofertas ainda mais abrangentes, multidisciplinares e inovadoras, com respostas aos novos desafios da comunicação digital e da Inteligência Artificial, e para a (re)descoberta dos valores e desígnios da sustentabilidade (agora redenominada na sigla anglo-saxónica ESG), que só fazem sentido incorporados na visão do negócio, onde a transparência e a ética se reforçam como valores centrais da cultura empresarial, e consequentemente como argumentos credíveis de comunicação.

Os especialistas em assessoria mediática e comunicação são imprescindíveis para quem decide e gere a reputação de marcas. Não só sobre a melhor forma de promover e valorizar produtos e serviços e a experiência do cliente, mas, de forma decisiva, no apoio à gestão de crises de reputação – cada vez mais imprevisíveis – ou na antecipação de riscos e clarificando incertezas. Esta parceria de confiança e proximidade passa também por outros envolvimentos estratégicos, em que a qualificação e experiência das consultoras (e seus consultores) são essenciais a complementar e enriquecer o know how interno das empresas/organizações, incorporando, desta forma, rapidamente novas competências e ferramentas.

Mais recentemente, tem havido uma tendência para que a oferta de consultoria de comunicação, até há alguns anos bastante repartida por competentes ‘boutiques’ de especialistas com maior ou menor dimensão, se consolide em grandes grupos internacionais de gestão de marketing e comunicação, que integram várias especialidades ou disciplinas da comunicação hoje em profunda transformação ou mesmo disrupção.

Este caminho parece inevitável. Mas não se deverá perder a essência que suporta a relação entre cliente e agência, nos momentos decisivos ou críticos: a confiança. E relações de confiança não se compram. Ganham-se com o tempo.

  • Paulo Vaz Tomé
  • Diretor de comunicação e marca do Novo Banco

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