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“A desinformação vai aumentar. Há uma polarização brutal nas próximas eleições”

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O "combate às fake news num contexto de crescimento da informação online", juntou no Estúdio ECO Ana Rocha de Paiva (Google), Fernando Esteves (Polígrafo) e Gustavo Cardoso (Iberifier e ISCTE).

Estou absolutamente convencido que a desinformação vai aumentar. Há uma polarização brutal nas próximas eleições, haverá um exercício de radicalização em termos de opiniões. Temos espetro político muito fracionado e há uma grande necessidade por parte dos partidos de se diferenciarem. Quando assim é, o resultado é sempre muita informação, muita informação contraditória”.

A convicção de Fernando Esteves, fundador e diretor do Polígrafo, o primeiro jornal digital de verificação de factos do país, faz eco nas opiniões de Ana Rocha de Paiva (gestora de programas de inovação e desenvolvimento para os media da Google) e de Gustavo Cardoso (coordenador do Iberifier – Observatório Ibérico de Meios Digitais e da Desinformação de Espanha e Portugal e professor do ISCTE).

No entanto, o problema da desinformação ultrapassa em larga escala o espectro político ou doutrinário. “Estamos a viver numa época de autenticidade individualizada. Temos a autenticidade de base factual, que é a que vem das notícias e é produzida pelos jornalistas, e depois temos a autenticidade que tem a ver com as opiniões e valores de cada um de nós“, resume Gustavo Cardoso.

Ou seja, “conseguimos dizer o falso sem estar a mentir, por desconhecimento do autêntico”, o que acrescenta mais uma camada à complexidade que envolve o tema da desinformação. “A desinformação diria que é uma espécie de subproduto da forma de comunicar que temos, que é uma comunicação em rede, já não é uma comunicação de massas como era no século XX”, descreve o coordenador do Iberifier.

E se é certo que a desinformação — embora com não se chamando assim — sempre existiu, “agora é mais rápido, talvez mais rápido do que conseguimos acompanhar”, constata Ana Rocha de Paiva. A discussão, pode colocar-se então nas ferramentas e atitudes — de jornalistas, plataformas e cidadãos — para um combate a priori, mas também a posteriori. “É um combate inglório porque sabemos que nunca a poderemos erradicar, mas é uma oportunidade brutal para aprendermos, melhorarmos e tentarmos mitigar os efeitos da disseminação das fake news, em parceria com a sociedade civil, com os próprios jornalistas, com outras organizações e, dentro da indústria tech, em parceria com outras empresas”, acrescenta a responsável da Google. Balancear o que é o conteúdo de qualidade elevada, com a subjetividade do próprio utilizador “é para nós, enquanto plataforma tecnológica, o maior desafio”.

Pode assistir aqui à talk “Combate às fake news num contexto de crescimento da informação online”, a segunda do ciclo ECO Media Focus.

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