Negócios +M

Quem são os novos donos d’A Bola?

Rafael Ascensão,

O grupo Ringier, comprador do diário A Bola e do canal A Bola TV, está presente em 19 países europeus e africanos, tem perto de 140 marcas e conta com cerca de 6.400 trabalhadores.

Já é oficial, o grupo suíço Ringier será o novo dono do jornal A Bola, conforme noticiou o +M na última terça-feira, que apurou que o grupo e Mário Arga e Lima, dono d’A Bola e a Bola TV, terão chegado a acordo para a venda do título desportivo português. O negócio marca assim a entrada do grupo suíço no mercado nacional, num segmento onde, para além d’A Bola, atuam também, com edições diárias em papel, o Record (da Cofina) e O Jogo (Global Media Group). Mas, com quase 200 anos de história, quem é afinal o Ringier?

A companhia apresenta-se como um grupo de media “inovador, digitalizado e diversificado”. Opera no continente europeu e africanos e no seu portfólio conta com cerca de 140 marcas de setores que vão desde a imprensa tradicional, jornais digitais e de desporto, a rádio, bilhética, entretenimento ou e-commerce.

Entre o total das marcas, 110 destas são dos setores de media e entretenimento. No portfólio incluem-se títulos como a Auto Bid (Hungria), Business Insider (Polónia), Elle (Roménia) ou Forbes (Polónia).

Entre as marcas desportivas – que serão reforçadas com o jornal A Bola – p grupo tem a Sportal Media Group and Digital Ventures OOD (Bulgária), o Gazeta Sporturilor (Roménia), o Sportal.gr (Grécia), o Sportal.rs (Sérbia) ou o Šport.sk (Eslováquia).

Fundado originalmente como um editora em 1833, em Zofingen, o Grupo tem-se expandindo tem investido no digital nos últimos anos. Em 2022 a empresa contava com cerca de 6.400 trabalhadores, distribuídos pelos 19 países onde está presente, e gerou receitas de 1,010 mil milhões de francos (cerca de 1,04 mil milhões de euros) – o maior montante dos últimos quatro anos. O grupo não está cotado em bolsa.

Atualmente, 79% do seu lucro operacional advém do digital, setor onde a Ringier se apresenta como uma líder entre as empresas de media europeias, afirmando pautar-se por valores como a “independência, liberdade de expressão e espírito pioneiro”.

Na Europa está presente na Suíça, Polónia, Sérvia, Eslováquia, Bulgária, Letónia, Lituânia, Estónia, Hungria, Roménia e, recentemente, na Grécia. Já no continente africano o grupo marca presença no Gana, Quénia, Senegal, Nigéria, Etiópia, Uganda, África do Sul e Costa do Marfim.

Quase 200 anos depois da fundação do grupo, o cargo de presidente do conselho de administração ainda é desempenhado por um membro de família, Michael Ringier. Uli Sigg é o vice-presidente do conselho de administração e Marc Walder o CEO.

Em maio 2022 o grupo adquiriu e incorporou o Sportal Media Group, num negócio que inclui o sportal.bg e Sportal365 (Bulgária), o Gazeta Sporturilor (Roménia), sportal.rs (Sérvia), sportal.hu (Hungria), sport.sk (Eslováquia) e Pulse Sport (África subsariana). Este ano, o grupo lançou na Grécia o Sportal.gr, uma plataforma digital que visa oferecer aos fãs de desporto notícias em formato vídeo, comentários, análises, estatísticas e resultados em direto.

Em setembro do ano passado, o Ringier apostou numa expansão no campo das apostas desportivas, investindo 50 milhões de libras (cerca de 57,9 milhões de euros) – através de um acordo estratégico – no grupo LiveScore, que integra marcas como a LiveScore Bet ou Virgin Bet, conforme divulgado na altura em comunicado.

Sendo o jornalismo uma “parte central do DNA do Ringier” e “continuando a ser a alma e coração do grupo”, o grupo tem ainda uma escola de jornalismo na Suíça – criada em em 1974 – e do “MediaLab”, uma iniciativa de “treino” das equipas editoriais que pretende investir nas marcas jornalísticas do grupo.

A entrada em Portugal dá-se através da Ringier Sport Media Group (RSMG), uma subsidiária Ringier AG fundada no verão do último ano.

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