Mercado global de luxo deve bater recorde ao atingir 1,5 biliões de euros em 2023
As gerações X (24%) e Y (45%) são as que representam a maior parte das compras de luxo atualmente. Contudo, a geração Z (20%) será responsável por entre 25 e 30% do total das compras de luxo em 2030.
Até ao final do ano, o mercado global de luxo deve atingir os 1,5 biliões de euros, num crescimento de 8 a 10% face a 2022, naquele que é um novo recorde no setor, avança o estudo da Bain & Company e da Altagamma.
Segundo o estudo “Luxury Goods Worldwide Market Study – Fall 2023”, o crescimento que se tem verificado este ano é consistente com a taxa registada em 2022, traduzindo-se num aumento de cerca de 160 mil milhões de euros gastos em diferentes categorias de luxo.
Embora as alterações geopolíticas e macroeconómicas que se têm verificado, “o mercado de luxo provou ter uma resiliência sem paralelo até agora”, refere o estudo, com os bens de luxo pessoais, enquanto fator-chave, a registar um crescimento contínuo em 2023.
Na verdade, prevê-se que o mercado de bens de luxo pessoais atinja os 362 mil milhões de euros até ao final do ano, num valor 4% acima de 2022 (349 mil milhões). Contudo, com base nos cenários atuais, o estudo prevê um abrandamento no desempenho dos bens de luxo pessoais em 2024, perspetivando que o mesmo alcance os 365 mil milhões de euros. Numa subida constante, o estudo prevê ainda que em 2030 este mercado em específico atinja um valor entre os 540 e os 580 mil milhões de euros.
Dentro do mercado de bens de luxo pessoais, todas as categorias apresentam crescimento, segundo o estudo, para o que contribui a “contínua subida dos preços”, algo que no entanto “prejudica parcialmente os volumes”.
Enquanto os mercados de joalharia e pronto-a-vestir cresceram cerca de 5 a 6%, devendo atingir, respetivamente, os 30 mil milhões e os 79 mil milhões de euros em 2023, a cosmética cresce cerca de 4 a 5%, para 72 mil milhões.
“Apesar da crescente polarização em torno de poucos vencedores da indústria” os relógios também continuam a crescer (3 a 4%, para 55 mil milhões), assim como os artigos em pele, embora este crescimento (3 a 4%, para 81 mil milhões) comece a abrandar “depois de um desempenho superior nos últimos anos”.
A categoria do calçado é mesmo a que apresenta o crescimento mais pequeno, entre 2 e 3%, prevendo-se que atinja os 28 mil milhões até ao final do ano.
Superior ao setor de bens de luxo pessoais, o setor automóvel de luxo representa cerca de 635 mil milhões de euros, enquanto a indústria hoteleira deve valer 213 mil milhões até ao final do ano. Já o setor das bebidas representa 100 mil milhões, a comida 69 mil milhões, o setor mobiliário e de artigos para a casa 53 mil milhões, a arte 42 mil milhões, os jatos e iates privados 29 mil milhões e os cruzeiros de luxo 4 mil milhões.
Ao estarem nos seus anos de pico de rendimento, as gerações X – nascidas entre 1965 e 1980 – (24%) e Y (45%) são aquelas que representam a maior parte das compras de luxo. Contudo, a geração Z – que representa atualmente 20% – será responsável por entre 25 e 30% do total das compras de luxo em 2030, contra os 50/55% dos nascidos entre 1980 e 1995 (geração Y).
A geração Z, mais jovem, está também “na vanguarda da mudança social e cultural, inspirando os sistemas de valores intergeracional, com um forte desejo de viver experiências e por um significado”, refere-se no estudo. Na verdade, os gastos em experiências recuperaram este ano para máximos históricos, impulsionados pelo “ressurgimento das interações sociais e das viagens”.
Geograficamente, em 2030, os clientes chineses representarão entre 35 a 40% do mercado de bens de luxo pessoais, antecipa o “Luxury Goods Worldwide Market Study – Fall 2023″, enquanto os europeus vão contribuir com 16 e 18% e os americanos com 22 a 24%.
“Este é um momento decisivo para as marcas, e os vencedores vão distinguir-se através da resiliência, relevância e renovação, os princípios básicos da nova equação do luxo centrada no valor. O mercado de luxo está a gerar um crescimento positivo para 65-70% das marcas em 2023, face aos 95% em 2022. Para permanecerem em jogo, é crucial que as marcas tomem decisões ousadas em nome dos seus clientes“, refere Claudia D’Arpizio, autora do estudo e partner da consultoora Bain & Company, citada em comunicado.
Já Cira Cuberes, partner da Bain & Company, considera que o mercado “está preparado para um crescimento a longo prazo, assente em fundamentos sólidos” e que “capturar e ampliar o potencial do mercado será fundamental, já que uma convergência clara entre os mercados de luxo permite uma maior expansão”.
“Os players têm a oportunidade, mas também a responsabilidade, de reforçar o seu significado, ao mesmo tempo que aproveitam as fusões e aquisições estratégicas para redefinir os limites da indústria“, acrescenta.
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